cap 4

5.4K 565 144
                                        

O mundo começou como um borrão,  claro demais para ver, mas logo foi ganhando forma até que pudesse reconhece-lo como sendo um teto.

- um teto? _não era a imagem habitual que tinha ao acordar, na maioria das vezes acordava com o sol esquentando o rosto e a calçada que ficava quente rapidamente pela manhã, outras vezes com chuvas grossas, a última vez que acordou com um teto sobre sua cabeça foi quando dormiu debaixo de uma ponte, mas não foi muito agradável, ainda sentia os peixes pulando do rio para cima dela.

Olhando ao redor percebeu estar em um quarto, o quarto do qual acordou dia anterior, mas não se lembrava de ter ido dormir, nem de ter trocado de roupas e muito menos de uma coruja a observando ao pé da cama. O animal ao ser notado alçou voo passando pela porta aberta do quarto, em direção ao corredor.

A garota se sentou na cama, mal teve tempo de se espreguiçar quando uma sombra entrou no quarto e com ela, vinha um calafrio como se o ambiente ficasse mais pesado.

-Haya! Você está bem? Sente alguma dor, está machucada? _as perguntas não faziam sentido em sua cabeça, machucada? Com dor? Porque deveria sentir dor? E em uma fração de segundos toda a memória do dia anterior veio em sua mente, o grito a expulsando, a floresta, a fera e ela a mulher a sua frente.

- Mor...

A mulher parou bruscamente a encarando. Mantendo contato visual e com toda a coragem do mundo finalmente perguntou, a pergunta que nunca fez a ela a que sempre temeu a resposta.

- quem realmente é você?

Silêncio, como se cada canto da casa estivesse prendendo a respiração incluindo a jovem esperando uma resposta sem se atrever a desviar o olhar da morena.

E após um suspiro ela começou.

- eu sou aquela que leva a alma dos vivos para seu lugar após seu tempo acabar, um dos quatro cavaleiros do apocalipse e o mais implacável deles, eu sou a Morte!

Seu olhar estava mais escuro, sentia que estava vendo alguém diferente ali, algo diferente. Não sabia se a enchia de perguntas ou gritava e saia correndo dali mesmo, mas para onde correria? Estava em um lugar desconhecido com criaturas que a matariam se é que estar com a própria morte seria mais seguro.

Alguns minutos se passaram, ambas caladas, ambas tentando pensar em algo para dizer, mas sem sucesso, ambas mantendo contato visual como se fosse a única coisa que as fazia se sentir confortável naquele momento.

- eu... _Haya tentou falar, mas foi interrompida pelo roncar da sua barriga a fazendo desviar o olhar desconsertada.

- podemos ter um café antes de... conversarmos mais sobre isso, sim? _a loura acena com a cabeça saindo rápido do quarto.

Descer aquelas escadas e encontrar a sala novamente foi uma tarefa difícil, a mesma continuava com um clima sombrio, mas a garota tentou ignorar até chegar a cozinha, e a diferença da sala para a cozinha era enorme, esta tinha um clima alegre, movimentado e o mais importante, cheirava a comida boa! Não aquelas que se pode comprar com míseros trocados, mas as que se encontram em mesas fartas de boas famílias.

- eu quero, te possuir, quero você todinho pra mim _uma voz vinha da cozinha aparentemente vazia, mas olhando mais atentamente Haya percebeu que havia um rapaz lá, mexendo as panelas e usando uma colher de prata para cantar.

- o que peeeeensa que eu sou se não sou o... que.... _ em um dos rodopios enquanto cantava o rapaz percebeu as duas mulheres o observando.

- Olá, eu sou... _ a garota se prontificou a se apresentar, mas o rapaz a interrompeu com uma mão a olhando da cabeça aos pés.

- eu sei quem você é_se virou para Morte. - eu disse que essa camisola ia ficar bem nela.

 A Amante Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora