Laura Gabriela.
Adentrei em casa me sentindo um pouco estranha, alimentada... Mas ainda assim estranha.
Caminhei até meu quarto, me despi e adentrei ao banheiro a fim de tomar um banho para tirar esse cheiro de hospital. Após o banho vesti um pijama e deitei.
Fitei o teto branco.
É estranho pensar que o vizinho que conheci em um (horrível) encontro arranjado poderia ser legal. Certo temor toma minha mente, odeio me sentir vulnerável, muito menos frente de alguém.
Engulo a seco.
Sinto-me cansada, e não pretendo ir a empresa hoje. Apenas viro-me na cama, á procura da posição ideal em busca de descanso.
____________________________________________________________________________
-O que houve? -Pat pergunta adentrando em meu apartamento, é o horário do almoço, e consegui dormir por uma hora, no máximo. Então chamei minha amiga para me fazer companhia, mesmo que por pouco tempo.
-Marcos veio aqui ontem a noite. -Falo seguindo-a em direção a sala.
-Veio fazer o que? -Pergunta alterando o tom de voz.
-Garantir que eu tinha recebido o convite pra festa tão importante dele. -Respondo sentando-me no sofá.
-Eu definitivamente tenho repulsa por esse cara! Como ele tem coragem?
-Eu é que te pergunto! Pior ainda, ele se passou pelo Samuel pra entrar no meu prédio, amiga isso... -Interrompo minha fala pelo som da campanhia. Sob o olhar confuso de Pat caminho até a porta.
Abro-a.
-Oi, Laura! -A voz fofa de Maria soa. -Eu vim ver se você está realmente bem, papai disse que era pra te deixar descansar, mas queria te ver.
-Você veio escondido?
-Sim, o papai está no banho. -Diz sorrindo travessa.
-Estou bem melhor, Maria. Obrigada por sua ajuda! Agora não deixe seu pai preocupado.
-Preocupado com o que? -A voz de Paulo Vitor ecoa pelo hall nos fazendo desviar o olhar para o mesmo que está parado rente ao batente da porta, vestindo uma camisa branca e uma bermuda preta.
-Essa mocinha 'fugiu' pra me ver. -Falo vendo-o sorrir.
-Eu disse pra ela não te incomodar pra você descansar. -Diz.
-Quem é essa menininha? -Pat surge ao meu lado, seu olhar aos pouco se desvia de Maria encontrando o pai da mesma. -E quem é ele?
-Ele é meu papai. -Maria responde colocando as mãozinhas na cintura de forma fofa.
-Que papai, he...
-Pat! -Falo impedindo-a de terminar a frase. -Preciso terminar de te atualizar antes que seu horário de almoço termine. -Digo puxando-a novamente para dentro do apartamento, e me despedindo de meu vizinho com sua filha rapidamente e fechando a porta atrás de mim.
-Mas nem me deixou elogiar o lindo pobre coitado!
-Lógico, que vergonha Pat! Eu terei de vê-lo todos os dias, pelo amor, tenha o mínimo de dó. Já estou morta de vergonha pelo estado que ele me encontrou.
-Espera aí, te encontrou?
-Tive uma crise de pânico no elevador, e ele me achou... Me levou ao hospital.
-Por causa de ontem?
-Não tive uma boa noite. Mas tô bem, Pat. Quer dizer, agora tô.
-E como foi no hospital?
-Eu só acordei depois, mas creio que tenha sido o de sempre.
-Por que não me ligou?
-Porque eu fui compra pão e aí simplesmente tive uma crise, mas estou bem agora, amiga.
-Preciso agradecer seu vizinho, então.
-Nem me fale.
Na cozinha almoçamos o lanche que minha amiga trouxe de uma padaria que ela gosta, perto de seu trabalho, conversamos algumas amenidades, nada de muito sério. Minha crise não fora assunto abordado novamente...
-Eu já sei! -Pat diz em alto tom atraindo minha atenção.
-Sabe o que?
-Leve o Paulo na festa do Marcos, é perfeito ele vai compreender e além do mais, Marcos nunca o viu!
-Eu não sei, não Pat.
-Qual o problema, tá afim dele?
-O que? Não!
-Então pronto, serão dois vizinhos em uma festa, apenas isso.
-Pat, não é tão simples... -Ela me interrompe.
-É sim, é você que complica grande parte de seus dilemas, Laura... As coisas são fáceis, saiba disso!
-Uhumm. -Murmuro, não concordando tanto com sua fala.
-Espero que veja o óbvio sem muita preocupação... Bem, já vou indo. -Diz se levantando da mesa. -Se precisar de algo pode ligar, sabe que vou te atender á qualquer hora.
-Eu sei. Obrigada. -Levanto-me, caminho ao seu lado até a porta e me despeço dela.
Fecho a porta atrás de mim.
É loucura, certo?
Não importa, Paulo não aceitaria, ou aceitaria? Tá bem, estou ficando louca, só pode!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Noite Que Nos Conhecemos
RomansObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...