Quando acabamos de tomar banho e nos deitamos na cama, são quase quatro da manhã.
"Tenho que estar acordada daqui a uma hora." resmungo contra o peito dele.
"Podia dormir até as sete e meia e ainda ter tempo." ele me lembra. A ideia não parece apelativa por ter que sair correndo, mas preciso de dormir. Estou agradecida de que tirei uma soneca por isso esperançosamente não vou andar morta de pé durante o meu primeiro dia realmente de trabalho em Vance.
"Mhmm..." resmungo contra a pele dele.
"Vou mudar o teu alarme." ele diz e eu me desvio.
Os meus olhos estão ardendo da falta de sono enquanto tento encaracolar o meu cabelo indisciplinado. Delinio os meus olhos lacrimejantes com o delineador castanho e visto o meu novo vestido cor de rubi. O decote é quadrangular e baixo o suficiente para acentuar o meu busto. A bainha termina bem acima dos meus joelhos, e o pequeno cinto castanho na minha cintura dá a ilusão que levei muito mais tempo para me arranjar do que levei realmente. Considero pôr um pouco de blush, mas devido à minha noite com o Harry, as minhas bochechas ainda estão brilhantes. Coloco os meus pés dentro dos meus novos sapatos e vou até ao espelho. O vestido é bastante lisonjeiro e pareço melhor do que mereço. Olho para o Harry enrolado num cobertor na minha pequena cama, os pés dele pendurados fora da cama e eu sorriu. Espero até ao último minuto para o acordar, considero não o acordar mas sou egoísta demais e quero lhe dar um beijo de despedida. Visto o meu casaco e pego a minha bolsa.
"Tenho que ir." digo e abano o ombro dele suavemente.
"Eu te amo." ele murmura e contrai os lábios sem abrir os olhos.
"Vais às aulas?" pergunto depois de o beijar.
"Nope." ele diz e se vira.
Deixo outro beijo no seu ombro e pego nas minhas coisas. Quero tanto rastejar para a cama com ele. Talvez morar com ele não seria tão mau, passamos quase todas as noites juntos de qualquer maneira. Sacudo a ideia da minha cabeça. É uma má ideia, é cedo demais. Cedo demais. Passo o tempo inteiro de condução me imaginando tendo um apartamento com o Harry, escolhendo cortinas e pintando as paredes.
Quando o elevador alcança o terceiro andar, um jovem homem entra. Ele está usando um terno preto azul marinho e cheira a sabão.
"Qual o andar?" pergunto.
"Topo por favor." ele diz. Eu já estava a ir para o topo, por isso me encosto à parede do elevador.
"És nova aqui?" ele pergunta. Os olhos dele são de um azul crocante, o que é um estranho contraste com o seu cabelo escuro.
"Sou apena uma estagiária." digo.
"Só uma estagiária?" ele ri.
"Quero dizer, sou uma estagiária, não sou mesmo uma funcionária." me corrijo nervosamente.
"Comecei como um estagiário à alguns anos e fui contratado por tempo integral. Está na WSU?"
"Sim, esteve lá?"
"Sim, acabei o curso o ano passado. Estou contente que acabou." ele dá uma risada. "Vai gostar disto aqui."
"Obrigada, já adoro." digo quando saímos do elevador.
"Não sei o teu nome." ele diz quando viro no canto.
"Tessa, Tessa Young." digo e ele sorri, e me dá um pequeno aceno.
A mesma mulher de ontem está na mesa e se apresenta como Kimberly. Ela sorri, me deseja boa sorte e aponta para uma mesa cheia de comida e café. Sorriu e agradeço, pegando num donut borrifado e um copo de café antes de me dirigir ao meu escritório. Encontro uma pasta assinalada na minha secretária com uma nota do Sr. Vance a me dizer para começar o meu primeiro manuscrito e boa sorte. Adoro a liberdade desde estágio, não acredito na minha sorte. Começando a comer o meu donut, tiro a nota da pasta e começo a trabalhar.
O manuscrito é mesmo muito bom, e não consigo deixá-lo. Só li duzentas páginas quando o telefone na minha secretária toca.
"Olá?" não faço ideia de como responder ao telefone do meu escritório. Me sinto mais adulta do que alguma vez senti. "Quero dizer, escritório da Tessa Young?" mordo o lábio e ouço uma pequena risada no outro lado.
"Srta. Young, tem alguém aqui para a ver. Devo mandá-lo entrar?" a Kimberly pergunta.
"Tessa, me chame de Tessa por favor." digo. Parece desrespeitoso ela me chamando de Srta. Young, ela é muito mais experiente e velha que eu.
"Tessa." ela diz e consigo imaginar o seu sorriso amigável. "Devo mandá-lo entrar?" ela pergunta novamente.
"Oh, sim. Espere... quem é?"
"Não tenho a certeza... ele uhm... ele tem tatuagens, muitas tatuagens." ela sussurra e eu riu.
"Sim, eu vou ai fora buscá-lo." digo e desligo.
O Harry está aqui, a ideia me entusiasma e depois me assusta. Espero que esteja tudo bem. Quando chego à entrada o Harry está lá com as mãos nos bolsos e a Kimberly está ao telefone. Tenho a sensação de que ela está fingindo estar ao telefone, não tenho certeza. Espero que não pareça que estou tirando vantagem da grande oportunidade que o Sr. Vance me deu por ter visitantes no segundo dia.
"Hey, está tudo bem." me aproximo dele.
"Sim, só queria ver como estava indo o teu primeiro dia." ele sorri e rola o seu piercing da sobrancelha nos seus dedos.
"Oh. Está sendo fantástico, eu." começo a dizer mas paro quando Sr. Vance avança até nós.
"Bem... bem... bem... Veio pedir o teu emprego de volta?" ele sorri para o Harry e bate no seu ombro.
"Bem que você queria, seu velho." o Harry ri e o meu queixo caí. O Sr. Vance dá uma risada e levanta o seu punho antes de bater com ele nas costelas do Harry. Eles devem ser mais próximos do que eu pensava.
"Então, o que devo a honra? Ou está aqui para raptar a minha nova estagiária." ele diz e olha para mim.
"A segunda. Raptar estagiárias é o meu passatempo favorito." ele diz e olha para mim. Olho entre eles, sem saber o que dizer. Adoro ver este lado brincalhão do Harry, não aparece muito.
"Tem tempo para almoçar, você já almoçou?" o Harry me pergunta. Os meus olhos se movem para o relógio na parede, já são duas. O dia passou rápido.
Olho para o Sr. Vance e ele encolhe os ombros. "Tem uma hora para almoçar todos os dias, por isso vai lá." ele sorri e diz adeus ao Harry antes de desaparecer no corredor.
"Te mandei algumas mensagens para ter a certeza que estava aqui, mas não respondeu." o Harry me diz quando entramos no elevador.
"Não olhei para o telefone, fiquei presa a uma história." digo e pego na mão dele.
"Está bem certo? Nós estamos bem?" ele pergunta, os olhos dele trancados nos meus.
"Sim, porque não estaríamos?"
"Eu... eu não sei... estava só me perguntando porque não me respondeu. Pensei que... talvez estava começando a se arrepender de ontem à noite." ele olha para baixo.
"O quê? Claro que não. Sinceramente não vi o meu telefone. Não tenho arrependimentos de ontem à noite, nem um." não consigo esconder o meu sorriso quando as memórias invadem os meus pensamentos.
"Que bom. Bem, que alívio." ele respira fundo.
"Dirigiu até aqui porque pensou que estava arrependida?" pergunto. É um pouco extremo mas lisonjeiro ao mesmo tempo.
"Sim... bem, não totalmente. Também queria te levar para almoçar." ele sorri e leva a minha mão aos seus lábios.
Saímos do elevador e vamos para fora. Devia ter trazido o meu casaco. Me arrepio e o Harry olha para mim.
"Tenho um casaco no meu carro. Podemos ir buscá-lo e depois ir até à outra rua para o Brio, é mesmo muito bom." ele diz enquanto vamos até ao carro dele. Ele tira um casaco preto de couro do porta bagagem e eu riu. Ele deve ter um guarda-roupa inteiro ali, desde que o conheci que ele tem sempre roupa lá.
O casaco é surpreendentemente quente e cheira como o Harry. O casaco me engole claro, por isso abano os braços e puxo as mangas para cima.
"Obrigada." beijo-o no maxilar.
"Fica bem em você, tamanho perfeito." ele ri.
Ele me dá a mão enquanto andamos pela calçada, ganhamos alguns olhares estranhos dos homens de negócios e das mulheres na rua. Às vezes me esqueço do quão diferentes parecemos por fora. Somos polos opostos em quase todas as formas, mas de alguma forma funciona.
O Brio é pequeno mas é um lugar exótico Italiano. O chão está coberto em azulejos bonitos multi-coloridos e o teto é um mural que eu interpreto como sendo o paraíso. Um anjo gorducho e sorridente está à espera do lado de fora de uns portões brancos, há um conjunto de anjos, um branco, e um preto fechado atrás dos portões. O anjo branco parece estar tentando pôr o outro para o outro lado.
"Tess?" o Harry diz e me puxa pela manga do casaco dele.
"Estou indo." resmungo e vamos até à mesa.
A nossa mesa está no fundo do restaurante e o Harry se senta na cadeira ao meu lado, em vez de se sentar na da frente. Ele coloca a sua cadeira mais perto e descansa os seus cotovelos na mesa. Ele pede para os dois e não me importo, ele já esteve aqui antes.
"Então você e o Sr. Vance são bastante próximos?" pergunto.
"Não diria isso. Mas nos conhecemos bem o suficiente." ele encolhe os ombros.
"Parece que está evoluindo, gosto de te ver dessa forma." admito.
A ponta de um sorriso se rasga nos seus lábios e ele coloca a sua mão na minha coxa. "Agora gosta?"
"Sim, gosto de te ver feliz." sinto que há mais por detrás da relação dele com o Sr. Vance do que aquilo que ele me está contando, mas por agora não vou forçar nada.
"Estou feliz. Mais feliz do que pensei que fosse ser... alguma vez." ele adiciona.
"O que aconteceu contigo? Está agradável comigo." brinco com ele e ele dá uma risada.
"Posso virar algumas mesas, sangrar alguns narizes para te lembrar." ele diz e eu puxo o meu ombro para o dele.
"Não obrigada." dou pequenas risadas.
A nossa comida chega e eu agradeço à garçonete antes de dar uma dentada. Ele nos pediu tipo um ravioli e é delicioso.
"Bom huh?" ele se gaba e enche a boca com comida. Assinto com a cabeça e faço o mesmo.
Eu e o Harry brigamos sobre quem vai pagar o almoço e ele acaba ganhando.
"Pode me pagar mais tarde." ele pisca.
Quando voltamos a VP, o Harry me segue até dentro.
"Vai subir?" pergunto.
"Sim, eu queria ver o teu escritório e depois ir embora. Prometo." ele sorri.
"Combinado." digo e entramos no elevador. Quando chegamos ao último andar dou o seu casaco e ele veste-o. Os meus olhos se arregalam ao quão hot ele fica com o casaco de couro.
"Hey, é você outra vez." o homem no termo azul escuro diz enquanto andamos pelo corredor.
"E é você outra vez." sorriu.
Os olhos dele se lançam para o Harry que está ao meu lado. "Sou o Harry." ele diz ao homem.
"Prazer em te conhecer, o meu nome é Trevor, trabalho nas finanças." ele diz ao Harry. "Bem, te vejo por ai." ele diz e vai embora.
Quando entramos no escritório o Harry agarra o meu pulso e me puxa para o encarar.
"Que porra foi aquilo?" ele cospe. Ele está brincando? Olho para o meu pulso nas mãos dele e levo como um não. O aperto dele não é muito apertado mas me segura no lugar.
"O quê?"
"Aquele cara." ele bufa.
"O que é que ele tem? Só o conheci hoje de manhã no elevador." puxo o pulso.
"Não pareceu que só o conhece, vocês estavam os dois paquerando na minha frente."
"O quê?" não consigo evitar em rir. "É maluco se acha que estava paquerando ele, estava sendo educada e ele também. Porque eu iria paquerar ele?" tento manter a minha voz baixa. Causar uma cena no meu escritório não vai ser bom para mim.
"Porque não iria? Ele é agradável e inteligente, de terno e tudo." o Harry diz.
Ele parece mais magoado e preocupado do que zangado. Os meus instintos me dizem para gritar com ele e dizer para sair daqui, mas decido fazer um confronto diferente. Tal como quando ele estava quebrando coisas na casa do seu pai.
"É isso que pensa? Que quero alguém como ele, alguém diferente de você?" pergunto numa voz suave. Ele é surpreendido, eu sei que ele esperava que eu gritasse com ele. Ele pondera sobre o que dizer a seguir.
"Não sei... talvez." os olhos dele encontram os meus.
"Bem, está errado, como sempre." sorriu. Preciso falar com ele sobre isto depois, mas a minha necessidade precisa de ter a certeza que ele sabe que não tem nada com que se preocupar com dominantes, com a minha necessidade de o corrigir.
"Desculpa se pensou que estava paquerando ele, não estava. Eu não faria isso." asseguro ele. Os olhos dele suavizam e eu levo a minha mão ao seu rosto. Como é que uma pessoa consegue ser tão forte, no entanto tão fraca.
"Eu... ok." ele diz. Riu e acarinho a bochecha dele. Adoro apanhá-lo desprevenido.
"Porque eu iria paquerar com ele se ja tenho você?" digo. Os olhos dele palpitam e ele finalmente sorri. Estou aliviada que estou aprendendo a desarmar a bomba que o Harry é.
"Eu te amo. Desculpa por explodir daquela forma." ele diz e pressiona os seus lábios nos meus.
"Aceito as tuas desculpas, agora me deixar te mostrar o meu escritório!" digo numa voz alegre.
"Eu não te mereço." ele diz baixinho, baixinho demais. Decido ignorar e manter a minha atitude edificante.
"Então o que acha?" sorriu.
Ele dá uma risada e me ouve atentamente enquanto lhe mostro cada detalhe, cada livro na prateleira e a moldura vazia na secretária.
"Estava pensando em pôr uma fotografia nossa aqui." digo. Nunca tiramos fotografias nenhumas juntas, a ideia nunca me passou pela cabeça até pôr a moldura ali. O Harry não parece ser do tipo que iria sorrir para uma câmara, ou até para um telefone.
"Oh. Eu não tiro fotografias." ele confirma os meus pensamentos.
Estou um pouco embaraçada por ele pôr a ideia em baixo dessa forma e ele repara nisso.
"Quer dizer... acho que podia tirar uma. Só uma." ele se esforça.
"Vamos nos preocupar com isso depois." sorriu e ele parece aliviado.
"Agora podemos passar ao quão sexy fica nesse vestido, tem me deixado louco desde que cheguei aqui." a voz dele é muito mas profunda e ele dá um passo mais perto. O meu corpo aquece imediatamente, as palavras dele nunca param de me revelar.
"Tem sorte que não abri os olhos esta manhã, se eu abrisse..." ele traça os seus dedos pelo decote do meu vestido. "Não te deixaria sair."
Ele trás a sua outra mão para a bainha do meu vestido e acarinha a minha coxa.
"Harry..." aviso-o. A minha voz me traí e saí mais como um gemido.
"O quê bebê... não quer que eu faça isto?" ele me levanta e me senta na ponta da mesa. Oh.
"É que..." os meus pensamentos são nevoados pelos lábios dele contra o meu pescoço. Enterro os meus dedos no seu cabelo e ele belisca a minha pele. "Não podemos... alguém pode entrar.. ou assim." as palavras estão confundidas e não fazem muito sentido. Ele coloca as suas mãos nas minhas coxas e as abre.
"Há uma fechadura na porta por alguma razão... quero te levar aqui mesmo, nesta mesa. Ou talvez contra a janela." a boca dele viaja mais baixo no meu peito. A ideia do que ele está propondo manda eletricidade pelo meu corpo. Os dedos dele esfregam sobre a renda da minha calcinha e ele respira fundo pelos dentes.
"Está me matando." ele geme quando olha entre as minhas pernas para ver o conjunto de renda que comprei ontem. Não acredito que estou deixando isto acontecer, numa mesa, num escritório, no segundo dia do meu estágio. A ideia me excita tanto como me aterroriza.
"Tranca a..." começo mas somos interrompidos pelo som do telefone. Me inclino para trás e me apresso a atender.
"Olá? Tessa Young falando." digo. Preciso mesmo perguntar e ver como devo atender o telefone.
"Srta. Young. Tessa." ela se corrige. "O Sr Vance vai sair por hoje e está a caminho do seu escritório." ela diz com uma ponta de divertimento na sua voz. Ela está me avisando porque o Harry e eu estamos aqui. Ela deve ser capaz de ver o quão irresistível o Harry consegue ser. Coro e agradeço antes de descer da mesa.
"Ele está vindo aqui, fica aqui." suavemente puxo o Harry para a janela.
"Então, fica para depois?" ele se desfaz em sorrisos e há um toque na porta.
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AFTER (Tradução Português/BR)
FanfictionTessa Young é uma estudante universitária de 18 anos com uma vida simples, excelentes notas, e um namorado doce. Ela sempre tem as coisas planejadas antes do tempo, até que ela conhece um rapaz chamado Harry, com muitas tatuagens e piercings que des...