93° Capítulo

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Quando acordo levo alguns minutos para perceber que ainda estou no sofá. 

"Harry?" chamo, me desembaraçando do cobertor e andando até ao nosso quarto, esperando que ele esteja lá. O quarto está vazio e não há nenhuma resposta. Onde é que ele está?

Volto para a sala de estar e pego o meu telefone das costas do sofá. Ainda não tenho mensagens dele e são sete da manhã. Ligo mas vai para a caixa de mesagens e desligo. Ando pela cozinha e ligo a cafeteira antes de ir para o banheiro para tomar um banho. Felizmente acordei a tempo porque adormeci à espera do Harry a noite passada e não liguei o meu alarme. Eu nunca me esqueço de ligar o alarme.

"Onde você está?" digo alto e entro no banho.

Enquanto seco o cabelo, penso no máximo de explicações para a ausência dele. A noite passada pensei que ele tivesse ficado retido por causa do trabalho, visto que ele tinha muito para fazer ou talvez encontrou alguém que conhecia e se esqueceu do tempo. A explicação mais provável é que ele foi a uma festa, de alguma forma eu sei que foi isso que aconteceu. Estava preocupada o tempo todo, preocupada que ele tivesse sofrido um acidente. Só a ideia me dói tanto. Mas não interessa qualquer desculpa ou história que eu invente na minha cabeça, eu sei que ele está fazendo algo que não era suposto. Estava tudo bem entre nós a noite passada e depois ele vai embora e fica fora a noite toda?

Coloco a minha velha saía preta justa e uma blusa rosa suave, não estou no humor para usar um vestido hoje.

Quando chego a Vance estou furiosa. Quem é que ele pensa que é para ficar fora a noite toda sem sequer falar comigo? A Kimberly levanta a sua sobrancelha para mim quando passo pela mesa de donut's sem pegar nenhum, mas lhe dou o meu melhor sorriso falso e ando para o meu escritório. A minha manhã passa como um raio, leio e releio a mesma página uma e outra vez sem compreender nenhuma das palavras.

Há um toque na minha porta e o meu coração para. Desesperadamente espero que seja o Harry, independente do quanto estou passada com ele. É a Kimberly.

"Quer almoçar comigo?" ela pergunta docemente.

Quase recuso a oferta dela, mas me sentar aqui e me atormentar sobre o paradeiro do meu namorado não está me ajudando em nada.

"Claro." sorriu.

Viramos a esquina para uma pequena cantina com estilo de restaurante mexicano. Estamos ambas arrepiadas quando chegamos lá dentro e ela pede para sermos sentadas perto do calor.

"O tempo é implacável." ela chocalha.

"Quase me esqueci o quão frio o inverno é." digo. As estações foram misturadas, mal notei o outono a passar.

"Então.. como estão as coisas com o Sr. Fodão?" ela pergunta com uma risada.

A garçonete traz batatas e salsa e o meu estômago ronca. Nunca mais pulo o meu donut.

"Bem.." me debato em partilhar ou não a minha vida pessoal com ela. Não tenho muitos amigos, nenhum mesmo, excluindo a Steph, que nunca mais vi. A Kimberly é pelo menos dez anos mais velha que eu e ela tem alguma compreensão na mente do homem, algo que eu com certeza não tenho. Olho para o telhado coberto de cordas de luzes em formas de garrafa de cerveja e respiro fundo.

"Bem, na realidade não tenho certeza de como as coisas estão no momento. Ontem as coisas estavam bem mas depois ele ficou fora a noite passada. A noite toda. Era a nossa segunda noite no apartamento e ele apenas não voltou." explico.

"Espera... espera... volta atrás. Ok, então vocês dois vivem juntos?" ela fica de boca aberta.

"Sim.. desde terça-feira." tento sorrir.

"Ok, então ele simplesmente não voltou para casa ontem à noite?"

"Não, ele disse que tinha que trabalhar e ir à biblioteca mas depois não veio para casa."

"E não acha que ele está machucado nem nada, certo?"

"Não, não penso mesmo." sinto que de alguma forma eu ia saber se ele não estivesse bem, como se estivéssemos amarrados de alguma forma que eu iria imediatamente sentir se ele estivesse machucado.

"Ele não ligou?"

"Não. Nem mandou mensagem." carranco.

"Eu teria as bolas dele se fosse você. Isto é inaceitável." ela diz.

"A comida de vocês vai sair em pouco tempo." a empregada diz e desaparece antes de encher a minha água.

"Estou falando sério, tem que esclarecer que ele não pode se comportar desta forma, se não ele vai continuar fazendo isso. O problema com os homens é que eles são criaturas de hábito e se deixar isto ser o hábito dele, nunca mais serás capaz de o mudar. Ele precisa saber desde o inicio que não vai suportar a merda dele. Ele é sortudo por te ter e ele precisa perceber o que faz." ela aponta.

Algo na conversa estimulante dela me dá mais confiança na minha raiva. Devia estar passada, devia "ter as bolas dele" como a Kimberly disse tão sutilmente.

"Como é que faz isso?" pergunto e ela ri.

"Deixa ele levar com isso. A não ser que ele tenha mesmo uma boa desculpa, o que tenho eu certeza que ele está arranjando agora, atira tudo no segundo que ele entrar por aquela porta. Merece ser respeitada e se ele não está fazendo isso, então tem que fazê-lo respeitar ou mandá-lo para outro lado."
"Faz isso parecer tão fácil." riu.

"Oh, está longe de ser fácil, mas tem que ser feito." ela ri comigo.

O resto do almoço é enchido com história da vida da faculdade dela e como ela teve a sua parte generosa de relações terríveis. O blob bob dela balança para trás e para a frente enquanto ela abana a cabeça durante quase cada história. Me encontro rindo tanto que tenho que limpar os cantos dos meus olhos. A comida é deliciosa e estou feliz que saí para vir almoçar em vez de ficar amuada sozinha no meu escritório.

Vejo o Trevor perto dos banheiros no nosso piso, na nossa viagem de volta ao meu escritório.

"Olá Tessa." ele sorri.

"Hey, como é que está?" pergunto educadamente.

"Estou bem, está muito frio lá fora." ele diz e eu concordo com a cabeça. "Está linda hoje." ele adiciona e desvia o olhar. Tenho a sensação que ele não queria dizer isto alto.

Sorriu e agradeço antes de ir até o banheiro, obviamente envergonhada.

Quando vou embora, tenho literalmente, nenhum trabalho acabado, por isso levo o manuscrito para casa comigo na esperança de compensar a minha falta de motivação hoje.

Quando chego ao apartamento, o carro do Harry não está no estacionamento. A minha raiva volta e eu ligo e brigo com ele no voicemail dele, o que, surpreendentemente me faz sentir um pouco melhor. Faço um jantar rápido e arrumo as minhas coisas para amanhã. Não acredito que amanhã é Sexta, o casamento é Sábado. E se ele não voltar antes disso? Ele vai. Não vai? Olho em volta do apartamento, tão charmoso que é, parece que perdeu algum do seu brilho com a ausência do Harry.

De alguma forma, arrumo uma forma de conseguir uma boa quantidade de trabalho feito e enquanto estou arrumando o meu trabalho a porta abre. O Harry tropeça pela sala de estar e para dentro do quarto sem dizer uma palavra. Ouço atirar as suas botas contra o chão e falando sozinho, mais provável por ter caído. Vou pelo o que a Kimberly disse no almoço hoje e reúno todos os meus pensamentos, puxando raiva para elas.

"Onde que você estava!" grito quando entro no quarto. O Harry está sem sua t-shirt e está tirando as calças.

"Também é bom te ver." ele repreende.

"Está bêbedo?" fico de boca aberta.

"Talvez." ele reponde e atira as calças para o chão.

Bufo e pego nelas, atirando-as para ele. "Temos um cesto por alguma razão." olho para ele e ele ri. Ele está rindo.

