C a p í t u l o 2

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Acordei um pouco desnorteada, pisquei algumas vezes. Fito tudo ao meu redor, acabei pegando no sono na sala mesmo. Isso acontece as vezes. 

São sete e meia e preciso tomar um banho, e tomar meu café. Levanto-me mesmo que o desejo do meu corpo seja permanecer deitada e me direciono até o banheiro. 

Tiro o pijama cor de rosa, e adentro ao box. A água morna me faz querer permanecer ali por um bom tempo. Depois de me secar e me trocar vou até a cozinha e pego uma maçã. Após deixar meu apartamento direciono-me ao térreo, cumprimento a Silvana, porteira do turno do dia. 

O portão que dá acesso a calçada é aberto e saio. Começo a caminhar em direção ao prédio da empresa de publicidade que abri há mais ou menos um ano atrás. 

Sinto uma brisa contra minha pele, a metrópole de São Paulo sempre é fria pela manhã, independente se estamos no verão. Gosto de andar,  além de ajudar o meio ambiente, e isto faz com que minha consciência esteja limpa no fim do dia. Caminhe e beba água, preciso admitir que no quesito água não sou o melhor exemplo, porém está na minha lista de ano novo tornar a beber. 

Depois de uns três quarteiros adentro ao prédio, não muito alto, onde minha empresa se localiza. Por se tratar de apenas quatro andares há um elevador, pouco utilizado pelos empregados.

-Bom dia Laura! -Solange, ou Sol como costumo chamar me cumprimenta assim que adentro. Ela é a recepcionista mais simpática que conheço. 

-Bom dia, Sol. 

-Hm, o Anderson quer falar com você. 

Faço uma careta, o Anderson nunca trata assuntos legais comigo.

-Obrigada, querida. Peça á ele que esteja em minha sala daqui uns dez minutos. 

Ela assente. 

Sorrio e sigo para a escada. Cada andar é de uma cor, o primeiro amarelo claro, quase que imperceptível, o segundo azul turquesa, o terceiro laranja e o quarto, onde fica minha sala é um rosa turquesa. Sim, é bem colorido, e chama a atenção e bem essa era a intenção. 

Cada andar trata de um assunto, como lidamos com publicidade o primeiro trata-se do visual, ou seja, imagens, o segundo dos sons, pois temos muitos pedidos de vídeos, e aí também entra o terceiro andar que é a edição. O quarto se trata da área administrativa da empresa. 

Cumprimento algumas pessoas enquanto subo as escadas. Quatro andares dá pra encarar, eu acho. 

Chego á minha sala, adentro. Fito a paisagem da janela que me permite vislumbrar a beleza da avenida paulista. Uma batida. 

-Entre. -Digo caminhando até a cadeira atrás da mesa. Sento-me. 

-Bom dia, Laura. -A voz rouca de Anderson ecoa pelo ambiente, ele é um homem de estatura média, um sorriso encantador, pele negra e um sonhador nato. 

-Bom dia. Sente-se. 

O mesmo faz o que peço, e percebo que carrega uma pasta em suas mãos. 

-Hm, vim tratar sobre assuntos financeiros. 

-Sabia que era bucha. -Falo fazendo-o rir. -Desembucha. 

-O nosso orçamento não está muito bom, quer dizer, nossos acionistas não tem se lembrado com tanta frequência de nós. 

-Então vamos cobrá-los, oras. 

-Não é tão simples, Laura. Além de que o evento beneficente que haverá na Joyer's será uma boa pra gente, vai lembrá-los que estamos na ativa, e apostando sempre no mercado. 

-Precisava ser da Joyer's? -Murmuro.

-Oi? 

-Nada, estou pensando alto. Tudo bem nós iremos, pode ficar tranquilo. 

-Não estamos falidos, mas gosto de ser cuidadoso. 

-Eu sei, e foi por isso que te contratei. -Digo vendo-o sorrir um pouco orgulhoso.-Tem mais algum tópico, ou... 

-Não, era só isso. 

-Então tudo certo. 

Após uma breve despedida o vejo deixar minha sala. 

Pego a maçã que havia praticamente jogado em minha bolsa e dou uma mordida na mesma sentindo o doce invadir meu paladar. 

Adoraria tomar café em casa, porém para isso necessitaria acordar mais cedo, e isso não é uma opção. Então na maioria das vezes acabo por fazê-lo aqui mesmo. 

Revendo a pequena conversa com Anderson me arrependo de ter comprado algumas ações da empresa de Marcos, mas na época em que nos casamos a Joyer's era apenas um sonho, um projeto. Então foi fácil, e queria encorajá-lo, não posso negar que a influencia por tê-lo enquanto acionista me ajudou muito quando entrei no mercado, mas ainda posso sentir meu estomago se embrulhar. 

Espanto estes pensamentos, e muito menos o lembrete desta festa que já tinha a ciência, contudo estava aliviada por não ter que ir. Ótimo, aos vinte e seis me encontro fugindo de homem, é pra acabar, né? 

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Não se esqueçam dos votos e comentários, xuxu's! Amo vocês! 15/05/2019

A Noite Que Nos ConhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora