Paulo Vitor
-Ela o que? -Laura pergunta surpresa.
-Ela foi até a escola. -Respondo enquanto caminho de um lado para o outro.
-Paulo, ela falou pra Maria que é a mãe dela?
-Não, não... Pelo menos isso.
-Já conversou com seu advogado?
-Sim, conversei. -Respondo sentando-me ao seu lado no sofá. -Eu não sei o que fazer, Laura. -Minha voz soa embargada.
-Mas meu amor, você precisa ficar calmo.
-Eu não quero perder minha filha. -Sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto. -Eu não posso perder, Laura.
-Você não vai, meu amor. Não vai. Você mesmo me disse que há um tempo determinado para todas as coisas, então calma. Mas e se ela propusesse pra você ter contato com ela, mas não tomá-la de você, você aceitaria?
-Claro, não iria gostar, mas não posso impedir Maria de ter contato com a própria mãe.
-No fim, talvez dê nisso.
-Eu espero que sim, realmente espero...
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Duas semanas depois...
Sai do restaurante sentindo-me cansado. Adentro ao carro, e dirijo em direção ao meu prédio, algum tempo depois estou estacionando em minha vaga. Caminho até o elevador e pressiono o botão chamando-o.
Adentro e as portas de metais se fecham. Suspiro, estou estranhando voltar para casa sozinho já que deixei Maria com Laura, mas estou deixando as coisas em ordem no restaurante visto que iremos nos casar em três dias. Quando o elevador para em meu andar saio no hall encontrando Laura me esperando.
-Oi. -Cumprimento-a, seu semblante denuncia que algo aconteceu.
-Oi.
-Tá tudo bem?
-Você tem visita na sua casa,eu vou ficar com Maria em casa enquanto você acerta alguns assuntos.
-Como assim visita?
-A mãe de Maria tá aí. -Diz cruzando os braços.
-O que Camila está fazendo aqui?
-Ela disse que veio conversar com você e achei melhor não deixar Maria vê-la.
Fecho meus olhos por alguns instantes.
-Obrigada, meu bem. Eu vou conversar com ela e se for possível Maria não a verá.
Vejo-a assentir, e adentrar novamente em seu apartamento.
Demoro alguns segundo até tomar a devida coragem e adentrar ao meu apartamento. Respiro fundo, e caminho com certa insegurança em direção a sala que tem as luzes acesas.
Fito a mulher sentada no sofá inquieta e batendo o pé de forma frenética no chão.
-Oi. -Falo atraindo sua atenção.
-O-oi, Paulo. -Diz se levantando. -Desculpa ter aparecido desse jeito é que eu preciso resolver isso de uma vez por todas.
-Tá bom. Sente-se. -Caminho em direção a poltrona perto do sofá.
-Sua noiva é muito bonita, e parece gostar de Maria.
-Ela a trata como filha, realmente a ama. -Respondo vendo-a assentir um tanto insegura.
-Eu tomei um decisão e optei por falar á você primeiro.
-Então fale, Camila.
Ela inspira e desvia o olhar do meu.
-Eu vou retirar meu requerimento sobre a guarda de Maria.
-O que? -Minha voz soa surpresa.
-Ela te ama, e eu não tenho esse direito. Eu... Me desculpe. -Um soluço escapa por sua boca. -Eu só queria ter contato, eu queria que ela me amasse como te ama, mas acho que perdi tempo demais.-Fala entre o choro.
-Camila, as coisas não acontecem no tempo que a gente quer. Não pode aparecer hoje e esperar que ela tenha vínculo com você, não funciona assim. Mas então você vai desistir da guarda dela?
-Em partes sim, quer dizer, eu quero ter contato com ela, mas não vou mais requerer a guarda definitiva, mas quero pelo menos uma vez por mês poder vê-la.
Meus olhos marejam.
-Obrigado, por não fazê-la passar por isso, quer dizer, ir ao tribunal para depor e te conhecer lá seria um experiência horrível.
-Você me deixa vê-la?
-Agora?
-Não, agora não... Não estou preparada hoje para dizer que sou sua mãe, mas vou requerer a guarda compartilhada dando maior prioridade a você, e claro, com um tempo maior até o julgamento. Aí você pode se casar tranquilamente e eu posso me apresentar à ela oficialmente.
-Tudo bem, eu realmente fico aliviado.
-Meu advogado já revogou o pedido da definitiva, porém quis vir contar pessoalmente.
-Obrigado, de novo.
-Paulo, eu sinto muito por ter ido embora. Eu não fui capaz de suportar tudo quando aconteceu, eu realmente sinto muito.
-Eu me virei, Camila, e dei o meu melhor para criá-la.
-Eu pude ver, ela é uma menina tão doce...
-A mais doce do mundo.
-Enfim, é isso. -Diz se levantando, parece um pouco sem jeito. -Não sou sua inimiga, eu só estou arrependida, e quero ter contato com Maria, é só isso.
Assinto, não há o que falar. Acompanho-a até a porta e vejo-a adentrar ao elevador. E por mais que esteja tenso uma felicidade me invade, me toma. Caminho até a porta de Laura abrindo-a.
-Laura! -Chamo-a.
Vejo-a aparecer no corredor com o olhar assustado.
-O que aconteceu?
-Ela abriu mão da definitiva, Laura! -Falo sorrindo, minha vontade era de gritar, porém por estarmos em um prédio não posso.
Um sorriso toma os lábios de minha noiva que caminha apressadamente ao meu encontro me abraçando.
-Ela revogou? -Pergunta, aperto-a contra mim.
-Sim! Eu não vou perder minha filha, eu não vou, meu amor.
-Eu te disse que não ia, Paulo. -Diz se desvinculando e me fitando. -Eu disse que iria dar tudo certo. Não é esse o melhor presente de casamento que poderíamos receber,? -Pergunta.
-É, é sim. -Falo e beijo-a.
-Eca papai, beija a tia Laura no quarto. -A voz da pequena Maria soa pelo corredor, me desvinculo de minha noiva e corro até minha filha pegando-a no colo.
-É, é verdade minha princesa. -Falo girando-a no ar.
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A Noite Que Nos Conhecemos
RomantikObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...