"Tem algum problema Harry! Fica fora a noite toda e quase o dia todo, sem sequer me ligar e depois tropeça aqui bêbedo e rindo de mim?" grito.

"Para de gritar, estou com uma dor de cabeça de morte." ele resmunga e se deita na cama.

"Acha que isto é engraçado? Isto é algum tipo de jogo para você? Se não vai levar a nossa relação a sério então porque é que me pediu para morar com você?"

"Não quero falar sobre isto agora. Está exagerando, agora vem aqui e me deixa te fazer feliz." os olhos dele estão cheios de sangue da quantidade de álcool que ele consumiu. Ele segura os braços fora para mim com um estúpido sorriso bêbedo na cara.

"Não Harry. Estou falando sério. Não pode apenas ficar fora a noite toda e nem sequer me oferecer uma explicação." digo.

"Jesus. Porra pode relaxar? Não é a minha mãe. Para de brigar comigo e vem aqui." ele repete.

"Vai embora." estalo.

"Desculpa?" ele se senta. Agora tenho a atenção dele.

"Me ouviu, vai embora. Não vou ser aquela garota que se senta em casa a noite toda à espera que o namorado venha para casa. Esperava que ao menos viesse com uma boa desculpa, mas nem tentou! Não vou deixar passar desta vez Harry, te perdoo sempre facilmente demais. Não desta vez. Por isso, ou se explica ou vai embora." cruzo os braços. Orgulhosa de mim mesma por não deixar passar isto.

"Caso você tenha esquecido, sou eu que está pagando as contas aqui, por isso se alguém vai sair. Vais ser você." ele diz com um olhar vazio.

Olho para baixo para as mãos dele nos seus joelhos, as articulações dele estão outra vez com golpes e cobertas em sangue seco.

"Entrou numa briga outra vez?" pergunto. A minha cabeça ainda está tentando pensar em algo para dizer em resposta à anterior afirmação dele.

"Isso interessa?"

"Sim Harry! Interessa. Foi isso que andou fazendo a noite toda? Batendo em pessoas? Nem fez trabalho nenhum, não é? Ou esse é o seu trabalho, bater em pessoas?"

"O quê? Não, isso não é o meu trabalho. Você sabe qual é o meu trabalho. Eu trabalhei e depois fiquei distraído." ele diz e passa a mão pela cara.

"Por?"

"Nada. Jesus. Está sempre em cima de mim." ele resmunga.

"Estou sempre em cima de você? O que é que esperava que acontecesse quando tropeçou aqui depois de ficar fora a noite toda e o dia todo!"

"Preciso de resposta Harry, estou farta de não as ter."

Ele me ignora e puxa a sua t-shirt pela cabeça.

"Estava preocupada o dia todo, podia ao menos ter me ligado. Nem liguei o meu alarme hoje, não fiz quase trabalho nenhum e estava uma porcaria hoje enquanto você estava bebendo e fazendo sabe deus o quê." digo. "Está mexendo com o meu estágio e isso não está bem." adiciono.

"O seu estágio? Quer dizer, aquele que o meu pai te arrumou?" ele cospe.

Ouch. "É inacreditável."

"Estou só dizendo." ele encolhe os ombros.

Como é que isto é a mesma pessoa que apenas à duas noites, estava sussurrando o quanto me ama na minha orelha enquanto pensava que eu estava dormindo?

"Nem vou responder a isso, porque eu sei que é isso que quer. Quer uma briga e eu não vou te dar uma." pego uma das minhas t-shirt e saiu do quarto. Antes de sair, me viro para ele.

"Mas vou deixar isto claro, se não perceber o que está fazendo.. como agora.. eu vou embora." digo e vou para o sofá.

Deixo algumas lágrimas cairem antes de limpar a minha cara e de pegar na velha cópia do Harry de "Morro dos Ventos Uivantes". Não interessa o quanto quero voltar para lá e fazê-lo explicar tudo, onde é que ele esteve, com quem é que esteve, porque é que ele entrou numa briga e com quem, me forço para ficar no sofá porque isto vai aborrecê-lo ainda mais.

AFTER (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora