86° Capítulo

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Quando chegamos ao quarto me atiro na cama. Ainda estou zangada com o Harry, mas não tão zangada como estava. Não quero mais atenção nenhuma do Jace do que a necessária, mas ainda não gosto que pareça que o Harry quer esconder a nossa relação. Conhecer o Jace levantou mais questões que eu sei que o Harry não quer que eu pergunte.

"Estou mesmo arrependido. Não queria te magoar." ele diz. Não olho para ele porque sei que me vou derreter. Ele precisa saber que eu não vou aturá-lo fazendo coisas como esta.

"Você... você ainda me quer?" ele pergunta. A voz dele está tremida.

Quando olho para ele, ele parece vulnerável. Suspiro, sabendo que não sou capaz de aguentar a minha raiva quando os olhos dele estão tão cheios de preocupação.

"Sim, claro que quero. Vem aqui." digo e bato levemente na cama ao meu lado. Não tenho força de vontade quando se trata do Harry.

"Me considera a sua namorada?" pergunto quando ele se senta.

"Sim, quer dizer, é um pouco estúpido te chamar disso." ele diz.

"Estúpido?" pego nas minhas unhas, uma mau hábito que já tentei parar.

"Você é mais para mim do que um titulo adolescente qualquer." Ele coloca as suas grandes mãos em ambos os lados do meu rosto. A resposta dele faz a minha barriga tremer na melhor forma. Não consigo evitar o sorriso largo que está na minha cara. Os ombros dele relaxam imediatamente.

"Não gosto que não queira que as pessoas saibam de nós, como é que íamos viver juntos se nem contou aos teus amigos sobre nós?"

"Não é bem assim, quer que eu ligue para para o Zayn agora mesmo e lhe diga? Se alguém devia ter vergonha, era você de estar comigo. Eu vejo a forma como as pessoas olham para nós quando estamos juntos." ele diz. Então ele repara.

"Tem me preocupado que vá desistir de mim." ele suspirar.

"Desistir de você?" repito.

"É a única pessoa na minha vida, sabes disso não sabe? Não sei o que faria se não fosse assim, se me deixasse." ele esclarece.

"Não te vou deixar se não me der uma razão para deixa-lo." asseguro-o. Não consigo pensar numa única coisa que ele poderia fazer para eu o deixar. Estou dentro disto demais. Pensar em deixá-lo, manda dor pelo meu corpo que eu não conseguiria aguentar. Iria me quebrar. Mesmo que a gente discuta todos os dias, eu o amo.

"Não darei." ele diz. Ele desvia o olhar de mim por um segundo e depois encontra os meus olhos novamente.

"Eu gosto de quem sou contigo." ele diz e eu coloco a minha bochecha ainda mais na sua mão.

"Eu também." respondo simplesmente. Eu o amo, cada parte dele. Todas as versões dele. Principalmente gosto de quem me tornei com ele, ambos temos mudado para o melhor um pelo o outro. De alguma forma, consegui abri-lo e trazer alguma felicidade a ele, e ele me ensinou como viver e não me preocupar com cada detalhe.

"Eu sei que eu te chateio às vezes... bem, muitas vezes, e porra, Deus sabe como me deixa louco." ele diz.

"Obrigada?"

"Estou só dizendo, só porque brigamos não quer dizer que não devemos ficar juntos. Toda mundo briga, nós apenas brigamos mais do que as pessoas normais." ele sorri.

"Nós somos pessoas muito diferentes por isso temos que aprender como navegar um com o outro, vai ser mais fácil." ele me assegura.

Retorno o sorriso dele e corro os meus dedos pelo cabelo dele.

"Ainda não temos nada para vestir no casamento." aponto.

"Oh merda, parece que não podemos ir." ele torna a sua cara para o mais falso olhar carregado que alguma vez vi e beija o meu nariz.

"Queria. É só terça-feira, vamos arranjar algo mais tarde esta semana."

"Ou podemos pular isso e eu podia te levar a Seattle este fim de semana?" ele levanta uma sobrancelha.

"O quê?" me sento.

"Quer dizer, não! Vamos ao casamento." me corrijo. "Mas podia me levar a Seattle no próximo fim de semana."

"Nope, a oferta está aberta se formos este fim de semana." ele brinca e me puxa para o colo dele.

"Pronto, acho que vou ter que encontrar outra pessoa para me levar a Seattle." o maxilar dele fica tenso e eu traço a ponta dos meus dedos pela barba por fazer no seu queixo e no maxilar.

"Não seria capaz." os lábios dele se contraem para aguentar o seu sorriso.

"Oh, certamente ia. Afinal, Seattle é o meu lugar favorito."

"O seu lugar favorito?"

"Sim, eu nunca estive em nenhum outro lugar."

"Qual foi o lugar mais longe que já foi?" ele pergunta. Deito a minha cabeça no peito dele e ele se encosta à cabeceira da cama, pondo os seus braços à minha volta.

"Seattle. Não saí de Washington."

"Nunca?" ele está perplexo.

"Nope, nunca."

"Porque não?" ele pergunta.

"Não sei, apenas não podíamos depois do meu pai nos abandonar. A minha mãe estava sempre trabalhando e eu estava focada demais na escola e em sair daquela cidade que eu realmente não pensava em mais nada, exceto trabalhar."

"Onde é que queria ir?" ele pergunta, os dedos dele passando para cima e para baixo no meu braço.

"Chawton. Quero ver a casa do campo da Jane Austen. Ou Paris, adoraria ver onde o Hemingway ficou enquanto esteve lá."

"Eu sabia que ia dizer esses lugares. Podia te levar lá." o tom dele é sério.

"Vamos só começar com Seattle." dou pequenas risadas.

"Estou falando sério Tessa. Podia te levar a qualquer lugar que quisesse ir. Especialmente Inglaterra, eu cresci lá. Podia conhecer a minha mãe o resto da minha família."

"Uhmm.." não tenho mesmo nada para dizer. Ele é tão estranho, ele me apresenta como sua amiga em uma hora e agora está a tentando me levar para a Inglaterra para conhecer a mãe dele.

"Vamos só começar com Seattle?" riu.

"Está bem, mas eu sei que ia adorar dirigir pelo campo Inglês, ver a casa onde Austen cresceu..."

Não consigo imaginar como a minha mãe ia reagir a eu deixar o país com o Harry. Ela provavelmente ia me trancar no porão e nunca me deixar sair. A melhor coisa sobre isto, é que ela não tem absolutamente opinião naquilo que eu faço, sou uma adulta. Ainda não falei com ela desde que ela fez uma tempestade ao sair do meu dormitório antes de me ameaçar numa tentativa de eu deixar de ver o Harry. Quero evitar esse inevitável argumento o máximo que conseguir.

"O que foi?" ele pergunta e baixa a sua cabeça em frente à minha.

"Nada, desculpa, estava só pensando na minha mãe." digo.

"Oh.. ela vai entender bebê." ele parece tão seguro mas eu conheço ela melhor que ele.

"Não me parece, mas vamos falar de outra coisa." o celular do Harry vibra no bolso dele. Saio de cima dele para que ele o possa tirar mas ele não se mexe ..

"Quem quer que seja, pode esperar." ele me diz.

"Vamos ficar na casa do teu pai no sábado depois do casamento?" pergunto. Preciso tirar a minha mãe da minha cabeça.

"É isso que quer fazer?" ele pergunta.

"Sim, gosto de lá. Esta cama é pequena." enrugo o nariz e ele ri.

"Podemos ficar na minha casa mais vezes. Que tal esta noite?"

"Tenho o meu estágio de manhã." lembro.

"Então? Pode levar as suas coisas com você e se arruma em um banheiro de verdade. Não tenho estado no meu quarto, eles provavelmente já estão tentando arromba-lo." ele brinca. "Não quer tomar um banho sem outras trinta pessoas no mesmo banheiro?"

"Vendido." sorrio e saiu da cama.

O Harry me ajuda a arrumar as minhas coisas para amanhã e fico mais e mais entusiasmada para ir para a casa de fraternidade. Eu odiava aquela casa, e ainda odeio, mas a ideia de um banho em um banheiro de verdade e a grande cama do Harry são apeladoras demais para desperdiçar. Ele pega no conjunto vermelho de lingerie da minha cômoda e eu coro antes de o pôr na minha mala. Coloco uma das minhas saias pretas velhas e uma blusa branca, quero ter espaço para os meus novos vestidos.

"Sutiã vermelho e blusa branca?" o Harry pergunta. Tiro a blusa branca e pego numa azul e coloco dentro da bolsa.

"Podia levar roupas extra com você, assim não teria que trazer tantas da próxima vez." ele sugere. Ele quer que eu tenha roupas na casa dele. Adoro que é um fato que vamos passar todas as noites juntos.

"Acho que podia." digo e coloco o meu novo vestido branco e algumas peças de roupa aleatórias.

"Sabe o que é que ia fazer isto muito mais fácil?" ele diz e coloca a minha mala no ombro.

"O quê?" eu já sei o que ele vai dizer.

"Se vivêssemos os dois no mesmo lugar." ele sorri.

"Tinha a sensação que ia dizer isso."

"Não tínhamos que decidir onde ficar e não tinha que fazer uma mala. Ia ter um banheiro privado todos os dias, bem, não totalmente privado." ele pisca o olho na brincadeira e abre a porta do carro para mim.

"Podia acordar e fazer o teu próprio café, na nossa cozinha e se arrumar para o dia e podíamos nos encontrar em casa no fim do dia, todos os dias. Nada desta merda de colega de quarto ou casa de fraternidade." todas as vezes que ele diz "nosso" a minha barriga estremece.

Quanto mais penso nisso, melhor parece. Estou apenas com medo de ir muito rápido com o Harry, não quero que arrebente tudo na minha cara.

"Para de pensar demais nisso." ele coloca a sua mão na minha perna enquanto conduz até à casa. Ouço o celular dele vibrar outra vez, mas ele ignora. Não consigo evitar em ficar um pouco desconfiada do porquê de ele não atender o telefone, mas tiro o pensamento da cabeça.

"De que é que tem medo?" ele pergunta quando não respondo.

"Não sei, e se alguma coisa acontece com o meu estágio e eu não posso ajudar. Ou se alguma coisa acontece conosco." ele carrega o olhar mas recupera rapidamente.

"Bebê, já te disse que pago o lugar. A ideia foi minha e eu ganho quatro vezes mais que você." ele diz. Wow. Eu imaginava que ele ganhava muito mais, mas não tanto.

"Não quero saber o quanto ganha, não gosto da ideia de pagar tudo."

"Pode pagar a televisão então?" ele se desfaz em sorrisos.

"Televisão e comida?" ofereço. Não consigo decidir se estou falando hipoteticamente ou não.

"Combinado. Comida... isso soa bem não soa? Podia ter o meu jantar pronto todas as noites quando eu chegasse a casa."

"Desculpa? Ia ser ao contrário." riu.

"Podemos rodar os dias?"

"Combinado."

"Então vai morar comigo?" acho que nunca vi um sorriso tão profundo na cara perfeita dele.

"Não disse isso, eu estava só.."

"Sabe que vou cuidar de você, certo? Sempre." ele promete.

Quero dizer que não quero ser cuidada, quero merecer as coisas e pagá-las por mim, mas tenho a sensação de que ele não está falando financeiramente.

"Tenho medo que isto seja bom demais para ser verdade." finalmente admito ao Harry e a mim mesma.

Ele me surpreende dizendo "Eu também."

"Sério?" estou aliviada que ele se sente da mesma forma.

"Sim, o pensamento me passa pela cabeça a toda a hora. É boa demais para mim e eu estou só à espera que você perceba isso, mas espero que não." ele diz, os seus olhos focados na estrada.

"Isso não vai acontecer." digo sinceramente.

Ele não diz nada.

"Ok." quebro o silêncio.

"Ok o quê?" 

"Ok. Eu vou morar com você." sorriu.

Ele deixa sair um grande suspiro que parece que tem estado a aguentar por horas. "Sério?" As covinhas dele estouram enquanto ele abana a cabeça e mostra um sorriso.

"Sim."

"Não faz ideia do que isso significa para mim Theresa." ele coloca a sua mão sobre a minha e aperta. O Harry vira para a rua dele e a minha cabeça corre. Estamos mesmo fazendo isto, vamos morar juntos. Eu e o Harry. Sozinhos. A toda a hora. Na nossa casa. Na nossa cama. Nosso tudo. Estou assutada como o inferno mas o meu entusiasmo é mais forte que o meu nervosismo, neste momento pelo menos.

"Não me chame de Theresa ou vou mudar de ideia." brinco com ele.

"Disse que só amigos e família podiam te chamar disso, acho que ganhei o direito." ele diz. Ele se lembra disso? Disse isso logo depois de o conhecer.

"Pronto bem feito. Me chame do que quiser." dou um grande sorriso.

"Oh bebê, eu não diria isso se fosse você. Tenho uma grande lista de coisas que ia adorar te chamar." o sorriso dele é perverso e eu sei que ele se refere a nomes perversos. Me pego querendo saber quais são esses nomes mas me paro de perguntar e aperto as minhas pernas juntas. Ele deve ter reparado porque o sorriso dele cresce.

Eu estou pensando em falar como ele é pervertido mas as palavras estão perdidas na minha garganta quando chegamos a casa dele. O jardim está cheio de pessoas e a rua está cheia de carros.

"Porra, não sabia que eles estavam tendo uma festa hoje à noite. Porra é terça-feira. Vê, é esta merda.." ele começa.

"Está tudo bem. Podemos apenas ir logo para o teu quarto." interrompo, tentando acalmar a irritação dele.

"Está bem." ele suspira.

Quando entramos dentro da casa cheia de pessoas, o Harry e eu vamos direitos para as escadas. Quando começo a pensar que eu consegui entrar sem encontrar alguém que conheço, vejo aquele cabelo loiro arenoso e oleoso no topo das escadas. Jace.

AFTER (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora