Balanço meus pés no ar enquanto estou deitada de bruços na cama, não fiquei ouvindo aquela conversa por muito tempo, não tinha nada a contribuir e eles não iam a lugar algum.
Tento dormir, mas o sono não vem, me viro e desviro na cama até finalmente desistir e me levantar, meus pés descalços contra a madeira do piso, paro a frente da janela cogitando a ideia de se deveria ou não abri-la.
- o que faz acordada? _me assusto e viro a cabeça tão rápido que fico tonta por um momento.
- eu, não consegui dormir _Mor tem a mania de aparecer no canto mais escuro do quarto e seu gosto por roupas pretas não ajuda muito a localizála na escuridão.
- eu terei de sair, queria te avisar caso não volte pela manhã _ela se aproxima ficando ao lado da cama.
- devem estar uma bagunça sem você para ordena-los _ela sorri com a brincadeira ainda que negue com a cabeça.
- eles são bons em se virar sozinhos.
Saio de perto da janela indo a seu encontro, pondo os braços envolta de seu pescoço e me apoiando na ponta dos pés para alcança-la.
- seria muito egoísmo de minha parte pedir que volte logo?
- talvez _suas mãos seguram minha cintura.
- então vou apenas deixar uma lembrança para que queira voltar.
Aproximamos nossos corpos, os lábios se tocando vagarosamente até que virasse um beijo mais profundo e então me separando de seus abraço.
- então, acho que te vejo daqui a pouco? _ela demorou alguns segundos até retomar sua compostura e me lançando um sorriso de lado.
- suponho que sim.
Voltou a se aproximar de mim segurando meu rosto para me beijar novamente e então desaparece antes que seus lábios estejam próximos aos meus, me desequilibrando um pouco.
- vingativa ela _sorri e me sento na cama pronta para uma nova tentativa de pegar no sono.
- um casal tão fofo, uma pena que ela posso esconder tanto de você.
Levanto novamente em um pulo, olho ao redor, o quarto iluminado apenas pela luz que passa pelas frestas da janela.
- quem está aí?! _a voz era feminina o que aumenta meu calafrio quando penso que não pode ser nada de bom.
- ora lindinha, vai dizer que realmente esqueceu de mim? _o breu do quarto se molda formando um corpo até ficar o mais parecido com uma pessoa e por fim ganhar cor.
Tento me afastar mas as costas dos meus joelhos batem contra a cama e apenas caio sentada na mesma.
- eu-eu sei que não pode me machucar, você é apenas uma sombra, não é tocável! _ela da um sorriso de canto, isso não deve ser bom sinal.
- bom, alguém aqui está aprendendo uma coisa ou outra
- posso gritar e chamar alguém!
- mas assim nunca vai saber o porquê estou aqui, além disso, não poderia te machucar não é? Sou apenas uma sombra.
Ela tem um ponto e claro, minha curiosidade é maior que minha pulsão de vida.
Me ajeito melhor na cama ainda que não consiga ficar com a coluna ereta por muito tempo sem apoio nas costas, ela não sai do lugar, em pé a minha frente com olhos atentos a cada movimento meu.
- pois bem, diga o que quer comigo. _ela sorri satisfeita
- em princípio pensei em mata-la para me poupar tempo _recuo para trás, coisa que não passou despercebido por ela.
- mas isso foi claramente um erro, não deveria tela assustado daquela forma, já que meus assuntos não são com você. _levanto uma sobrancelha, quer dizer, jura?! Aí cê percebeu isso sozinha?
- então o que faz aqui se não tem assunto algum comigo?
- para esclarecer as coisas, não tenho assuntos diretos com você, mas posso desestabiliza-la para afetar minha inimiga
- e como pretende fazer isso já contando seu objetivo?
- usando a verdade a meu favor _ela dá um sorriso afiado e assustador que me faz ter de segurar um arrepio, se é que isso é possível.
Cruzo os braços tentando afastar qualquer possibilidade de acreditar em qualquer coisa que ela fale.
- se não acreditar em mim, basta perguntar diretamente as pessoas desta casa, mas você sabia que Morte matou seus pais, literalmente?
Fico boquiaberta, até voltar a realidade e perceber com quem estou falando, como Mor a chamou? Demônio? Isso, é um demônio possuindo um corpo inocente.
- e porquê eu deveria acreditar em você?
- porquê você deve se lembrar, não? de seu pai, afinal, você estava lá aquela noite mesmo que tenha se forçado tanto a esquecer, pobre criança, ter de ver sua amiguinha imaginária assassinar seu próprio pai a sangue frio, bem na sua frente.
Começo a sentir uma forte falta de ar, minha cabeça doí, tudo parece rodar, como ela fez isso?!
- pobre garota, está tendo um ataque histérico? _ouço sua rizada cada vez mais ao fundo. Do que diabos ela está falando?! - não me culpe por isso sim? Afinal, é você quem está fazendo isso consigo mesma, a mente humana é tão interessante quanto a esconder memórias desagradáveis não é?

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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?