C a p í t u l o 10

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-O Paulo é chefe de um restaurante. -Minha amiga diz parecendo orgulhosa. Sorrio. 

-De qual restaurante? -Pergunto. 

-Hm, Alessandro's. Na verdade era do meu pai, mas agora é meu. -Diz não parecendo tão a vontade. 

-Nossa, é um ótimo restaurante. -Elogio. 

-Eu sei.  

Desvio meu olhar para minha amiga que tem um olhar de 'você interpretou o tom errado'. Até porque havia um obrigado nas entrelinhas e eu não interpretei, óbvio. 

-A Laura é dona de uma empresa. 

-Hm, a Laura pode falar, não? -O tal de Paulo pergunta cruzando os braços. 

A Laura não quer mais falar... 

-Claro, posso. -Respondo contragosto. -Hm, sou dona de uma empresa de publicidade, não é muito grande, tem expandido seu alcance nos últimos tempos. 

-Ótimo, nunca sai com uma empresaria, você é a primeira... -Diz com certo desdém. 

-Preciso ir no banheiro. -Digo virando-me para minha amiga. -Você não quer ir também, Flávia? 

Mesmo contrariada ela se levanta, e me segue em direção ao banheiro. Adentramos. 

-Eu odiei ele! -Digo fitando-a. 

-Eu não sei o que está acontecendo, ele não é assim! -Ela diz. 

-Nossa, então essa não é a versão péssima dele? Existe uma pior? 

-Não foi isso que quis dizer. O Paulo é muito gente boa. 

-Isso é ridículo. -Falo para mim mesma. 

-Desculpe amiga, talvez ele esteja um pouco nervoso, ou tenha tido um dia ruim... 

-Que bom saber que isso nos dá certa livre para ser babaca, vou aderir. 

-Está agindo igualzinho á ele. 

Respiro fundo. 

-Você não tem culpa dele ser o babaca que é. -Respondo. -Vamos, espero terminar estar noite viva! 

Por mais tenso que seja o momento vejo-a rir, deixamos o banheiro, e retornamos a mesa. 

-Estava falando como você ama livros, Laura. -Miguel diz sorrindo, enquanto aprecia sua bebida que não faço ideia do que seja. 

-Realmente sou apaixonada pelos livros. 

Vejo o homem a minha frente abrir a boca para dizer algo, contudo o garçom nos interrompe, tenho vontade de abraçá-lo por tal feito. Realizamos nossos pedidos, e infelizmente ele se afasta me fazendo enfrentar o olhar do tal de Paulo novamente. 

Não posso negar, ele é realmente muito bonito, contudo a pitada exageradíssima de arrogância não me agradou, nenhum pouco. 

-Hm, Paulo que tal nos contar sobre suas viagens? -Minha amiga pergunta esperançosa, pelo menos alguém tem que estar, certo? 

-Ah, faz anos que não viajo, e bem... Acho que ainda tenho muito do mundo para conhecer, só me falta tempo. 

-Realmente, cuidar de um restaurante deve ser bem corrido. -Comento. 

-Sim, sim... Mas donos de empresa não sabem muito bem como é isso. -Diz sorrindo de lado. 

É oficial, mal conheço mas já desgosto pacas! 

-É claro, e é por isso que estou neste encontro com você, não tinha opções melhores. -Respondo, ele parece surpreso. Touché. 

-Nossa, então não deveria ter nenhuma mesmo, afinal pra optar por um encontro com um cara que nem conhece. 

-E você deveria ganhar um prêmio, conseguiu estragar um antes mesmo de comermos, nossa, deve ser um recorde!

Mais uma vez ele tenta rebater, porém é interrompido pelo garçom que traz nossos pedidos. Por favor, me lembrem de abraçar esse homem! Aprecio meu salmão grelhado pensando que no fim há algo bom neste encontro, a comida. Sim, sou apaixonada por comer. 

-Ahn, a comida está divina. -Flávia diz. 

-Sim, tá muito boa. -Seu noivo concorda.

Desejei dizer algo, mas estava ocupada demais apreciando o manjar dos deuses que é este salmão. Hmmmmmm, está maravilhoso. 

Durante o período em que comemos mau conversamos, uma palavra ou outra fora trocada, contudo nada demais. 

Quando terminei o prato apenas desejei ir embora, o mais rápido possível. 

-Vão pedi sobremesa? -Paulo pergunta. 

-Hm, sim. 

Droga, Miguel, eu quero ir embora! 

Após uma rápida olhada no cardápio escolho a minha, quero agilizar o processo. Ao contrário do prato a sobremesa vem rapidamente, Miguel inicia uma conversa com seu amigo sobre o futebol de quarta, o que me permite sussurrar para minha amiga uma forma de escaparmos o mais rápido daqui, e ouço-a sussurrar de volta um 'desculpe'. 

Vinte minutos depois estou caminhando de volta para minha casa, frustrada, não posso negar. 

Quando chego em meu apartamento tomo um banho, retiro minha maquiagem, e visto um pijama cor de rosa. Jogo-me contra o colchão sentindo a maciez do mesmo. 

Hoje definitivamente não foi como imaginei! 


A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora