29° Capítulo

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"Então, que tipo de comida gosta?" Harry pergunta e eu dou uma risada. Que pergunta normal para ele me perguntar. Realmente não sabemos muito um sobre o outro, além do fato de não nos darmos muito bem somos completamente o oposto. Prendo meu cabelo emaranhado, quase seco num coque e penso por um segundo sobre o que quero comer. 

"Bem, eu gosto de tudo, menos de coisas que envolvam ketchup." Digo e ele ri. 

"Não gosta de ketchup? Os americanos não deveriam todos amar ketchup?" ele brinca comigo. 

"Não sei, mas acho nojento." Dou risada e olho para ele. Sua mão ainda está na minha coxa e espero que ele nunca a tire.

"Então, vamos ter um jantar simples?" 

Concordo com a cabeça e ele vai ligar o rádio mas para e coloca outra vez sua mão em mim.

"Então, o que é que quer fazer depois da faculdade?" pergunta. Ele já me perguntou isto antes, no quarto dele.

"Vou imediatamente para Seattle e espero trabalhar numa editora ou ser escritora, eu sei que é idiota." digo, de repente envergonhada pelas minhas grandes ambições. "Você já tinha me perguntado isso, lembra?" 

"Não, não lembro. Conheço alguém que conhece o CEO da Vance Publishing house, é um pouco longe, mas talvez possa fazer um estágio lá, posso falar com ele." 

"O quê? Faria isso?" Estou surpresa, mesmo que ele tenha sido bom comigo nas últimas horas, isto é muito além do que esperava. 

"Sim, não é nada de especial." Ele parece um pouco envergonhado. Tenho certeza que ele não está acostumado a fazer coisas agradáveis. 

"Uau, obrigada. É sério. Preciso arranjar um trabalho ou estágio de qualquer maneira e isso seria literalmente um sonho se tornando realidade." Digo e bato palmas. Ele ri e balança a cabeça. 

"De nada." Ele entra num pequeno parque de estacionamento com um velho prédio de tijolos no centro do mesmo. "A comida aqui é incrível." diz e sai do carro. Ele caminha até o porta malas e abre, agarrando outra camiseta preta lisa, deve ter uma fonte infinita. Estava gostando dele estar sem camiseta, tanto que me esqueci que ele acabaria vestindo outra novamente. 

Quando entramos, nos sentamos, o lugar parece deserto. Uma velha caminha para a mesa e nos entrega os cardápios. Harry acaba por pedir um hambúrguer e batatas fritas e eu faço o mesmo. 

"É bom, não é?" Ele pergunta enquanto dou a minha primeira mordida. Concordo com a cabeça e limpo a boca. A comida é deliciosa e ambos limpamos os nossos pratos. A viagem de volta para o dormitório é descontraída e falo sobre como é crescer em Richland, ele diz que nunca ouviu falar dessa cidade. Não perde nada com isso, a cidade é pequena e todos fazem as mesmas coisas, ninguém nunca sai. Exceto eu, nunca mais vou voltar lá. Ele não me dá muita informação sobre si mesmo, mas tenho esperança de que possa dar em breve. Harry parece muito curioso sobre a minha vida de criança e franze a testa quando lhe conto sobre os problemas do meu pai com o álcool. Tinha mencionado antes, enquanto discutíamos, mas desta vez entrei com mais detalhes. Os dedos longos dele fazem círculos na minha perna enquanto guia e estou decepcionada ao ver o sinal WSU enquanto nos dirigimos para o campus. 

"Se divertiu?" Pergunto. Me sinto muito mais próxima dele agora do que há algumas horas atrás. Sei que ele pode ser bom se ele tentar ser.

"Sim, me diverti mesmo." ele parece surpreso. "Gostaria de te levar ao quarto, mas não quero jogar às vinte perguntas com a Steph." ele sorri e vira o corpo para o lado, para mim.

"Não faz mal, te vejo amanhã." Digo. Não tenho certeza se deveria me inclinar para lhe dar um beijo de despedida ou não. Estou aliviada quando os dedos dele puxam algumas madeixas soltas do meu cabelo e coloca atrás da minha orelha. Inclino o meu rosto na palma da mão e ele se inclina sobre o divisor e toca os lábios dele nos meus. Começa com um simples beijo gentil, mas sinto que isso aquece todo o meu corpo e preciso de mais. Ele agarra o meu braço e puxa-o para que eu possa passar por cima da divisória. Rapidamente sou obrigada a me sentar no colo dele. Sinto que o assento se inclina um pouco para trás, nos dando mais espaço enquanto levanto a camiseta dele um pouco e deslizo as minhas mãos por baixo. A barriga dele está dura e a pele é quente. 

A língua dele massageia a minha e ele envolve os seus braços à minha volta com força. A sensação é quase dolorosa mas é uma dor que posso de bom grado suportar por estar tão perto dele. Ele geme na minha boca, quando coloco as minhas mãos mais para cima. Amo conseguir fazê-lo gemer também, que eu tenha esse efeito sobre ele. Somos interrompidos pelo toque do meu telefone.

"Outro alarme?" Ele brinca comigo e dou risada.

"Não, é... o Noah." digo enquanto agarro o telefone e olho para a tela. A expressão dele muda, carrego no botão de desligar e atiro o telefone para o assento do passageiro. Não vou pensar no Noah agora, o empurro para o canto de trás da minha cabeça e fecho a porta. Me inclino para trás para continuar a beijar o Harry mas ele se desvia.

"Acho melhor você ir." O tom de voz dele envia arrepios através de mim. Quando olho para ele o seu olhar é distante e imediatamente o gelo substitui o fogo no meu corpo. 

"Harry, eu o ignorei. Vou conversar com ele sobre tudo isto, só não sei como ou quando. Será em breve, prometo." Digo. Sabia que num lugar bem no fundo da minha mente eu teria que acabar com o Noah no momento em que beijei o Harry pela primeira vez. Não posso namorar com ele se já o traí. Haveria sempre uma nuvem escura de culpa a pairar sobre a minha cabeça e eu não quero isso. O que sinto pelo Harry é outra razão pela qual não posso ficar mais com o Noah, eu amo o Noah, mas se realmente o amasse do jeito que ele merece ser amado, não teria sentimentos pelo Harry. Não quero magoar o Noah, mas não há como voltar atrás agora. 

"Falar com ele sobre o quê?" ele diz friamente.

"Tudo isto." Indico com as mãos à nossa volta. "Nós." explico melhor. 

"Nós? Não esta me dizendo que vai terminar com ele... por mim, não é?" 

O quê? A minha cabeça começa a girar. Sei que deveria ter saído do colo dele, mas estou congelada. 

"Você não me quer?" minha voz sai como um sussurro. 

"Não, porque haveria de querer? Quer dizer se quiser terminar com ele, mas não faça isso por mim." 

"Eu só... Eu pensei..." começo a atrapalhar as minhas palavras. 

"Eu já te disse que não namoro, Theresa." ele diz. A única coisa que fez eu ser capaz de sair do colo dele é o fato de que me recuso a deixá-lo me ver chorando, mais uma vez. 

"Você é nojento."  digo e pego as minhas coisas. Parece que ele quer dizer alguma coisa, mas não diz.

"Fica longe de mim a partir de agora, estou falando sério." digo e ele fecha os olhos. 

Ando o mais rápido que posso para o meu quarto, consegui segurar as minhas lágrimas até entrar e fechar a porta. Fico aliviada pelo quarto estar vazio enquanto deslizo pela porta e rompo em soluços. Como é que pude ser tão idiota? Eu sabia como ele era quando concordei em ficar sozinha com ele, quer dizer eu praticamente corri até a oportunidade de ficar sozinha com ele. Só porque ele foi agradável comigo hoje pensei que o quê? Que ele seria meu namorado? Me pego rindo entre os meus soluços do quão estúpida e ingênua sou. Realmente não posso mesmo ficar com raiva dele, ele já tinha me dito que não namorava, mas pensei que como hoje tivemos um tempo tão bom um com o outro, ele iria ignorar seus comentários, e além disso ele foi realmente agradável e simpático. Foi tudo uma encenação, apenas para que ele pudesse entrar na minha calcinha e eu deixei.

AFTER (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora