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Não foi tão ruim quanto pensei

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Não foi tão ruim quanto pensei. No final das contas, o Olivier não ficou tão bravo, visto que, além da sogra da Karen, ele também teve uma oportunidade frente às câmeras para falar sobre a clínica e esclarecer que ela existe há tantos anos, que seria impossível ter alguma ligação com o cartel de Medellín. Incrivelmente, quando chegamos, ele não se manifestou sobre a Karen ter abandonado a equipe de repente. Acredito que ele não tenha chegado à este nível de sensibilidade sozinho. Dona Heloísa deve ter conversado com ele e sugerido que não tocasse no assunto e a deixasse em paz. É só uma dedução minha, mas já me deixou tranquilo em deixar a Karen lá sem mais preocupações. Independente de haver algum sentimento meu por ela, quero muito que esse momento de conturbação termine logo, e se Olivier pegar mais leve com ela, já teremos meio caminho andado.

Ainda atônito com os acontecimentos do dia e também muito esfomeado, fico aliviado por estar chegando em casa. Eu não sei cozinhar, mas minha empregada doméstica é também a melhor cozinheira do Rio de Janeiro. Ela deve ter deixado algo pronto para eu esquentar no microondas.

Estaciono o carro na garagem e entro pelos fundos. Logo me surpreendo ao vê-la passando uma pilha de roupas, que não são minhas, no canto da cozinha.

— Boa noite, Carmen — cumprimento-a ao fechar a porta.

— Boa noite, Dr. Daniel.

— De quem são essas roupas?! — indago ao me aproximar tentando reconhecer alguma peça.

— São da dona Luana — ela responde como se lavar, passar e dobrar as roupas da minha irmã fizessem parte do seu trabalho.

— Isso não está certo, Carmen. Você já deveria estar em casa descansando — digo e começo a me arrepender de uma decisão que ainda nem tomei.

— Eu fiquei com dó da sua irmã — ela fala. — Sei que ela é muito mimada, mas a coitada não sabe esfregar uma roupa.

— E se você continuar lavando, ela nunca vai aprender. Pode ir para casa, vou ter uma conversa com ela agora. — falo e me dirijo até o quarto de hóspedes.

— Não, Dr. Daniel! — ela pede, mas eu continuo andando.

Estou farto dessa situação e não posso me acostumar com isso apenas por sentir pena da minha irmã gêmea. A Luana sempre abusou demais de todos. Da boa paciência da nossa mãe, da mão aberta do nosso pai e de todo mundo ao redor. Ela estava chegando a um ponto em que nossos pais simplesmente deram ordens aos empregados para que não fizessem nada por ela. Isso incluía lavar roupas. O objetivo era fazer com que ela própria o fizesse, mas ela trouxe tudo para a Carmen lavar. Minha irmã apenas dorme aqui às vezes, não deveria agir como se morasse na minha casa. Pela quantidade de roupas que a Carmen lavou e está passando, a Luana acumulou o que vestiu durante uns dois meses. Eu até estava pensando na possibilidade de deixá-la ficar aqui pelo menos por um tempo, até que ela arrumasse um emprego e pudesse se ajeitar em outro lugar, mas estou vendo que ela vai continuar com o mesmo comportamento que tem com os nossos pais.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora