-E daí? -A voz de minha amiga soa um pouco alto, atraindo algumas atenções.
-E daí? Patricia, não posso chegar sozinha!
-Leve o próprio Anderson, oras. -Diz pegando uma batatinha e comendo-a.
-Marcos não é tão idiota assim, eu acho. -Digo fazendo-a rir.
-Só está com medo por ainda não tê-lo visto desde o divórcio, mas você é uma mulher linda, solteira e que se conheceu e se amou, certo?
Eu acho que sim.
-Deve ser.
-Qual é? Onde está aquela auto estima que a mamãe ama ver! Fala o que quero ouvir... -Diz me fazendo sorrir.
-Tudo bem, tudo bem... Sou cem quilos de pura gostosura, feliz?
-Claro! Muito.
Pat é uma ótima amiga, e uma das poucas que me apoiou quando me divorciei, muitos me criticaram... Ela não, além da minha família que permaneceu ao meu lado, claro. Ela é uma mulher muito bonita, olhos castanhos, cabelos negros e pele branca.
-Só estou me sentindo pressionada por ter que ir a este evento, e eu sabia que iria acontecer, mas acho que estava negando a mim mesma.
-Eu sei, mas amiga isso iria acontecer. E qual é, você já passou por tudo isso, e superou.
-E eu superei, só não quero chegar sozinha. -Digo fazendo-a rir.
-E nem eu te apoio a fazer isso, pode ter certeza! Mas já que o pobre Anderson está fora da lista, quem?
-Não sei, e nem quero pensar nisso. Neste momento não estou com animo pra paqueras, ou procurar um novo amor.
-E quando vai estar?
-Perto das férias, numa praia com quarenta graus, e um mar bem gelado á minha frente. É um bom jeito de conhecer alguém.
-É, parece um ótimo roteiro de filme romântico, pena que estamos na vida real.
-Ah, você sempre corta minha brisa.
-Pelo menos a sua é feita de ilusão e não maconha.
-Tá, chega Pat. -Digo rindo. -Preciso ir embora.
-Eu também, o banco não perdoa atrasos. -Diz acompanhando-me em se levantar.
Patricia é bancaria, e por mais que eu acredite que a mesma tem uma profissão muito séria para uma pessoa tão descontraída como ela, ainda assim a mesma ama o que faz e jura não se imaginar em outro lugar.
Caminhamos em direção a saída e nos despedimos.
O retorno à empresa fora tranquilo, o sol já está em seu auge, e o calor bera o insuportável, e quase que me questiono o porque de ter vindo a pé. Afinal, se estivesse de carro o ar condicionado estaria logado.
Ao chegar cumprimento alguns novos clientes que conversam com José na entrada sobre uma propaganda, ao invés de ir pelas escadas opto pelo elevador que por sorte está no térreo.
Adentro.
Em alguns minutos as portas de metais se abrem, dou alguns passos para fora. O ar gélido me dá o alivio que eu tanto procurava.
-Boa tarde, Laura. -Alicia, minha assistente diz sorridente.
-Tarde, como foi no médico.
-Tudo bem.
-Já contou ao Estevão?
-Não, estou pensando em como posso fazer um surpresa, afinal não é todo dia que se conta sobre uma gravidez ao marido.
-Ele irá amar qualquer coisa que você preparar, porque ele te ama. E fico muito feliz com suas novidades.
-Obrigada, Laura.
-De nada. O que temos para a parte da tarde?
-Nada, todas as reuniões da semana foram ontem, e as demais apenas semana que vem.
-Obrigada, estava mesmo precisando descansar.
-Hm, aqui está o convite para a festa do senhor Marcos.
-Obrigada, novamente.
Pego o envelope, e caminho até minha sala, não tão animada quanto antes. Sento-me, e abro o envelope preto escrito 'Laura Gabriela' em letras garrafais.
O papel de dentro é áspero, e um pouco grosso.
'Com enorme prazer que convidamos a empresária Laura Gabriela ao evento beneficente da Joyer's que irá ajudar, e trazer à tona nosso lado benevolente, além de nos inspirar a novos negócios. Contamos com sua presença, querida amiga.'
Tornei a deixar o envelope em cima da mesa, afastando todo e qualquer pensamento sobre esta festa de minha mente.
Ainda falta um mês para este evento, e isso significa que ainda tenho tempo pra arrumar alguém para me acompanhar.
Volto meu olhar ao computador ligado à minha frente, todos os pedidos realizados precisam passar por minha aprovação, então normalmente tenho vários documentos para se avaliar... Amo o que faço, mas as vezes tenho a sensação de que poderia ir além, inovar. Fazer algo imprevisível, como deixar alguém de minha confiança em meu lugar por um tempo e apenas viajar o mundo.
E por mais que desejos como estes pairem em meus pensamentos com grande frequência sei que não o farei, não agora. Alguns ousariam dizer que sou um pouco viciada em trabalho, não o considero, apenas creio ser responsável e perfeccionista demais para simplesmente deixar pra lá.
No fim das contas gosto do faço, e me sinto realizada no fim do dia por tratar da área administrativa da empresa, e ter algo meu. Apenas meu. No momento estou no meu ligar ideal, talvez daqui uns anos diga a mesma coisa em um quatro nas Maldivas, contudo neste instante estou no meu lugar ideal e isso é o que importa.
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O que estão achando da Laura Gabriela????
Não se esqueçam dos votos e comentários, xuxu's!! 12/05/2019
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A Noite Que Nos Conhecemos
RomanceObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...