CAP 30

2.3K 254 9
                                    

estava em uma sala escura, sem conseguir ver um palmo a minha frente.

- será mesmo possível? _olho ao redor quando escuto vozes ao longe.

- eu mesma sempre desconfiei! _pareciam estar correndo a minha volta

- ela sempre foi uma garota estranha _cada vez mais alto e mais perto.

- o doutor deveria tela levado quando sugeriu isso. _não conheço essas vozes, mas me sinto mal as ouvindo.

- mas daí matar o próprio pai

Acordo com um grito saindo de minha garganta, pondo as mãos no olhos que ardem, estão molhados e provavelmente inchados.

Olho ao redor, minha visão aos poucos se acostumando com o quarto escuro, demoro a perceber onde estou, mas me lembro bem deste quarto e as belas flores que insistem em introduzir vida a ele.

Ao meu lado tem uma jarra de água no criado mudo junto a uma bandeja com frutas e então me dou conta de que estou morrendo de fome.

Me inclino para pegar uma maçã e a porta é escancarada me fazendo dar um sobressalto na cama.

- alguém entrou?! _Mor aparece se pondo em alguma posição de combate com sua espada em mãos.

Seu olhar cauteloso varre o quarto até parar em mim.

- o que aconteceu? _sua voz é mais suave, porém ainda em posição de combate.

Tento falar, mas minha garganta arranha e pego um como de água entes que comece a tossir sem parar.

- eu...tive um pesadelo.

- oh _ela de alguma forma guarda sua espada e se aproxima, mas para no meio do quarto parecendo desconfortável.

- o que foi? _falo entre uma mordida e outra da maçã

- nada

- por quanto tempo dormi? _olho minhas roupas, mas não tenho certeza se são diferentes ou as mesmas do dia anterior.

- um dia inteiro _me engasgo com a maçã, sinceramente, porquê ainda me espanto com isso?

As vezes sinto que passo mais tempo dormindo do quê acordada.

- você está bem? _Mor vem para meu lado em um piscar de olhos, bebo um pouco mais de água até a tosse passar.

- sim, sim, não vai ser uma maçã que vai me abater _rio pra mim mesma, mas sei que não é só disso que ela perguntou.

- na verdade, eu me sinto bem melhor, claro que, ainda um pouco desanimada, mas... não sei, mais leve? _Seus ombros relaxam visivelmente e lhe dou espaço para que se sente ao meu lado.

- e sobre o que era seu pesadelo? _ela se senta meio receosa, mas sorrio em uma tentativa de relaxa-la

- na verdade, já não lembro mais _dou um sorriso constrangido, mas realmente não me lembro do que sonhei.

Mudo minha atenção para o quarto, procurando algo para comentar, não quero parar de falar agora, já passei um dia inteiro sem falar.

- sabe, você deveria descer e ter uma refeição de verdade. _me espanto um pouco voltando a atenção para Mor.

Olho minha maçã já na metade e com certeza ela não é o suficiente para aguentar a manhã inteira.

- tem razão.... ei, mas porquê Tay não veio?

Parece uma pergunta sem sentido, mas o conheço bem para saber que ele entraria em um piscar de olhos se me ouvisse gritar, Tay é como um irmão mais velho super protetor afinal.

Mor demora um pouco a responder, claramente tentando entender minha pergunta imprecisa.

- porquê ele não pode? Tem uma barreira em volta do quarto, nada pode entrar sem minha permissão, bom, nada com consciência ao menos.

Aceno fingindo estar entendendo do que ela fala, mas o básico eu peguei.

- então você não gosta de ter uma barreira na casa, mas mantém uma em seu quarto? _eu com certeza a deixei constrangida.

- por privacidade na verdade, não gosto que invadam meu espaço pessoal.

E aqui estou eu, sentada em sua cama como se fosse minha e ela ainda tenta me deixar confortável em seu lugar particular, como pude duvidar dela? de que ela poderia ter realmente tentado matar meu pai a sangue frio.

E novamente meu humor decai com esse pensamento, ele estava louco, aquilo fez ele ficar assim, ele iria me matar...

Volto ao presente com um toque gentil em meu ombro, Mor provavelmente vai dizer novamente sobre minha refeição matinal ter de ser mais nutritiva que uma maçã, mas a abraço antes que diga algo.

- o que...

- acho que é algum efeito daquele remédio _a frase não deve fazer sentido nenhum pra ela, mas é minha melhor explicação de porquê de repente sinto um grande vazio no peito.

Mor retribui o abraço me fazendo um cafuné, se eu não tivesse passado um dia inteiro dormindo e precisasse ver o sol um pouco, eu com certeza dormiria agora.

- então, vamos descer ou posso ficar aqui empolada nos seus braços? _eu falo brincando, mas ela realmente leva a questão por um momento e não deixo de sorrir com isso.

- você sabe, fico cada vez mais confusa com suas mudanças de humor.

Nós levantamos indo para a cozinha, e nem me espanto mais em ser atingida por um abraço de urso assim que chego e quando vejo a comida percebo o quão faminta estou.

- uau, essa aí sabe aproveitar uma refeição _Clarisse está comendo o café conosco e aparentemente acordei tecnicamente cedo para o café, e essa garota come quase tão vorazmente quanto eu agora.

Vejo Tay encostado no balcão fingindo não estar orgulhoso da comida que preparou.

- então, ninguém vai mesmo falar nada sobre os gritos? é sério?! _Sebastian bate uma mão na mesa indignado ainda que por um momento posso ter visto preocupação em seu olhar

O humor diminui um pouco, eles deveriam estar mesmo se esforçando para me deixar mais confortável, mas não sou um jarro que pode se quebrar a qualquer momento e não vou deixar que pensem assim de mim.

Me levanto chamando a atenção de todos e falo antes que tentem acalmar a situação.

- Sebastian tem razão, não sou uma garota frágil que tem de ser protegida o tempo todo e muito menos alguém que os faz ter medo de me fazer chorar, então por favor, apenas me tratem como sempre trataram, apenas sua amiga.

Me sento após o pequeno discurso, eu pretendia sair da sala de cabeça erguida, mas esse café da manhã tá tãaao bom.

 A Amante Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora