C a p í t u l o 12

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Isso só pode ser brincadeira! 

-O que faz aqui? -Ele pergunta. 

Rio. 

-Papai, ela me ajudou. -Maria diz. 

Papai? Além de tudo ele é pai? 

-Maria entra pra dentro.-Paulo diz sério. 

-Até porque não tem como entrar pra fora. -Deixo escapar, e seu olhar se enfurece um pouco mais. Ops! 

-Obrigada moça. -A menina diz, adentrando em sua casa, ela não parece tão animada. 

-O que fez com minha filha? -Ele parece um pouco desesperado. 

-O que te falei, uai. Ela ralou o joelho, e a trouxe para o seu andar, fiz um curativo e ajudei ela a achar sua casa. 

Paulo Vitor está ofegante, e posso jurar que seus olhos estão marejados. 

-Desculpa, eu... -Ele respira fundo. -Obrigado por trazer Maria. Mesmo não gostando, te devo uma. 

Antes que eu tivesse a chance de dizer algo vejo-o adentrar em seu apartamento e fechar a porta. 

Fiquei parada no mesmo lugar, imóvel. O que raios acabou de acontecer? 

Paulo Vitor, o mesmo chefe de cozinha arrogante que conheci na sexta é meu novo vizinho, tem uma filha e me agradeceu por ajudá-la? O que? 

Recupero minhas ideias, e retorno ao meu apartamento, ainda confusa. 

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-Ele é o que? -A voz da minha amiga ecoou por meu apartamento, vejo-a caminhar de um lado para o outro. 

-Grita mais alto, Pat! Acho que nosso vizinho ainda não notou que estamos falando dele! 

-Desculpa, fiquei chocada. -Diz sentando-se no sofá. 

-Chocada fiquei eu quando soube que ele tem uma filha, quando ele pretendia dizer isso? 

-Ah, amiga, eu entendo ele... Quer dizer, acho que não falaria isso no primeiro encontro, sabe... 

-Claro, até porque é uma informação super irrelevante... -Ironizo sentando-me ao seu lado. 

-Mas, assim, isso pode assustar as garotas, ainda mais se for ele quem tiver a guarda a menina. 

-Talvez, mas não sei. Ele é estranho. 

-Isso a gente não pode negar. -Diz passando a mão em meus cabelos. 

-Já disse que odiei esse cara? 

-Mais do que posso contar. 

Suspiro um pouco frustrada. 

-Tá, eu vim te distrair e não pra piorar a situação lembrando do arrogante, pai e gato do seu vizinho. 

-Ótimo, coloque um filme de comédia, sem nada de romance, e vou fazer a pipoca. 

Vejo-a assentir. 

Levanto-me e caminho até a cozinha, pego uma pipoca de micro-ondas e desembrulho a mesma, coloco-a no eletrodoméstico. Em questão de alguns minutos está pronta, a despejo numa vasilha, após salgar retorno à sala. 

Sento-me ao lado de minha amiga, e percebo o filme 'Gente grande' exposto na tela. Aperto o play e isto dá início as cenas.

Quando os créditos do filme subiram me sentia mais leve, e até mesmo descontraída. Não estava mais submersa em meu próprio drama. 

-Coloca o dois, vou fazer mais pipoca. -Minha amiga diz se levantando e caminhando em direção a cozinha. 

Pego o controle e preparo o outro filme através do aplicativo. 

Poucos minutos depois o segundo filme está passando em minha tela, enquanto como a pipoca deliciosa. 

Amo pipoca. 

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Uma semana depois. 

-Alicia, por favor remarque a reunião das duas, tive um contratempo. -Falo frente a mesa de minha secretária, que apenas concorda. -Obrigada. 

Abro a porta que dá acesso as escadas, e começo a descer em direção ao térreo. Em questão de alguns instantes encontro-me caminhando na calçada em direção à um restaurante onde Felipe marcou comigo para o almoço. 

Não demoro muito para chegar ao mesmo, encontro-o facilmente. 

-Laurinha. -Diz abraçando-me. 

-Fê. 

Após nos desvincularmos nos sentamos. 

-Você aprontou algo? -Pergunto fitando-o. 

-Não, só quero passar um tempo com minha amiga, e antiga paixão. 

-Ahamm! -Ironizo. 

-Tá bem, me pegou. Tenho um encontro hoje. 

-Mas você tem namorada! -Digo. 

-Não mais, ela terminou comigo antes de ontem. -Diz dando de ombros. 

-E já tem um encontro? 

-Não era pra mim ter um encontro,  apenas aconteceu.

-Nossa, queria saber lidar com as decepções como você lida. -Digo. 

O garçom chega e anota nossos pedidos, e se afasta. 

-Sei lá a gente precisa superar, certo? -Pergunta me fazendo rir. 

-Claro, é isto que eu digo todas as vezes que um personagem que eu gosto morre, mas não sei lidar tão bem assim. 

Vejo-o sorrir. 

-Como foi seu encontro duplo? -Pergunta erguendo as sobrancelhas. 

-Uma droga, das grandes. 

-Ihhh, pelo jeito foi ruim mesmo. 

-Ele é um babaca, e pra complicar ainda mais a situação, ele é um pai babaca. 

-Ele tem uma filha? 

-Tem! 

-E é um babaca com ela? 

-Não, pelo menos ele pareceu bem preocupado por ela ter ralado o joelho. 

-Uau, e como sabe que ela ralou o joelho? 

-Eles são meus novos vizinhos, essa é a parte da grande da droga.

-Já te disse o quão sortuda você é? -Ironiza. 

-É, eu sei. 

O garçom traz nosso pedidos, começo a comer a batatinha frita contida no prato do dia. Está realmente delicioso. 

Conversamos mais um pouco, e relatei como descobri que Paulo era meu novo vizinho, e meu amigo relatou suas expectativas para o encontro. Este seria uma das complicações do Fê, ele se apaixona rápido demais, um olhar e 'puf' já gamou... Mas em compensação ele se recupera na mesma facilidade. 

Parte de mim gostaria de se recuperar rapidamente também.

A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora