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Se existe alguém que está passando por um inferno, é a minha mãe

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Se existe alguém que está passando por um inferno, é a minha mãe. Trabalhando sozinha na clínica, fazendo tudo o que pode para mantê-la aberta e até mesmo se unindo a um laboratório enquanto meu pai se definha em whisky. Isso sem levar em conta que tudo que ele fez abalou a confiança que ela tinha nele como marido. Mentir sobre o Douglas e deixar que a mãe dele acreditasse que ele estava morto. Isso com certeza foi longe demais. Um homem de valor e um pai com sua saúde mental em equilíbrio não faria o que ele fez, contudo, eu odeio que isso seja uma justificativa plausível para tudo, pois todas as suas atitudes pareciam autênticas, mesmo que eu tenha desejado que não fossem.

Se meu pai é mesmo um psicopata, ele é incapaz de sentir amor. Então qual foi mesmo a razão dele ter comprado minha casa? O corretor que fez os contratos deveria saber de toda a verdade, já que ele coletou nossas assinaturas. Sem sombra de dúvidas deve ter recebido algum dinheiro a mais para não mencionar que o comprador tinha "coincidentemente" o mesmo sobrenome que o meu. Que espécie de pai eu tenho?

Logo depois que minha mãe foi embora ontem à noite, liguei para a Paola e desabafei sobre o que estava acontecendo. Ela ficou chocada quando eu disse que meu pai estava temporariamente impedido de exercer medicina. Seria terrível se essa notícia se espalhasse por aí devido ele ser um dos melhores neurocirurgiões do país, mas sei que posso contar à Paola. Ela quis deixar de sair com o namorado para vir conversar pessoalmente comigo e foi difícil convencê-la do contrário, porém, consegui. Mas os convidei para almoçar comigo hoje. Eles e o Wesley. Os três já chegaram e estão com Bia no quarto dela enquanto tomo um banho. O banho de Ana Beatriz ficou por conta da madrinha. Paola não só cuidou disso como também a vestiu como se fôssemos passear, já que não podemos.

O primeiro passeio que faremos será para a clínica da minha mãe. Temos consulta marcada para amanhã com a pediatra de lá e Bia vai tomar as primeiras vacinas. Vai ser um dia cheio de emoções. Eu cresci correndo por aqueles corredores e, provavelmente, Ana Beatriz também vai correr por eles. Só que, infelizmente, sua primeira ida até lá vai ser marcada por picadas e choro.

— Podemos descer — aviso ao entrar no quarto de Bia.

— Não precisava ter se apressado tanto — diz Paola.

— Precisava sim — Diego fala meio que sussurrando.

— Mais alguns segundos e a Paola ia começar a babar na Bia — Wesley brinca e nós começamos a rir.

— Vocês precisam encomendar logo o de vocês — falo à medida em que Paola pega Bia do berço.

— Na-na-ni-na-não — Paola devolve. — Já falei que quero curtir bastante a vida de madrinha primeiro.

Descemos a escada ainda rindo e brincando quando a campainha anuncia a chegada de mais alguém.

— Será que é o Douglas? — pergunta Paola ao se sentar no sofá com Bia no colo.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora