C a p í t u l o 18

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Laura Gabriela. 

Adentrei em casa me sentindo um pouco estranha, alimentada... Mas ainda assim estranha. 

Caminhei até meu quarto, me despi e adentrei ao banheiro a fim de tomar um banho para tirar esse cheiro de hospital. Após o banho vesti um pijama e deitei. 

Fitei o teto branco. 

É estranho pensar que o vizinho que conheci em um (horrível) encontro arranjado poderia ser legal. Certo temor toma minha mente, odeio me sentir vulnerável, muito menos frente de alguém. 

Engulo a seco. 

Sinto-me cansada, e não pretendo ir a empresa hoje. Apenas viro-me na cama, á procura da posição ideal em busca de descanso. 

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-O que houve? -Pat pergunta adentrando em meu apartamento, é o horário do almoço, e consegui dormir por uma hora, no máximo. Então chamei minha amiga para me fazer companhia, mesmo que por pouco tempo. 

-Marcos veio aqui ontem a noite. -Falo seguindo-a em direção a sala. 

-Veio fazer o que? -Pergunta alterando o tom de voz. 

-Garantir que eu tinha recebido o convite pra festa tão importante dele. -Respondo sentando-me no sofá. 

-Eu definitivamente tenho repulsa por esse cara! Como ele tem coragem? 

-Eu é que te pergunto! Pior ainda, ele se passou pelo Samuel pra entrar no meu prédio, amiga isso... -Interrompo minha fala pelo som da campanhia. Sob o olhar confuso de Pat caminho até a porta. 

Abro-a. 

-Oi, Laura! -A voz fofa de Maria soa. -Eu vim ver se você está realmente bem, papai disse que era pra te deixar descansar, mas queria te ver. 

-Você veio escondido? 

-Sim, o papai está no banho. -Diz sorrindo travessa. 

-Estou bem melhor, Maria. Obrigada por sua ajuda! Agora não deixe seu pai preocupado. 

-Preocupado com o que? -A voz de Paulo Vitor ecoa pelo hall nos fazendo desviar o olhar para o mesmo que está parado rente ao batente da porta, vestindo uma camisa branca e uma bermuda preta. 

-Essa mocinha 'fugiu' pra me ver. -Falo vendo-o sorrir. 

-Eu disse pra ela não te incomodar pra você descansar. -Diz. 

-Quem é essa menininha? -Pat surge ao meu lado, seu olhar aos pouco se desvia de Maria encontrando o pai da mesma. -E quem é ele? 

-Ele é meu papai. -Maria responde colocando as mãozinhas na cintura de forma fofa. 

-Que papai, he... 

-Pat! -Falo impedindo-a de terminar a frase. -Preciso terminar de te atualizar antes que seu horário de almoço termine. -Digo puxando-a novamente para dentro do apartamento, e me despedindo de meu vizinho com sua filha rapidamente e fechando a porta atrás de mim. 

-Mas nem me deixou elogiar o lindo pobre coitado! 

-Lógico, que vergonha Pat! Eu terei de vê-lo todos os dias, pelo amor, tenha o mínimo de dó. Já estou morta de vergonha pelo estado que ele me encontrou. 

-Espera aí, te encontrou? 

-Tive uma crise de pânico no elevador, e ele me achou... Me levou ao hospital. 

-Por causa de ontem? 

-Não tive uma boa noite. Mas tô bem, Pat. Quer dizer, agora tô. 

-E como foi no hospital? 

-Eu só acordei depois, mas creio que tenha sido o de sempre. 

-Por que não me ligou? 

-Porque eu fui compra pão e aí simplesmente tive uma crise, mas estou bem agora, amiga. 

-Preciso agradecer seu vizinho, então. 

-Nem me fale. 

Na cozinha almoçamos o lanche que minha amiga trouxe de uma padaria que ela gosta, perto de seu trabalho, conversamos algumas amenidades, nada de muito sério. Minha crise não fora assunto abordado novamente... 

-Eu já sei! -Pat diz em alto tom atraindo minha atenção. 

-Sabe o que? 

-Leve o Paulo na festa do Marcos, é perfeito ele vai compreender e além do mais, Marcos nunca o viu! 

-Eu não sei, não Pat. 

-Qual o problema, tá afim dele?

-O que? Não! 

-Então pronto, serão dois vizinhos em uma festa, apenas isso. 

-Pat, não é tão simples... -Ela me interrompe. 

-É sim, é você que complica grande parte de seus dilemas, Laura... As coisas são fáceis, saiba disso! 

-Uhumm. -Murmuro, não concordando tanto com sua fala. 

-Espero que veja o óbvio sem muita preocupação... Bem, já vou indo. -Diz se levantando da mesa. -Se precisar de algo pode ligar, sabe que vou te atender á qualquer hora. 

-Eu sei. Obrigada. -Levanto-me, caminho ao seu lado até a porta e me despeço dela. 

Fecho a porta atrás de mim. 

É loucura, certo? 

Não importa, Paulo não aceitaria, ou aceitaria? Tá bem, estou ficando louca, só pode! 


A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora