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Era tudo o que eu precisava para me sentir vivo novamente, de fato

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Era tudo o que eu precisava para me sentir vivo novamente, de fato. Embora eu não tenha criado um roteiro a fim de recomeçar tudo, tenho quase certeza de estar fazendo o certo. O universo e todos os seres celestiais sabem que eu amo essa mulher de tal forma que arrisquei minha própria vida por ela duas vezes. Em uma, cheguei a levar um tiro. Na outra, ela quase levou um tiro. Um não. Inúmeros. E eu dou graças a Deus por poder tê-la em meus braços mais uma vez e beijar sua boca, que por sinal, denuncia que ela ainda me ama. Caso contrário, do jeito que ela é nervosinha e agressiva, já teria chutado minhas bolas ou mordido minha língua. Desço a mão por suas costas lentamente e, a julgar a forma como ela se contorce, causei um arrepio em sua pele. O lado ruim disso, é que baixei a guarda e ela conseguiu recuar tentando fazer a respiração não parecer tão acelerada.

— Eu... Eu não consigo — fala passando a mão pelo rosto.

Uma onda de frustração me atinge bruscamente. Mas que merda! Parecia que ia ser agora. Está mais do que claro que ela quer, só que de repente, alguma coisa martela em sua cabeça e ela volta atrás.

— Por que não? Qual é o problema?! — respiro fundo.

— Eu... — gagueja novamente. — Tudo ainda dói... Entende?

— Entendo! — digo a contragosto em um tom mais elevado do que eu gostaria, sem conseguir conter a porra da ira. — E a culpa disso tudo é do seu pai!

— Então você vai voltar atrás e culpar meu pai de novo?! — ela inquire parecendo chocada com a minha declaração, o que deixa óbvio que eu deveria ter ficado calado. Mas como já comecei...

— Vou! — admito e termino de tirar a fantasia alugada.

— Então tá ótimo! Perfeito! — diz possessa de algo voraz e isso está rasgando o meu peito por dentro.

Eu estava indo bem, mas acabei de perder o controle e fiz ela perder o dela também. Não quero deixar as coisas ainda piores, então enrolo a fantasia e a coloco embaixo do braço. Em seguida saio da sala e atravesso o corredor até a saída.

— Ei, espera aí! — ela grita enquanto me segue, mas eu só paro já do lado de fora ao lado do meu carro, no instante em que me lembro que ela está com o joelho machucado. A brisa fria me golpeia por todos os lados do estacionamento do hospital. Olho para a Karen decidido a não falar mais nada antes dela. Seus cabelos estão cobrindo metade do seu rosto por causa do vento que vez ou outra se intensifica um pouco mais. A barra de seu vestido rosa levanta levemente, mas ela a segura. Analisando sua respiração, eu diria que ela está muito agitada. — Já que você tem tanta certeza de que meu pai é o culpado disso, vamos fazer uma simulação.

Seu tom chega a ser um pouco irônico, porém carregado de raiva e não consigo evitar de ficar receoso. Não sei qual o objetivo dela. Abro a porta do carro e jogo a fantasia dentro dele.

— Que simulação?! — questiono confuso.

— Digamos que eu tenha acabado de despertar da maldita sedação que meu pai me obrigou a aceitar. Espera — pede. Agora é ela quem está confusa. — Pra fazer isso eu vou precisar imaginar que meu pai é um bom pai. — ela faz uma pausa à medida em que sua expressão se desmancha de confusa para triste. Karen parece estar entrando em algum tipo de transe, mas suas palavras logo voltam a surgir. — Meu bom pai diz que a cirurgia foi um sucesso, mas não tem coragem de falar que você aceitou uma proposta absurda de forjar a própria morte. Apenas diz que você está bem e que eu vou te ver em breve. Até que chegamos no tal encontro que você marcou pra me esclarecer tudo. Eu vou até você com dificuldade, sendo escorada pela minha mãe por causa de todas as lesões que o Alejandro me causou. Sua vez.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora