C a p í t u l o 26

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Laura Gabriela. 

-Se arrepende do que viveu com Camila? -Pergunto desviando meu olhar para a paisagem. 

-Não, foi muito bom, acho que me arrependo por ela ter abnegado ficar com a própria filha. Maria sente falta dessas coisas. 

-Sinto muito. 

-E você, se arrepende de ter casado? 

Fito-o. Engulo a seco. 

-Eu não, as vezes sim, as vezes não. 

Paulo assente, sem mais questionamentos. 

Permanecemos mais alguns minutos ali, e então nos preparamos para retornar as nossas casas. Todo o percurso é feito em um silêncio confortavel. Quando dou por mim ele está estacionando em sua vaga, no subsolo. 

Começo a me afastar do carro. 

-Vamos de escada, certo? -Paulo pergunta me fazendo sorrir. 

-Claro. 

Seis andares de escada não são tanto, e faz com que me sinta mais segura. 

-Você teve aquela crise de pânico por medo do elevador? -Pergunta. 

-Marcos tinha vindo me 'visitar' na noite anterior, e me fez ter más memórias sobre algumas coisas, além de eu ter feito a besteira de entrar no elevador, também... Acho que foi um acúmulo de tudo. 

-Entendo. Não se sente segura perto dele? 

-Se sentiria seguro se Camila voltasse? 

-Não. Ainda mais por Maria. 

-Exatamente, simplesmente não me sinto, e talvez os boatos que tenha ouvido dele podem ser verdade... Eu só não gosto de ficar lembrando. 

-Tudo bem, desculpe. 

-Não peça desculpas, precisamos nos conhecer, certo? -Pergunto vendo-o sorrir, seu sorriso é tão bonito, ainda mais com esse bigodinho que só fica charmoso nele. 

Chegamos ao nosso andar, as luzes do hall se ascendem pelo sensor. 

-Vou te levar até sua porta. -Diz me fazendo rir. - O que foi? 

-São uns seis passos. 

-Sou um cavalheiro, Laura...

Pego minha chave, destranco a porta. Viro-me para me despedir. 

Fito os olhos do homem a minha frente, tão profundos. Sinto minha boca salivar a medida que meu olhar recai sobre seus lábios. 

Talvez estejamos próximos demais, ou será impressão minha? 

Paulo se aproxima ainda mais, e por um breve segundo acreditei que o mesmo me beijaria, contudo seus lábios entram em contato com a pele de minha bochecha, causando-me uma sensação de frustração. 

O que está havendo comigo? 

-Boa noite, Laura. -Dito isso o mesmo se vira e caminha até a porta de seu apartamento. 

-Boa noite. 

Adentro em minha casa, fecho a porta atrás de mim, encostando-me na mesma. 

É impossível impedir que me sinta como uma adolescente, contudo é um sentimento bom que preciso com tudo de mim impossibilitar que venha a tona. 

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Uma semana depois... 

A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora