Esses dias de suspensão estão sendo úteis, tendo em vista tudo o que aconteceu. Na primeira noite de afastamento do hospital, saí com meus primos e curtimos a noite em uma balada no centro. Eu não estava muito no clima, mas parecia uma boa oportunidade de reduzir o estresse daquele dia.
O que tinha de mulher bonita lá era impossível de contar nos dedos. Só que minha cabeça não me deixava fantasiar muitas coisas com elas, pois só uma invadia minha mente.
Layla.
E a única parte ruim dessa suspensão é não poder vê-la pelos corredores do hospital. Eu ainda não tinha percebido, mas ela está tomando grande parte dos meus pensamentos nas últimas semanas, e eu já deveria ter suspeitado de que isso aconteceria se eu voltasse a trabalhar no Firmino. Agora tenho que lidar com as consequências.
O final de semana passou em grande estilo. Dei uma festa na piscina que começou no sábado e só acabou no domingo à noite. Chamei apenas minha família e algumas amigas da Luana, mas essas últimas convidadas foram meio que uma exigência da minha irmã. Sei que havia prometido à irmã da Karen que a convidaria também, assim como a Paola e o irmão dela, mas sempre que me sinto abalado por alguma coisa, acabo optando por buscar apenas minha família. Eles foram e sempre serão minha base para enfrentar qualquer coisa.
A notícia da prisão do Olivier se espalhou como um vírus. Logo no início da manhã de hoje todos os jornais de todas as emissoras de TV, portais de notícias e redes sociais, já estavam anunciando mais esse escândalo. Com certeza quando a diretoria do hospital notou que a farsa da morte do Douglas foi além de uma tática da polícia, encontrou incongruências e descobriu a falsificação do atestado de óbito. A denúncia deve ter partido daí. É mais um prejuízo na conta da clínica da família da Karen e com certeza, mais um obstáculo no caminho que ela terá que enfrentar para se manter de pé.
Meus pais já lamentavam a situação desde que a mídia começou a questionar um possível envolvimento da Karen com o cartel de Medellín. Agora mais ainda. Eles conhecem a família Blanchard há bastante tempo e, embora não tenham tanto convívio no dia a dia, se sentem comovidos com o que estão passando. Tanto que ligaram para Dona Heloísa e prestaram solidariedade. Disseram estar à disposição para ajudar em qualquer coisa de que ela possa precisar, inclusive atrasar alguns pagamentos de equipamentos comprados recentemente para a clínica. Até perguntaram se poderiam fazer uma visita para conversar melhor. Foi através disso que fiquei sabendo que Dona Heloísa está morando com a Karen. Ela até os convidou para uma visita. Então, como eu já sei onde fica o novo endereço dela, me ofereci para levá-los até lá. Vai ser uma boa oportunidade de dizer alguma palavra amiga à família e ver Ana Beatriz. Já faz um tempo que não a vejo e confesso que estou com saudades.
Marcamos a visita para hoje, segunda-feira. Um jantar, sendo mais claro. É o melhor horário tanto para os meus pais, quanto para Dona Heloísa.
Mau ou bem, a prisão do Olivier foi o único assunto que conseguiu, de fato, desviar a atenção do fim do meu relacionamento com a Marcela. Não me orgulho disso, mas sinto um pouco de alívio. Não aguentava mais minha irmã me perturbando e me chamando de tudo quanto é nome. Isso porque não faz ideia que a amiguinha dela me traiu e ainda abortou o filho que foi fruto dessa traição. Me pergunto como a Luana ainda acha que essa amizade era verdadeira, já que a Marcela nunca mais a procurou desde que a desmascarei.
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O que restou de um coração Livro 2
ChickLitMuitas coisas poderiam ter sido evitadas. Karen poderia não ter revelado tudo o que descobriu à polícia; poderia ter fugido enquanto havia tempo; poderia não ter saído sozinha e ser surpreendida pelo seu pior pesadelo, mas ela tomou as piores decisõ...