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Já é noite e eu continuo com toda aquela cena fresca na minha memória

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Já é noite e eu continuo com toda aquela cena fresca na minha memória. Fiquei todo o tempo na expectativa de receber uma ligação do Douglas para acabar de vez com isso, porém, meu celular não tocou uma vez sequer. Para piorar, Kássia e Eduardo levaram mamãe para ver a casa que estão querendo comprar. Ou seja, não tenho com quem conversar ou pelo menos me distrair um pouco.

Bia já pegou no sono. Acabei de deitá-la no carrinho aqui na sala mesmo. Assim posso jantar e vigiá-la ao mesmo tempo. O problema é que ouvir aquela conversa mais cedo me fez perder o apetite. Penso em ligar para a Paola, mas logo lembro da nossa última conversa e chego a conclusão de que é melhor não. Na opinião dela, o Douglas estava fazendo tudo direitinho e não iria me esperar eternamente. Ela tinha razão. Se eu tivesse dito que sinto falta dele e que queria tentar mais uma vez, mesmo que fosse difícil no começo, ele não ponderaria voltar para a polícia e ir embora de novo. Só que eu não vou pedir para ele ficar desta vez. Se ficar aqui e abrir o restaurante não é seu sonho, talvez eu deva deixá-lo cumprir sua missão na terra. 

Meu celular começa a vibrar no bolso e chego a tremer junto. Pego-o rapidamente e abro a notificação de mensagem.

Douglas: Tô no seu portão.

Todo o meu corpo gela. Talvez seja agora que eu vou ouvir o que eu temi desde que o Douglas pediu para voltar pela primeira vez.

Saio e abro o portão tentando evitar contato visual com ele. Não sei se vou conseguir fingir que não estou sabendo de nada caso tenha que olhá-lo nos olhos.

— Bia já dormiu? — questiona ao entrar. 

— Sim. Ela passou o dia todo acordada, mas dei um banho nela ainda há pouco e ela dormiu.

Ele entra e vai direto até ela, no carrinho. Tento digitalizar e decifrar cada gesto que ele faz, mas não tenho nenhuma ideia se ele vai acabar com minha angústia agora ou vai me torturar por mais tempo. Por alguns instantes, ele a observa em silêncio e depois se vira para mim. 

— Karen, eu não ia aparecer aqui a essa hora, mas preciso conversar com você — diz fazendo meu coração pular uma batida. 

— Sobre o quê? — ele respira fundo e coça a barba por fazer. 

— O Ronisthei esteve no restaurante hoje. Disse que o chefe da Interpol quer que eu volte para o caso do cartel e já tem outros trabalhos pra mim depois disso.

Engulo em seco. Não estava à espera de tanta sinceridade de uma única vez. 

— Hum... — resmungo me limitando.

— Eu fiquei surpreso por ainda se interessarem pelo meu trabalho depois de eu ter colocado tudo a perder... Enfim... — ele faz uma pausa pegando fôlego para finalizar o que veio dizer. — O Ronisthei ameaçou tirar a sua escolta e da Bia se eu não me apresentar até amanhã.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora