CAP 25

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Balanço meus pés no ar enquanto estou deitada de bruços na cama, não fiquei ouvindo aquela conversa por muito tempo, não tinha nada a contribuir e eles não iam a lugar algum.

Tento dormir, mas o sono não vem, me viro e desviro na cama até finalmente desistir e me levantar, meus pés descalços contra a madeira do piso, paro a frente da janela cogitando a ideia de se deveria ou não abri-la.

- o que faz acordada? _me assusto e viro a cabeça tão rápido que fico tonta por um momento.

- eu, não consegui dormir _Mor tem a mania de aparecer no canto mais escuro do quarto e seu gosto por roupas pretas não ajuda muito a localizála na escuridão.

- eu terei de sair, queria te avisar caso não volte pela manhã _ela se aproxima ficando ao lado da cama.

- devem estar uma bagunça sem você para ordena-los _ela sorri com a brincadeira ainda que negue com a cabeça.

- eles são bons em se virar sozinhos.

Saio de perto da janela indo a seu encontro, pondo os braços envolta de seu pescoço e me apoiando na ponta dos pés para alcança-la.

- seria muito egoísmo de minha parte pedir que volte logo?

- talvez _suas mãos seguram minha cintura.

- então vou apenas deixar uma lembrança para que queira voltar.

Aproximamos nossos corpos, os lábios se tocando vagarosamente até que virasse um beijo mais profundo e então me separando de seus abraço.

- então, acho que te vejo daqui a pouco? _ela demorou alguns segundos até retomar sua compostura e me lançando um sorriso de lado.

- suponho que sim.

Voltou a se aproximar de mim segurando meu rosto para me beijar novamente e então desaparece antes que seus lábios estejam próximos aos meus, me desequilibrando um pouco.

- vingativa ela _sorri e me sento na cama pronta para uma nova tentativa de pegar no sono.

- um casal tão fofo, uma pena que ela posso esconder tanto de você.

Levanto novamente em um pulo, olho ao redor, o quarto iluminado apenas pela luz que passa pelas frestas da janela.

- quem está aí?! _a voz era feminina o que aumenta meu calafrio quando penso que não pode ser nada de bom.

- ora lindinha, vai dizer que realmente esqueceu de mim? _o breu do quarto se molda formando um corpo até ficar o mais parecido com uma pessoa e por fim ganhar cor.

Tento me afastar mas as costas dos meus joelhos batem contra a cama e apenas caio sentada na mesma.

- eu-eu sei que não pode me machucar, você é apenas uma sombra, não é tocável! _ela da um sorriso de canto, isso não deve ser bom sinal.

- bom, alguém aqui está aprendendo uma coisa ou outra

- posso gritar e chamar alguém!

- mas assim nunca vai saber o porquê estou aqui, além disso, não poderia te machucar não é? Sou apenas uma sombra.

Ela tem um ponto e claro, minha curiosidade é maior que minha pulsão de vida.

Me ajeito melhor na cama ainda que não consiga ficar com a coluna ereta por muito tempo sem apoio nas costas, ela não sai do lugar, em pé a minha frente com olhos atentos a cada movimento meu.

- pois bem, diga o que quer comigo. _ela sorri satisfeita

- em princípio pensei em mata-la para me poupar tempo _recuo para trás, coisa que não passou despercebido por ela.

- mas isso foi claramente um erro, não deveria tela assustado daquela forma, já que meus assuntos não são com você. _levanto uma sobrancelha, quer dizer, jura?! Aí cê percebeu isso sozinha?

- então o que faz aqui se não tem assunto algum comigo?

- para esclarecer as coisas, não tenho assuntos diretos com você, mas posso desestabiliza-la para afetar minha inimiga

- e como pretende fazer isso já contando seu objetivo?

- usando a verdade a meu favor _ela dá um sorriso afiado e assustador que me faz ter de segurar um arrepio, se é que isso é possível.

Cruzo os braços tentando afastar qualquer possibilidade de acreditar em qualquer coisa que ela fale.

- se não acreditar em mim, basta perguntar diretamente as pessoas desta casa, mas você sabia que Morte matou seus pais, literalmente?

Fico boquiaberta, até voltar a realidade e perceber com quem estou falando, como Mor a chamou? Demônio? Isso, é um demônio possuindo um corpo inocente.

- e porquê eu deveria acreditar em você?

- porquê você deve se lembrar, não? de seu pai, afinal, você estava lá aquela noite mesmo que tenha se forçado tanto a esquecer, pobre criança, ter de ver sua amiguinha imaginária assassinar seu próprio pai a sangue frio, bem na sua frente.

Começo a sentir uma forte falta de ar, minha cabeça doí, tudo parece rodar, como ela fez isso?!

- pobre garota, está tendo um ataque histérico? _ouço sua rizada cada vez mais ao fundo. Do que diabos ela está falando?! - não me culpe por isso sim? Afinal, é você quem está fazendo isso consigo mesma, a mente humana é tão interessante quanto a esconder memórias desagradáveis não é?

 A Amante Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora