Estava angustiada, a viagem demorou muito, e queria chegar logo em casa para ver Tay.
Quando a carruagem parou, praticamente pulei para fora e corri em direção a casa, ouvi Mor falar algo, mas não entendi o quê.
Quando atravessei a porta senti braços ao meu redor me dando um abraço mais que apertado.
- você chegou! E viva! _ele se afasta de mim, seu olhar percorrendo todo meu corpo. - você tá viva né?
- é claro que ela está _Mor se aproxima de nós e Tay me dá outro abraço apertado.
- vocês não imaginam a preocupação em que me deixaram.
- vocês deveriam ver o estoque de biscoitos que esse aí fez _Sebastian passa por nós indo em direção a cozinha.
- não ligue pra ele, eu deveria ter mandado uma carta mais especifica sobre como estávamos. _Mor se aproxima pondo uma mão em seu ombro.
- realmente, dizer que a encontrou, pedir para buscá-las e mandar a localização não é algo muito detalhado sabe, poderia ter dito, "olha, ela tá bem, aconteceu nada de mal não e estamos voltando de carruagem por que quero voltar no luxo".
- que besteira, ela é a Morte, não há nada de errado em seus métodos de aviso. _Sebastian volta a sala carregando um pote com biscoitos.
- Sebastian! _ele encolhe os ombros e se cala sentando no sofá. - e quanto a "nada ter acontecido", precisamos conversar sobre algo. _ Mor parecia bem séria fazendo Tay se desligar do abraço.
- certo, mas primeiro, vocês precisam de um banho para relaxarem da viagem, eu vou preparar a banheira, após isso falamos. _Mor concorda e Tay sai da sala atravessando uma parede, as vezes esqueço que ele é um fantasma e acho que vai apenas bater com a cara na mesma.
Terminei o banho, vesti algo que Tay deixou para mim e bagunçava um pouco o cabelo para secar mais rápido enquanto descia as escadas em direção a sala.
Todos já estavam sentados, me encostei perto da lareira esperando que o calor faça meu cabelo secar mais rápido antes que molhe todo o vestido rosado que estou usando.
- então, pode começar. _Tay se inclina para frente na poltrona e Mor respira fundo se ajeitando no sofá.
- quando a encontrei, Haya acabou desmaiando de exaustão, parece que uma criatura a fez andar sem rumo pela floresta por todo esse tempo, a levei para uma vila de licantropos e a velha Olga se prontificou em cuidar dela. Só que ela deu algum remédio de licantropo para Haya que tem certos efeitos colaterais.
- pera, ela drogou minha menina?! _Tay se levanta abruptamente da poltrona.
- calma, é mais complicado que isso, não sabemos bem como os efeitos reagem em uma humana, então não podemos dizer ao certo. Os efeitos mais perceptivos foram sua mudança em seu modo de agir.
Então os três olharam pra mim, talvez esperando que eu fizesse algo bizarro ou desce uma cambalhota no ar, mas eu apenas sai de perto da lareira e fui me sentar em outra poltrona esperando os olhares secarem.
- não vejo realmente nenhuma mudança nessa garota, ainda parece não ter nada de especial _Morte e Tay lançaram um olhar irritado a Sebastian, quase ri com sua cara de frustração.
- isso é tudo que devemos saber? Se sim podem ir comer o...
- espere! Isso não é tudo, havia uma coisa lá, como a chamaram mesmo? _olhei para Mor esperando que ela ajudasse a dizer.
- uma sombra, uma sombra tentou intimidar Haya, achamos que foi o que aconteceu em seu primeiro dia aqui.
Tay arregala os olhos pensando um pouco antes de falar.
- por isso não senti presença nenhuma aqui, droga, isso foi viu, uma sombra não poderia machucá-la, mas poderia assustar uma criança que não sabe disso.
- significa que ela já sabia que a garota estava vindo para cá, mas porquê se mostrar tão dramaticamente assim nos fazendo entender o que aconteceu? _até mesmo Sebastian sabe falar algo para contribuir nesse diálogo e tudo o que consigo fazer é ficar quieta enquanto eles tentam entender algo que para mim apenas faz dar voltas e voltas na minha cabeça.
- porquê até agora não entendemos nada. _olhamos para Mor que suspirou antes de continuar. - é sem dúvidas um demônio possuindo um corpo humano e tudo o que temos são pistas que ele mesmo nos deu, não sabemos de nada.
Tento ficar ereta na poltrona, minhas mãos apoiadas em meus joelhos enquanto tento acompanhar o raciocínio deles, gostaria de ser mais útil nisso.

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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?