Isso só pode ser brincadeira!
-O que faz aqui? -Ele pergunta.
Rio.
-Papai, ela me ajudou. -Maria diz.
Papai? Além de tudo ele é pai?
-Maria entra pra dentro.-Paulo diz sério.
-Até porque não tem como entrar pra fora. -Deixo escapar, e seu olhar se enfurece um pouco mais. Ops!
-Obrigada moça. -A menina diz, adentrando em sua casa, ela não parece tão animada.
-O que fez com minha filha? -Ele parece um pouco desesperado.
-O que te falei, uai. Ela ralou o joelho, e a trouxe para o seu andar, fiz um curativo e ajudei ela a achar sua casa.
Paulo Vitor está ofegante, e posso jurar que seus olhos estão marejados.
-Desculpa, eu... -Ele respira fundo. -Obrigado por trazer Maria. Mesmo não gostando, te devo uma.
Antes que eu tivesse a chance de dizer algo vejo-o adentrar em seu apartamento e fechar a porta.
Fiquei parada no mesmo lugar, imóvel. O que raios acabou de acontecer?
Paulo Vitor, o mesmo chefe de cozinha arrogante que conheci na sexta é meu novo vizinho, tem uma filha e me agradeceu por ajudá-la? O que?
Recupero minhas ideias, e retorno ao meu apartamento, ainda confusa.
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-Ele é o que? -A voz da minha amiga ecoou por meu apartamento, vejo-a caminhar de um lado para o outro.
-Grita mais alto, Pat! Acho que nosso vizinho ainda não notou que estamos falando dele!
-Desculpa, fiquei chocada. -Diz sentando-se no sofá.
-Chocada fiquei eu quando soube que ele tem uma filha, quando ele pretendia dizer isso?
-Ah, amiga, eu entendo ele... Quer dizer, acho que não falaria isso no primeiro encontro, sabe...
-Claro, até porque é uma informação super irrelevante... -Ironizo sentando-me ao seu lado.
-Mas, assim, isso pode assustar as garotas, ainda mais se for ele quem tiver a guarda a menina.
-Talvez, mas não sei. Ele é estranho.
-Isso a gente não pode negar. -Diz passando a mão em meus cabelos.
-Já disse que odiei esse cara?
-Mais do que posso contar.
Suspiro um pouco frustrada.
-Tá, eu vim te distrair e não pra piorar a situação lembrando do arrogante, pai e gato do seu vizinho.
-Ótimo, coloque um filme de comédia, sem nada de romance, e vou fazer a pipoca.
Vejo-a assentir.
Levanto-me e caminho até a cozinha, pego uma pipoca de micro-ondas e desembrulho a mesma, coloco-a no eletrodoméstico. Em questão de alguns minutos está pronta, a despejo numa vasilha, após salgar retorno à sala.
Sento-me ao lado de minha amiga, e percebo o filme 'Gente grande' exposto na tela. Aperto o play e isto dá início as cenas.
Quando os créditos do filme subiram me sentia mais leve, e até mesmo descontraída. Não estava mais submersa em meu próprio drama.
-Coloca o dois, vou fazer mais pipoca. -Minha amiga diz se levantando e caminhando em direção a cozinha.
Pego o controle e preparo o outro filme através do aplicativo.
Poucos minutos depois o segundo filme está passando em minha tela, enquanto como a pipoca deliciosa.
Amo pipoca.
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Uma semana depois.
-Alicia, por favor remarque a reunião das duas, tive um contratempo. -Falo frente a mesa de minha secretária, que apenas concorda. -Obrigada.
Abro a porta que dá acesso as escadas, e começo a descer em direção ao térreo. Em questão de alguns instantes encontro-me caminhando na calçada em direção à um restaurante onde Felipe marcou comigo para o almoço.
Não demoro muito para chegar ao mesmo, encontro-o facilmente.
-Laurinha. -Diz abraçando-me.
-Fê.
Após nos desvincularmos nos sentamos.
-Você aprontou algo? -Pergunto fitando-o.
-Não, só quero passar um tempo com minha amiga, e antiga paixão.
-Ahamm! -Ironizo.
-Tá bem, me pegou. Tenho um encontro hoje.
-Mas você tem namorada! -Digo.
-Não mais, ela terminou comigo antes de ontem. -Diz dando de ombros.
-E já tem um encontro?
-Não era pra mim ter um encontro, apenas aconteceu.
-Nossa, queria saber lidar com as decepções como você lida. -Digo.
O garçom chega e anota nossos pedidos, e se afasta.
-Sei lá a gente precisa superar, certo? -Pergunta me fazendo rir.
-Claro, é isto que eu digo todas as vezes que um personagem que eu gosto morre, mas não sei lidar tão bem assim.
Vejo-o sorrir.
-Como foi seu encontro duplo? -Pergunta erguendo as sobrancelhas.
-Uma droga, das grandes.
-Ihhh, pelo jeito foi ruim mesmo.
-Ele é um babaca, e pra complicar ainda mais a situação, ele é um pai babaca.
-Ele tem uma filha?
-Tem!
-E é um babaca com ela?
-Não, pelo menos ele pareceu bem preocupado por ela ter ralado o joelho.
-Uau, e como sabe que ela ralou o joelho?
-Eles são meus novos vizinhos, essa é a parte da grande da droga.
-Já te disse o quão sortuda você é? -Ironiza.
-É, eu sei.
O garçom traz nosso pedidos, começo a comer a batatinha frita contida no prato do dia. Está realmente delicioso.
Conversamos mais um pouco, e relatei como descobri que Paulo era meu novo vizinho, e meu amigo relatou suas expectativas para o encontro. Este seria uma das complicações do Fê, ele se apaixona rápido demais, um olhar e 'puf' já gamou... Mas em compensação ele se recupera na mesma facilidade.
Parte de mim gostaria de se recuperar rapidamente também.
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A Noite Que Nos Conhecemos
RomanceObra registrada! Plágio é crime! Laura Gabriela era a típica mulher destemida e com uma auto estima nas alturas, alguns diziam que por seu peso sua auto estima não deveria ser tão intocável como aparentava ser, mas isso não causava nenhum impacto ao...