C a p í t u l o 17

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Paulo. 

Sara, minha irmã, passou no hospital e pegou Maria para passar o dia com ela. Seria a melhor escolha. 

A última vez que tinha ficado tão desesperado desta forma fora no nascimento de Maria, isso me faz sorrir. 

Lembro-me como se fosse ontem, Camila me acordou gritando de dor, e tudo indicava que ela havia entrado em trabalho de parto. Eu simplesmente pirei! Não sabia onde estava a chave do carro, da casa, ou até mesmo a bolsa da maternidade, tudo estava confuso demais... Sem contar de que quando Camila não estava gritando de dor estava me apressando.

Foi muito intenso seu parto, cerca de quinze horas de parto natural, mas ela era tão teimosa que mesmo se o próprio médico dissesse que era necessário fazer a cesária tenho certeza que se recusaria. Quando vi os olhos grandes de Maria pela primeira vez compreendi que seria pai, e nossa que responsabilidade... Tinha apenas dezoito anos e mal sabia cuidar de mim mesmo, pelo menos teria ajuda... Foi o que eu pensei. 

-Senhor? -Uma voz feminina me tira de meus devaneios. 

-Sim? 

-Ela está bem, e já acordou. Pediu pra conversar com o senhor. 

-Tá bom. 

Levanto-me e sigo-a pelo corredor. Seus passos se interrompem na frente de uma porta, a enfermeira faz um sinal para que eu entre, e apenas sigo suas instruções. 

O ar refrigerado pelo ar condicionado causa uma leve mudança térmica, Laura está semi deitada, quase sentada... Seu olhar está baixo, e parece estar em um dilema consigo mesma. 

-Oi.-Digo, atraindo sua atenção. 

-Oi. -Sua voz soa baixa, e rouca. 

-Como você está se sentindo? -Pergunto me aproximando dela.

-Melhor, obrigada por me ajudar. -Ela sorri um pouco tímida. 

-Não precisa agradecer. Os médicos te disseram o que causou tudo aquilo? 

Seu olhar se desvia do meu. 

-Eu tive uma crise do pânico, as vezes acontece... Fazia muito tempo que não tinha, então me pegou de surpresa, mas estou bem. 

-Entendi, fico feliz por estar bem. Maria quase teve um treco.

-Sinto muito. 

-Não precisa sentir. Hm, quando você pode ir embora? 

-O médico já me deu alta. 

-Ótimo, então vamos. 

-Vai me levar embora? 

-Claro, te trouxe até aqui. 

Ela assente, um pouco sem jeito. Demorou um pouco o processo de sairmos do hospital, por mais que ela estivesse bem apenas o soro não era suficiente para deixá-la cem por cento bem. Laura precisava comer. 

-O que gosta de comer? -Pergunto. 

-Hm, como qualquer coisa. 

Quase meia hora depois estaciono meu carro em minha vaga, caminhamos juntos até o elevador. Pressiono o sexto andar. 

As portas de metais se abrem, revelando o hall de nosso prédio. 

-Obrigada por tudo. -Ela diz caminhando em direção a sua porta. 

-Não, espera. Vou preparar seu café da manhã. 

-Não estou com fome. 

-Não precisa estar, você apenas precisa se alimentar, e de nada que já venha pronto. -Falo. -Então. -Aponto para meu apartamento. 

A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora