Retornei para meu apartamento após o fim do expediente, estava cansada, isso era inegável, por isso optei pelo elevador.
Cheguei ao sexto andar. E me deparei com a seguinte cena: Maria encolhia no canto chorando, de uma forma exagerada, enquanto havia um Paulo no hall segurando uma boneca em suas mãos parecendo estar um pouco impaciente. Eles não notaram minha presença, ainda.
-Maria, não vou falar de novo!
-Eu não vou entrar, pai! -Ela diz com o tom um pouco alto.
-Se não entrar você não desce nunca mais pra brincar no parquinho!
-Mas eu gosto de brincar! -Grita entre o choro.
-E eu gosto de dormir, e nem por isso vivo fazendo isso. -Reclama tentando fazê-la levantar, em vão.
Pigarreio. Ele se vira, e não parece tão feliz em me ver, desculpe querido cheguei antes no prédio.
-Se continuar a falar nervoso ela não vai parar com a birra. -Falo, lembrando dos anos que ajudei a cuidar de minha irmã.
Ele ri, baixo.
-Agora ela está me dando conselho sobre como cuidar da minha filha, ótimo. -Ironiza.
-Isso mesmo, é só um conselho... Você pode ignorar, mas sabe que estou certa e que gritar mais alto não vai adiantar. -Falo caminhando em direção a porta de meu apartamento.
Não dou oportunidade para resposta, apenas adentro em minha casa e fecho a porta atrás de mim.
Mereço, tento ajudá-lo e ainda levo... Ah, falar a verdade viu!
Deixo minha bolsa em cima do sofá, me direciono até a cozinha, abro a geladeira e vejo que não há mais comida. E não tenho muito ânimo para cozinhar agora, estou exausta.
Retorno a sala, pego meu celular dentro da bolsa, e abro um aplicativo de comida. Peço uma pizza, pelo menos sobra para amanhã.
Após realizar o pedido, caminho até meu banheiro, me dispo e adentro ao box. Abro o chuveiro sentindo a água escorrer por meu corpo. Depois do banho visto meu pijama, e apenas sento-me e mexo em meu celular a espera da minha comida.
Um tempo depois que já chequei minhas redes sociais, e mensagens o interfone toca, é o porteiro anunciando que minha comida chegou. Perfeito.
Desço pelo elevador, chego ao térreo e me direciono à portaria.
-Boa noite. -Digo passando pelo porteiro.
-Noite.
Pego a caixa de pizza, retomo o caminho de volta para o elevador, adentro. O sexto andar não demora a chegar, apenas saio e me direciono até meu apartamento, percebo que a porta de meu vizinho está fechada, e parece que as coisas se acalmaram.
Adentro a minha casa.
Deixo a pizza em cima da mesa, pego um refrigerante na geladeira e um copo no armário, está tudo pronto para comer, porém ouço o interfone tocar novamente. Atendo-o.
-Boa noite, Laura. Tem um moço aqui na portaria pedindo pra falar com você.
-Como é o nome dele?
-Samuel.
-Ah, pode deixar subir. -Respondo tranquilamente.
-Tudo bem.
-Obrigada.
Encaixo o interfone no gancho. Instantes depois ouço a campanhia, abro a porta, um pouco sorridente, afinal para meu amigo vir me visitar ou está muito feliz ou o contrário. Samuel não é muito de sair de casa, diga-se de passagem.
Abro a porta. Contudo, o que vejo faz com que um frio se instale em minha barriga, sinto dificuldade em engolir.
-Oi, Laura. -Sua voz me faz piscar algumas vezes.
-Oi, o que faz aqui? -Pergunto erguendo um pouco o tom de voz.
-Tinha que me certificar de que recebeu o convite.
-Mandasse um e-amil, Marcos!
-Sabe que eu precisava vir. -Diz sorrindo de lado.
Ele tem os cabelos castanhos escuros, olhos negros, um porte atlético e um sorriso bonito, que acompanha a barba perfeitamente simétrica.
-Você se passou pelo Samuel, isso é grave, além de crime.
-Sabe que não é nada demais, Laurinha... Aliás ele ainda te chama assim?
-Vai embora, Marcos. Eu recebi o convite, obrigada, até mais. -Falo fechando a porta e trancando-a.
Depois de um tempo ouço alguns passos ecoarem atrás da porta, respiro fundo ignorando todo e qualquer pensamento a respeito do que acabara de acontecer.
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A Noite Que Nos Conhecemos
RomanceObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...