Acordei pela manhã com aquela sensação de não ter dormido nada, odeio quando isso acontece... Agradeci pelo dia e me levantei.
As lembranças de Marcos em minha porta me vieram a mente, um arrepio percorreu minha espinha. Ele definitivamente não me remete a boas memorias.
Afastei tais pensamentos.
Apenas me sentei, tomei meu café, depois tomei uma ducha e me atentei para meu dia de trabalho, isso sim merecia minha atenção. Apreciei a brisa que soprou contra minha pele no trajeto até o trabalho, e cumprimentei Solange com um sorriso não tão animado.
Cheguei à minha sala, sentei-me. Havia alguns relatórios financeiros mensais que sempre passam por minha supervisão, algo rotineiro.
A manhã pesou a passar, quando chegou o almoço não estava com tanta fome, então adiei o mesmo e me concentrei nas novas propostas de publicidade que recebemos todos os dias.
Dezoito horas, em ponto. Ainda sem fome, e um pouco enjoada peguei o caminho de volta para casa. Hoje estava mais frio que o costume. Não me importei, na verdade faço parte das pessoas que são apaixonadas pelo inverno.
Adentrei ao meu prédio, tudo normal. Hoje havia sido um dia muito entediante, precisava admitir isso a mim mesma. E por mais que desejasse uma visita amiga, não chamei ninguém.
Acho que não seria a melhor das companhias, estou exausta, e não chega a ser uma cansaço físico, mas sim emocional. Minha mente não parou por nenhum segundo desde que me levantei, e temo que ela prolongue sua agitação para esta noite.
Tomei um banho morno, e comi uma fruta, ainda não estava com fome, mas sei que precisava me alimentar. Depois de beber um copo de água, e já estar com o pijama me deitei desejando o sono.
Suas mãos envolviam meus seios, meus olhos fixo aos seus, e o temor que rondava meu coração persistiu em permanecer. Enguli a seco.
-Eu pensei em você o dia todo. -Sua voz soa um pouco melódica em meu ouvido. Sinto meu coração se apertar.
-Acho melhor apenas dormimos. -Minha voz ecou baixa, e trêmula.
-Discordo. -Diz beijando meu pescoço.
Desvio meu olhar do espelho do guarda-roupa que me forçava a ver a cena que estava sujeita.
-Marcos, eu. -Ele me interrompe com um beijo, nada gentil. Na verdade urgente.
Tento empurrá-lo com minhas mãos, contudo o mesmo as pega e estica meus braços acima de minha cabeça, prendendo-me. Remexo-me, porém ele é mais forte do que eu.
Sinto-me fraca. O ar aos poucos se esvai de meus pulmões.
Não tenho forças para impedi-lo, enquanto o sinto.
Sento-me na cama em um solavanco, minha respiração está ofegante, e sinto o suor escorrer por minha pele. Fito tudo ao meu redor, estou em meu quarto.
O som do despertador soa, denunciando ser seis horas da manhã. Pisco algumas vezes, assustada.
Uma lembrança, um sonho... De forma confusa compreendo que aquilo não acabara de ocorrer, ao constatar isso o alívio me toma, e sinto-me um pouco mais calma. Levanto-me.
Desejei tomar um banho, mas tive receio em tirar minha roupa.
Calma, Laura! Calma, Laura!
Direciono-me a saída de meu apartamento. Vou comprar um pão na padaria, e aproveito e tomo um ar fresco, é disso que preciso.
Por mais que o medo de elevadores seja real, me parece tão seguro estar em um lugar fechado onde estarei apenas eu, do que estar em escadas abertas à todos. Pressiono o botão, o elevado estava no sexto andar, adentro.
Aperto o botão do térreo, dou alguns passos para trás e sinto o gélido metal contra minhas costas. Percebo meu peitoral se inflar com maior velocidade, estou ofegante. Meus olhos se lacrimejam, e sinto-me fraca.
Sem opções deslizo pelo metal até que esteja sentada, abraço meus joelhos fechando os meus olhos desejando abri-los e encontrar-me em outro local.
Um choro copioso sobe rasgando minha garganta, e sem muitas saídas rendo-me ao mesmo ouvindo meus próprios soluços ecoarem pelo pequeno espaço.
Ouço as portas de metais se abrem, provavelmente no térreo, não tenho forças para me levantar.
Permaneço nesta mesma posição, sentindo-me pequena, e repreendendo a mim mesma por estar dessa maneira.
Eu sei o que está acontecendo, estou tendo uma pequena crise, e fazia um bom tempo que isso não acontecia, minhas mãos estão trêmulas e sinto falta de ar.
-Laura! -Ouço alguém me chamar, contudo não consigo levantar meu olhar. -laura, por favor, o que houve. Olha pra mim.
Sem resposta o dono na voz ergue meu queixo me fazendo fitá-lo. Paulo parece extremamente preocupado, enquanto apenas choro, esquivo-me de seu toque, algo inconsciente.
-Vou te tirar daqui. -É o que ouço-o dizer, antes de desmaiar.

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A Noite Que Nos Conhecemos
RomanceObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...