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Minha real vontade era ter ido embora no instante em que a Luana me chamou de "essa aí"

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Minha real vontade era ter ido embora no instante em que a Luana me chamou de "essa aí". Menti para o Daniel dizendo que aquilo não me afetou, mas por dentro, eu torrei em puro ódio. Presenciei ele preocupado com ela naquela noite em que fomos jantar logo depois dele tê-la deixado em uma festa. A bateria do celular dele tinha descarregado e ele ficou uma pilha de nervos querendo saber onde ela estava. Achei aquilo tudo tão fofo da parte dele como irmão mais velho, mesmo que por poucos minutos de diferença. Achei que esse cuidado era recíproco, mas da parte dela, é mais que exagerado. Achar que eu estava dando em cima dele ou algo parecido é o cúmulo do cúmulos. Nem em um milhão de anos eu iria imaginar que ela e a Marcela tinham se tornado melhores amigas depois daquela crise de ciúmes. E na boa, ciúme por ciúme, as duas são iguais e não estou mais surpresa depois de fazer essa análise. Coitado do Daniel por ter que lidar com essas duas.

Depois de voltar para a festa e ficar na companhia da minha irmã e dos meus amigos, ainda tive que assistir o Daniel e a Marcela se beijando e se abraçando quase que o tempo todo. Foi para isso que ele insistiu tanto que eu fosse? Sendo esse ou não o motivo, o fato é que eu me senti incomodada. Não deveria, já que somos apenas amigos. Porém, uma pontada no peito a cada vez que eles trocavam carícias na minha frente, me fazia sentir que nossa proximidade não será a mesma. Não quando a namorada dele é ciumenta e claramente ele gosta dela mesmo assim. Em alguns momentos, até achei que ela iria me arrancar da festa para tirar satisfações do porquê de eu estar ali, já que eu disse que me afastaria do Daniel. Por algum motivo isso não aconteceu e eu achei melhor naquele momento. A Marcela tem um jeito um pouco imprevisível, e eu realmente acho que ela partiria para agressão a fim de defender seu relacionamento. O problema é que eu estou de resguardo, com dores pélvicas e um joelho ferrado. Iria cair no primeiro tapa.

Disfarçar minha irritação naquela noite não foi uma coisa muito fácil de fazer quando se tinha uma irmã e dois amigos que me conhecem tão bem como a palma de suas mãos, mas usei os artifícios que o ambiente me proporcionou. Não podia beber nada alcoólico, então me conformei e fui dançar. Tocou alguma música que realmente me deu vontade de dançar? Não, porém eu não podia deixar ninguém notar que eu estava irritada. A maioria, ou senão, todas as pessoas que estavam lá sabiam quem eu era e o que estava acontecendo na minha vida. Podia sentir os olhares na minha direção por todo o tempo em que fingia que a música estava me guiando pela pista de dança. Cheguei a comentar com a Paola que eu estava desconfortável pela minha vida ser um livro aberto, mas na opinião dela, os olhares que eu atraía eram de admiração, já que a maioria vinha dos amigos e primos do Daniel. A minoria, era da Luana e de suas amigas, que daquele momento em diante, deveriam me odiar tanto quanto ela. Agora, tinha uma minoria ainda menor que me olhava de vez em quando. Ou eu deveria chamar de olhar singular? O Daniel também me observou vez ou outra e eu desviava quase que automaticamente. Não queria que ele percebesse que eu estava incomodada. Não quando ele quis tanto que eu fosse, e ainda fui mal recebida pela irmã dele. Precisava que tudo parecesse normal até a hora de ir embora, ou o Daniel poderia ficar com um peso na consciência por tudo ter dado errado.

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