-O Paulo é chefe de um restaurante. -Minha amiga diz parecendo orgulhosa. Sorrio.
-De qual restaurante? -Pergunto.
-Hm, Alessandro's. Na verdade era do meu pai, mas agora é meu. -Diz não parecendo tão a vontade.
-Nossa, é um ótimo restaurante. -Elogio.
-Eu sei.
Desvio meu olhar para minha amiga que tem um olhar de 'você interpretou o tom errado'. Até porque havia um obrigado nas entrelinhas e eu não interpretei, óbvio.
-A Laura é dona de uma empresa.
-Hm, a Laura pode falar, não? -O tal de Paulo pergunta cruzando os braços.
A Laura não quer mais falar...
-Claro, posso. -Respondo contragosto. -Hm, sou dona de uma empresa de publicidade, não é muito grande, tem expandido seu alcance nos últimos tempos.
-Ótimo, nunca sai com uma empresaria, você é a primeira... -Diz com certo desdém.
-Preciso ir no banheiro. -Digo virando-me para minha amiga. -Você não quer ir também, Flávia?
Mesmo contrariada ela se levanta, e me segue em direção ao banheiro. Adentramos.
-Eu odiei ele! -Digo fitando-a.
-Eu não sei o que está acontecendo, ele não é assim! -Ela diz.
-Nossa, então essa não é a versão péssima dele? Existe uma pior?
-Não foi isso que quis dizer. O Paulo é muito gente boa.
-Isso é ridículo. -Falo para mim mesma.
-Desculpe amiga, talvez ele esteja um pouco nervoso, ou tenha tido um dia ruim...
-Que bom saber que isso nos dá certa livre para ser babaca, vou aderir.
-Está agindo igualzinho á ele.
Respiro fundo.
-Você não tem culpa dele ser o babaca que é. -Respondo. -Vamos, espero terminar estar noite viva!
Por mais tenso que seja o momento vejo-a rir, deixamos o banheiro, e retornamos a mesa.
-Estava falando como você ama livros, Laura. -Miguel diz sorrindo, enquanto aprecia sua bebida que não faço ideia do que seja.
-Realmente sou apaixonada pelos livros.
Vejo o homem a minha frente abrir a boca para dizer algo, contudo o garçom nos interrompe, tenho vontade de abraçá-lo por tal feito. Realizamos nossos pedidos, e infelizmente ele se afasta me fazendo enfrentar o olhar do tal de Paulo novamente.
Não posso negar, ele é realmente muito bonito, contudo a pitada exageradíssima de arrogância não me agradou, nenhum pouco.
-Hm, Paulo que tal nos contar sobre suas viagens? -Minha amiga pergunta esperançosa, pelo menos alguém tem que estar, certo?
-Ah, faz anos que não viajo, e bem... Acho que ainda tenho muito do mundo para conhecer, só me falta tempo.
-Realmente, cuidar de um restaurante deve ser bem corrido. -Comento.
-Sim, sim... Mas donos de empresa não sabem muito bem como é isso. -Diz sorrindo de lado.
É oficial, mal conheço mas já desgosto pacas!
-É claro, e é por isso que estou neste encontro com você, não tinha opções melhores. -Respondo, ele parece surpreso. Touché.
-Nossa, então não deveria ter nenhuma mesmo, afinal pra optar por um encontro com um cara que nem conhece.
-E você deveria ganhar um prêmio, conseguiu estragar um antes mesmo de comermos, nossa, deve ser um recorde!
Mais uma vez ele tenta rebater, porém é interrompido pelo garçom que traz nossos pedidos. Por favor, me lembrem de abraçar esse homem! Aprecio meu salmão grelhado pensando que no fim há algo bom neste encontro, a comida. Sim, sou apaixonada por comer.
-Ahn, a comida está divina. -Flávia diz.
-Sim, tá muito boa. -Seu noivo concorda.
Desejei dizer algo, mas estava ocupada demais apreciando o manjar dos deuses que é este salmão. Hmmmmmm, está maravilhoso.
Durante o período em que comemos mau conversamos, uma palavra ou outra fora trocada, contudo nada demais.
Quando terminei o prato apenas desejei ir embora, o mais rápido possível.
-Vão pedi sobremesa? -Paulo pergunta.
-Hm, sim.
Droga, Miguel, eu quero ir embora!
Após uma rápida olhada no cardápio escolho a minha, quero agilizar o processo. Ao contrário do prato a sobremesa vem rapidamente, Miguel inicia uma conversa com seu amigo sobre o futebol de quarta, o que me permite sussurrar para minha amiga uma forma de escaparmos o mais rápido daqui, e ouço-a sussurrar de volta um 'desculpe'.
Vinte minutos depois estou caminhando de volta para minha casa, frustrada, não posso negar.
Quando chego em meu apartamento tomo um banho, retiro minha maquiagem, e visto um pijama cor de rosa. Jogo-me contra o colchão sentindo a maciez do mesmo.
Hoje definitivamente não foi como imaginei!
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A Noite Que Nos Conhecemos
RomansaObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...