CAP 19

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Elas voltam a seu dialogo e eu escapo para fora assim que vejo uma oportunidade, me encosto contra a parede, sinto que vou pirar com o que estou lembrando.

Respiro fundo e olho para o céu, ele tem uma tonalidade alaranjada, vai anoitecer daqui a pouco.

Olho para os lados, não há mais ninguém fora de casa que eu possa ver, talvez seja melhor assim, não gostaria de ter de lidar com aqueles olhares no momento.

Uma brisa me atinge, sinto um cheiro doce, talvez estejam fazendo comida por aqui? Bom, qualquer coisa que me distraia vale a pena.

Sigo o cheiro, não parece com comida na verdade tá mais pra um perfume, seria possível que fosse uma flor gigante?

O rastro perfumado acaba em uma casa, não há nada nela que a difere das outras, exceto por esse aroma. Afasto a cortina colorida e adentro a pequena casa, exceto por uma vela ao canto a casa é escura, me movo até o segundo e também último cômodo.

Há apenas uma cama com uma mulher deitada, sua respiração audível, mas relaxada, ela segura algo nos braços e olha pra mim enquanto me aproximo.

- é um menino _sua voz é rouca e fraca, mas sorri enquanto diz.

Perto o bastante para ver, há um bebê em seus braços, a fonte do aroma, passo a mão em seu rosto e ele se mexe um pouco, mas não acorda.

- sempre achei que bebês tem cara de joelho _levanto a cabeça olhando a mulher deitada, mas a voz veio de trás de mim.

Me virando vejo a silhueta escura de uma mulher alta, mas não teria como não reconhece-la mesmo que quisesse, é ela, a mulher no beco ou o que quer que fosse isso.

- me ouviu? _ela dá um passo a frente e eu para trás esbarrando as pernas na madeira da cama, não posso ver seu rosto nesse escuro, mas sei que ela sorri.

- o-o que faz aqui?! _tento manter a calma e torço para que ela não possa me ver tremer nessa escuridão, como se minha voz já não entregasse o desespero se formando em mim

- ho não tenha tanto medo, já notei que mata-la não vai ser algo tão fácil, mas não se preocupe, isso só deixa as coisas mais divertidas para mim

O que ela disso mesmo? Não ter medo?!

Ela dá outro passo para frente, mas a mulher atrás de mim se vira e faz algum barulho estranho, ela tá com dor?!

Segundos depois ouço rosnados fora da casa, a mulher ainda cansada volta a respirar pesadamente, mas consigo ver um sorriso triunfante em seu rosto.

- SUA VADIA! _entrando em estado de choque, só pude olhar parada enquanto ela gritou e pulou para cima da mulher atrás de mim.

Mas antes de chegar a qualquer uma de nós, uma garra a rasgou e ela sumiu se dissipando no ar, atrás dela estava uma garota, seus olhos amarelos brilhando no escuro ela jogou a cabeça para trás e eu finalmente percebi que som era aquele, era um uivo

- vocês estão bem? _sua voz preocupada me acalma um pouco, aos poucos me lembro de como respirar e puxo todo o ar que poço para meu corpo sem me importar com o olhar de preocupação da garota.

Saímos da pequena casa, o lado de fora estava cheio de pessoas, algumas segurando tochas para ver melhor no breu.

- o que ocorre aqui? _a senhora da aldeia saiu da multidão dando seus passos vagarosos até nós.

A mulher saiu da casa ainda segurando o bebê comigo logo a trás.

Um homem correu a ela, abraçando a mulher e a criança enquanto falava algo sobre não deixá-la mais sozinha e uma sequência de pedidos de desculpas.

- era uma sombra, veio aqui para nos assustar. _a outra mais a nossa frente falava com a senhora, era a mesma garota que vi após acordar se não me engano.

Então a pequena multidão começou a abrir caminho para alguém passar, claro, sempre com esse tom de superioridade.

Morte veio praticamente desfilando até mim, ou talvez eu ainda esteja drogada pelos remédio, não sei, não prestei atenção quando falavam sobre isso.

Ela parou na minha frente segurando meu rosto e conferindo se não tenho machucados.

- você está bem? - ela sempre teve esse brilho envolta dela?

Confirmo com a cabeça e ela parece aceitar a resposta se virando para a senhora.

- já os avisei, devem chegar aqui amanhã então saímos, mas é claro que irei ajudar com o que precisar.

- vocês serão sempre bem vindas aqui.

- nem sempre na verdade, só se for em visitas casuais sabe, sem esse negócio de que um de nós tá morrendo e taus. _a garota fala se aproximando das duas, com um sorriso amigável.

Morte a ignora e se volta para mim, dando outra revisada a procura de machucados.

- você deveria ir dormir agora, amanhã pode nos contar o que aconteceu.

- eu a vi novamente _sorte minha que Mor pareceu entender de primeira, ficaria muito desconfortável se tivesse de explicar do que tô falando.

- como? Aqui? Mas ela não poderia vir sem os outros perceberem.

- não era um "ela" era uma sombra, sem cheiro, não dá de rastrear. _Mor desvia sua atenção a garota cujos olhos já não estão mais amarelos e sim castanhos.

 A Amante Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora