Minha cabeça está mais confusa que nunca, flashs aparecem em minha mente com cenas de agora como uma lembrança distante e difícil de recordar.
Eu tenho poderes, meu Deus, eu tenho poderes, eu acabei de curar a ferida de um coelho, meu...eu vou surtar.
- Haya, se sente bem? _saio de meus pensamentos com Mor me chamando, demoro alguns segundos para dar sentido a sua frase.
- sim, sim estou bem _ela me olha por mais um tempo até finalmente se virar para Clarisse que está acuada como se pega em um beco sem saída ainda que estejamos em uma área aberta
- comece _sua voz é severa, com certeza eu não gostaria de estar no lugar dela.
- veja bem, você sabe como podemos nos empolgar com algo... _Mor levanta uma mão e a garota se cala de imediato.
- apenas vá direto ao ponto _sua coluna está mais ereta e sua voz impõe comando, ela provavelmente está no modo chefe agora, mordo o lábio inferior, seria errado eu pensar nela assim em uma situação mais agradável para mim?
- certo _a garota coça a nuca desconfortável e cai ao chão se sentando.
A seguimos nos sentando também, nós três quase formando as pontas de um triângulo.
- minha avó, ela sentiu algo em você, não sei o que é, ela só disse que era algo bom então...ela te deu algo para, acho que, libertar isso?
- mas o que ela poderia ter dado que... _Mor para de repente olhando para longe, eu sigo seu olhar mas não vejo nada. - aquele remédio, não tinha nada a ver com os licantropos, não é?! _ela aumenta o tom de voz se levantando, Clarisse cobre o rosto com os braços parecendo um animal acuado.
- Mor _me inclino o suficiente para puxar um pouco a barra do vestido.
Ela para voltando a atenção a mim, seu olhar é intenso, mas dura pouco, passa as mãos sobre os olhos e volta a se sentar um pouco mais perto de mim.
- en-em todo caso, minha avó pediu que eu a observasse, não sei muito mais que isso. _a pobre garota procurava suas forças tentando não mostrar ter ficado assustada a segundos atrás.
- e sobre as mudanças de humor? _pergunto, na verdade não noto que isso aconteça, mas ouço bastante todos falarem sobre.
- acho que faz parte de você também _ela dá de ombros levemente.
Mor passar as mãos nos olhos se levantando novamente.
- então acho que deveríamos ir, os outros... _puxo a barra de seu vestido a forçando a olhar para mim pela segunda vez.
- mas esse deveria ser um dia de descanso _ela abre a boca para falar, mas eu continuo. - no momento não me importo se tenho poderes com efeitos colaterais ou o quê, viemos para nos divertir e quero fazer isso!
Ela me olha provavelmente pensando ser um outro estado de humor me dominando, seu olhar se desvia primeiro e me dou como vitoriosa.
- eu, eu vou indo na verdade, não acho que estou em um clima de me divertir agora. _Clarisse se levanta dando alguns passos precavidos longe de Mor
Nós a observamos se levantar e se afastar, Mor cai ao chão assim que não consegue mais ver sua silhueta, me assusto, mas ela apenas se sentou, fechando os olhos com força e massageando as têmporas.
- algo errado?
- quer dizer, tirando os poderes desconhecidos aflorando em você? _ela é rude na resposta, outra coisa que nunca a vi fazer.
Sinto lágrimas querendo descer dos meus olhos e raiva por ter me abalado apenas com uma mudança de voz.
- mas isso não é algo bom? Quero dizer, eu posso...
- não! Não é bom, não quando não sabemos se seu corpo pode suportar esse poder! _seus olhos também estão molhados quando ela os põe em mim.
- porquê eu não conseguiria suportar?
- porquê... porquê.... Seu corpo é destreinado, tentar lidar com algo que não se sabe se pode controlar é burrice!
Engatinho ficando a seu lado e envolvo meus braços ao seu redor apoiando meu corpo em suas costas e rosto em seu ombro.
- você sabe, sou mais forte do que aparento _sussurro levantando um pouco o rosto de seu ombro.
- eu sei...mas não posso deixar de me preocupar _sua voz também cai para um sussurro, suas mãos segurando meus braços os mantendo ao seu redor.
- não deixe, você fica tão fofa preocupada _beijo sua bochecha ainda que por cima do cabelo sem poder tirá-lo da frente já que ela ainda segura meus braços em busca de conforto.
- realmente? você quem descobre ter poderes e eu quem preciso ser confortada? _rio fraco ao pé de seu ouvido
- o que posso fazer se minha garota é tão preocupada?
- sua garota? _ela ri se virando para mim, sinto meus braços sendo liberados e logo sinto falta do calor de suas mãos neles.
- minha garota _repito a segurando mais forte em meus braços e ela me beija.
Ainda não sei como esses podem ser tão calmos e desesperados ao mesmo tempo, mas absolutamente amo isso.
- não pense...que eu...não sei...que está tentando...me distrair _ela tenta falar entre beijos.
- mas está funcionando? _distancio meu rosto do dela para olha-la nos olhos.
Ela não responde, apenas voltando a juntar seus lábios aos meus, não posso deixar de me sentir tão feliz com isso.

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A Amante Da Morte
RomanceUma garota que perdeu tudo e um ser que não tinha nada, uma cuidando da outra e tentando sobreviver em um mundo onde criaturas sanguinárias chamam de lar. Um romance lésbico com a morte, quem imaginaria?