C a p í t u l o 38

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Laura Gabriela

Sorria enquanto Paulo estava tentando, em vão, me ensinar a picar o pimentão sem me cortar... Ele é incrivelmente abilidoso, e paciente para ensinar, contudo minhas unhas grandes dizem que não vou conseguir realizar da mesma maneira sem lascá-las.

O som da campanhia soa. O mesmo me fita com certo pesar, ele sabe que é a filha esperando no hall de entrada. 

-Deixa que eu vou. -Me prontifiquei. Caminhei até a porta e a abri, minha sogra me cumprimenta com um sorriso. 

-Oi, tia Laura. -A pequena Maria diz atraindo minha atenção. 

-Oi princesa, se divertiu hoje? 

-Sim, a vovó me levou naquele shopping que tem um monte de brinquedo. -Relata de forma empolgada. 

-Fico muito feliz em saber que se divertiu. 

-Laura, eu já vou indo. Só vim deixá-la, dê um beijo em Paulo por mim. 

-Pode deixar. 

Ela se despede da neta, e caminha em direção ao elevador. Maria adentra junto á mim, se direciona até a cozinha e logo abraça o pai. 

-Papai, eu comi lanche hoje. -Diz com um cara de sapeca. 

-Vá aproveitando com quem te deixa, pois sabe muito bem que comigo só come comida caseira. 

-Nunca a deixa comer lanche? -Questiono preocupada, eu amo lanches. 

-Prontos como em fast food não, ela precisa sentir o sabor das coisas. -Responde. -Agora artesanais, feitos em casa sempre que ela quiser. 

Assinto. Maria decide se entreter com algum brinquedo na sala, e ouço o suspiro de Paulo. 

-Acho que é melhor falar agora, se a reação dela for das piores tenho mais tempo pra pensar o que fazer.

-No que decidir assino embaixo. 

Seguro sua mão, e nos direcionamos juntos até a sala. Nos sentamos no sofá. 

-Maria. -Chamo-a e em questão de poucos segundos a pequena aparece. -Senta aqui com a gente. -Nos fitando um tanto desconfiada a mesma o faz. 

-Meu amor, a gente quer conversar com você. -Paulo começa a dizer olhando-a tentando não parecer sério. -O que você pensa sobre nossa família? 

-Sobre eu e você? 

Ele assente. 

-Eu gosto, eu amo você papai. 

Vejo um sorriso um tanto triste surgir nos lábios dele. 

-Meu bem, o papai precisa te contar uma coisa. -A pequena adquire um semblante curioso. -É... Hmm, quando você nasceu o papai era muito novo e sua mamãe também. 

Os olhinhos dela se arregalam ao ouvir a palavra mamãe. 

-Ela tinha a minha idade? -Sua pergunta nos faz rir. 

-Não, era mais velha... Mas quando você nasceu você nos encheu de alegria, e amor. Mas a sua mamãe, ela não podê ficar, ela teve que ir pra outro país. 

-Então eu tenho uma mamãe? -Sua voz trêmula fez os olhos dele marejarem. 

-Maria. -Eu disse atraindo sua atenção. -Você tem uma mamãe, mas ela não pode ficar com você e com seu papai. 

-Por que não? 

-Ela precisou ir pra um outro país, e ela deixou você com o seu papai porque ela sabia que ele iria cuidar muito bem de você. E ele cuida, não cuida? 

Ela assente com os olhinhos cheios de lágrimas. 

-Ela não me quis? 

Engulo a seco. 

-Ela queria muito ficar, mas ela não conseguiu ficar. 

-Mas o papai tá aqui, você não vai embora né papai? -Pergunta se virando para ele. 

-Não, eu nunca vou embora. -Paulo diz tentando controlar as emoções. -Eu sempre estive, e sempre vou estar aqui com você. 

-Mas então vai morar eu, você, a Laura e a minha mamãe? -Pergunta parecendo um pouco confusa. 

-Não. A mamãe e o papai não vamos viver juntos. O papai vai se casar com Laura, você não gosta da Laura? 

-Gosto. 

-Então, a mamãe tem um marido igual o papai vai ter a tia Laura como esposa. 

-Então onde eu vou ficar? 

-Com a gente, meu amor. -Respondo. 

-Mas eu vou conhecer a mamãe? 

-Vai, ainda não sei quando, mas vai. -Ele responde com certo pesar. 

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Uma semana depois. 

-Laura você precisa começar a pensa nisso. -Pat diz andando de um lado pro outro. 

-Eu sei, mas não no trabalho. 

-Noiva não deixa de ser noiva só porque está trabalhando. -Responde. 

-Não tenho tempo pra ver um vestido, além de que nem sei se realmente quero uma festa.

-Não me tente, Laura Gabriela! É óbvio que vocês vão ter uma festa! 

-Eu prefiro usar o dinheiro pra viajar, veja bem eu já fui casada tive minha festa de gala e Paulo já teve uma filha, digo já passamos por alguns rituais... Nos casamos no cartório, e pegamos alguma chácara apenas para os íntimos e recebemos a benção pastoral, perfeito. 

Seu olhar contrariado recai sobre mim. 

-Se é o que quer, quem sou eu pra me opor? E Paulo concorda? 

-Plenamente. 

-Mas não vai se casar pelada, logo precisa de um vestido.... Então vamos. -Diz me fazendo rir. 

-Só você. Não quero nada extravagante, muito pelo contrário, algo discreto e confortável. 

-Laura você vai casar, não acampar... 

-Bem, essas são minhas condições. 

-A viagem de vocês precisa realmente valer a pena, porque olha... Pra onde vão? 

-Estamos pensando em ficar uns dois meses na Europa, mas isso só vai acontecer depois do julgamento. 

-Ahn, por falar nisso, você não acha que é muita responsabilidade assumir a Maria junto com o casamento? 

-Não, quer dizer, sim, mas eu amo ela e nos damos bem. Não vai ser nenhum sacrificio. Claro que vai ser um pouco diferente já começar um casamento com uma criança, mas eu sempre quis ser mãe, era Marcos que não queria filhos. 

-Estou feliz por vocês. -Diz me fazendo sorrir. 

-Eu também estou, apesar da preocupações. 



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