C a p í t u l o 37

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Paulo Vitor. 

Acordei com o som do despertador soando pelo ambiente. Seis horas. 

Espreguiço-me, e me levanto. Me direciono até o banheiro, lavo meu rosto, após caminho em direção ao quarto de Maria encontrando-a dormindo de um jeito estranho, uma perna para fora da cama, as mãos ao lado do travesseiro e a baba caindo na fronha. 

-Maria. -Chamo-a sentando-me ao seu lado. -Filha, levanta. 

-Mais cinco minutinhos, papai. 

-Nada disso. Vamos, levanta. 

Ouço-a resmungar, porém logo ela se levanta, mesmo contrariada. Auxilio-a a se trocar, e arrumo seu cabelo em um rabo de cavalo. 

Em questão de poucos minutos estamos na cozinha tomando o café da manhã. 

-Papai, agora que você tá namolando a tia Laura ela é a minha mamãe? 

Fito-a por alguns instantes, pensando no que responder. 

-Ahn, não. Quando eu me casar com a Laura ela será sua madrasta. 

-O que é isso? 

-Ela vai ser como uma mãe, mas não uma mãe que te deu a luz, mas sim uma de coração. -Respondo vendo-a sorrir. 

-Que bom, eu gosto da Laura. 

-E eu gosto que goste dela. 

Com um sorriso, e um pouco mais acordada ela termina seu café, após pega sua mochila de rodinha e descemos até o subsolo. Adentramos ao carro, Maria tem sua atenção presa na paisagem enquanto dirijo, ela ama o céu, desde que o vira pela primeira vez se apaixonara. 

Desacelero o carro frente sua escola, me despeço e a acompanho até a entrada a deixando aos cuidados da professora. Retorno ao carro, e adentro tomando a direção do escritório de meu advogado, preciso saber como está o andamento. Estaciono, aciono o alarme do carro e adentro ao local refrigerado. 

-Bom dia, senhor Paulo. -Andresa, a recepicionista me cumprimenta. 

-Bom dia. 

-O senhor André logo irá te atender. 

-Obrigada. 

Sento-me na sala de espera, o local não é tão grande, até por ele ter optado não trabalhar de forma presencial todos os dias, logo só comparece ao escritório apenas três vezes por semana. Não demora muito até ouvi-lo me chamar, com aceno me despeço de Andressa, e adentro a sua sala. 

-Paulo, como vai? -Pergunta sentando-se atrás da mesa. 

-Preocupado. -Respondo sentando-me a sua frente. 

-Realmente, não vou te dizer que será fácil... Camila tem alguns pontos ao seu favor e provavelmente irá usá-los, com toda certeza. 

-Quais são realmente suas chances? 

-Depende de juíz pra juíz... É que para uma mãe perder a guarda do filho é muito difícil, porém Camila nunca a teve e iremos usar isso ao nosso favor. Mas, me diga, Maria sabe da existência da mãe? 

Suspiro. 

-Não. Eu nunca contei, e quando me perguntava eu sempre desconversei, mas... 

-Vai ter que contar. -Completa minha frase deixada no ar. 

-Eu sei. -Pondero. -Gostaria que houvesse outra maneira, eu não quero vê-la sofrer, e muito muito menos quero tê-la longe. 

-Já pensou em se casar? -Pergunta. 

Sorrio, quase que de uma forma irônica. 

-Esse foi o ponto mais fácil de se resolver, por incrível que pareça. -Respondo, vendo-o surpreso. 

-Então já temos fortes pontos ao nosso favor, afinal ela não poderá alegar casamento recente, visto que o dela também é. 

-E me fala, como ela conheceu justo o ex-marido da minha namorada? 

-Você tá namorando a Laura? 

-A conhece? 

-Só de vista, ela era mulher do Marcos, então era conhecida no mundo dos negócios. Mas nunca mais ouvir falar dela depois do divórcio. 

-O mundo dá voltas, essa é uma das minhas certezas. -Comento fazendo-o rir. 

-Assim que tiver ciência de quem será o juiz conseguirei pensar em algo melhor arquitetado, mas posso te garantir que vou dar meu melhor, nunca perdi uma causa de sua família, e não será agora. 

-Obrigado, André. 

Levanto-me, me despeço e deixo seu escritório. Retorno à minha casa, combinei com Laura de almoçarmos juntos, e me incube de preparar o mesmo. 

Assim que cheguei dei uma organizada na casa, preciso chamar a faxineira, pois com Maria e o restaurante não tenho tempo pra quase nada. Após, trato de alguns negócios administrativos dos restaurantes e suas filiais, quando o horário vai se prolongado até próximo as onze horas deixo o computador de lado e me direciono até a cozinha. 

Começo a preparar uma salada de berinjela acompanhada pelo arroz negro e frango grelhado. Não demora muito até que tudo esteja preparado, e para ouvir o som da campainha soa pelo apartamento. Caminho até a porta e abro encontrando Laura sorridente. 

-Oi. -Cumprimento-a com um selinho. 

-Oi. 

Adentramos, e retornamos juntos até a cozinha. 

-O cheiro está perfeito. -Diz abrindo a torneira e lavando as mãos. 

-Obrigada, é uma das minhas especialidades. 

-Me fazer feliz é uma delas...

Sorrio. 

-Eu estava pensando. -Digo aderindo a um tom de voz mais sério. 

-Diga. 

-Como irei dizer à Maria que ela tem mãe? 

Ouço seu suspiro. 

-Vamos contar juntos, e precisamos ser o mais francos possível. Apenas dizer, não claro como realmente foi,pois é cruel uma mãe abandonar sua filha, mas explicar que ela tem uma mãe e que a mesma quer contato. 

-Acha que ela vai ficar chateada por eu não ter contado antes? -Questiono fitando seus grandes e expressivos olhos. 

-Independente, fez isso para a proteger. -Laura seguras minhas mãos. -Estou com você nessa, afinal vamos nos casar, e eu te amo. Vamos enfrentar tudo isso juntos. 

Suas palavras me fazem sorrir, realmente fiz uma ótima escolha. A mulher a minha frente ama de uma forma imensurável minha filha, e se propôs a assumi-la, algo que a própria mãe não o fez. Eu a amo, talvez como nunca amei ninguém, e isso me acalma. Sei que conseguiremos, e acima de tudo sei que em minhas preces entreguei este caso nas mãos do Autor da existência. 



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