Me recupero como posso tentando a alcançar, mas ela se levanta primeiro e se afasta de mim, fico parada sem entender, até ver o sorriso travesso em seus lábios.
- o que está fazendo? _ela não diz nada até começar a cantarolar.
E então fico estática, apenas a observando enquanto ela se perde na própria cantiga e mexe seu corpo a um ritmo que só ela sabe.
Suas mãos levantando ao ar, sua cintura balançando, seus olhos fecham enquanto se perde mais e mais.
Nunca vi essa dança e é um pouco difícil acompanhar quando a música está com ela também, mas sei que nunca vi algo tão bonito antes.
Meu olhar vidrado em suas curvas, quase não me importando com o vento frio contra minha pele ou a madeira áspera aonde minhas costas repousam.
Ela se aproxima ainda em seu ritmo, me ajeito enquanto ela se senta em meu colo, seu rosto se aproximando do meu enquanto ainda cantarola.
Minhas mãos seguram sua cintura, descendo e subindo de lá para sua bunda, mas o barulho de pássaros nos atrapalha.
Ela para sua melodia olhando atentamente para a floresta, sigo seu olhar, pássaros fogem de lá.
- vista-se, vou ver o que é isso. _Mor já está de pé trazendo suas asas para fora e me dando um último olhar antes de alçar vôo para a floresta - eu já volto.
E fico lá, no meio do nada e besta olhando para onde ela foi depois de ter feito essas preliminares.
- ótimo, isso tinha de acontecer bem agora _me ajeito abraçando meus joelhos e encaro o nada por um tempo.
Talvez cinco ou dez minutos depois já estou vestida dando voltas pela árvore enquanto espero Mor voltar, mas até agora nada.
- ei! garota! _ouço essa voz fina ao longe, mas a pequena figura se aproximando é fácil de identificar.
- oh não, não novamente _a pequena fadinha finalmente chega, mas ela não para, ainda voando de um lado a outro parecendo um brinquedo que deram corda.
- preciso de sua ajuda! Rápido! _suas pequenas mãozinhas agarram a barra de meu vestido e ela me puxa para frente com a pouca força que possui.
- não _finco meus pés no chão enquanto ela se vira para mim com um rosto um tanto desesperado.
- por favor, ele está morrendo! _vejo seus olhos amarelos sem pupila encherem de água enquanto olha para mim.
- droga _quando me tornei tão fraca para pedidos chorosos?!
O caminha demorou um pouco o que me faz pensar o quanto está pequena criatura deve ter voado até me encontrar.
Olho para trás algumas vezes, Mor vai ficar preocupada no mínimo, mas continuo em frente tirando alguns galhos do meu caminho, cada passo é receoso, não gosto de estar dentro dessa floresta, mas a pequena fadinha continua falando para me manter atenda a onde ela está, ou apenas não quer calar a boca mesmo.
- é aqui, ele está aqui, por favor o ajude _quando percebo estamos em uma área até livre de árvore ainda que as folhas tapem razoavelmente o céu.
Olho em volta, mas vejo apenas plantas e galhos secos, algumas pedras e um riu perto de onde estamos, mas sem seres vivos.
- mas ajudar quem? _me viro para a fadinha e ela me olha como se eu tivesse problemas de visão, nunca vi um olhar desses, mas tenho certeza de que é como o que ela está me dando agora.
Ela voa até o meio das plantas secas as tocando, algumas folhas caem a seu toque.
- ele
- e o que exatamente eu deveria fazer?
- não sei, falar com a Morte? Peça para que ela não o leve! Ela pode fazer isso! _pensei em contar sobre Mor não ter esse poder, mas talvez seja uma vantagem que não saibam.
- não sei onde ela está, desculpe
- mas, mas e se _ela olha para um galho seco negando com a cabeça. - não, ela provável apenas o levará mais rápido se a chamarmos aqui. _suas finas orelhas se abaixaram enquanto uma grossa lágrima escapava de seus olhos.
- talvez...apenas talvez, eu possa ajudar _seus olhos me encaram as lágrimas os fazendo brilhar.
- como? _um soluço a cortou antes que dissesse algo mais
- deixe-me curá-lo _aperto minhas mãos tentando transmitir certeza em minha fala, ainda que eu mesma não creia se realmente posso, mas são apenas plantas, não pode ser algo tão difícil.

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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?