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Logo depois do exame recebi uma ligação do lanterneiro avisando que meu carro ficou pronto

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Logo depois do exame recebi uma ligação do lanterneiro avisando que meu carro ficou pronto. Não pensei duas vezes e fui lá com a Kássia para buscá-lo. Dias atrás eu tremi ao olhar meu carro cheio de marcas de bala e até pensei que nunca conseguiria dirigir novamente. Cada minuto que passa eu me sinto mais forte para enfrentar qualquer coisa, tanto que consegui dirigir numa boa até em casa. O que me trouxe uma lembrança de quando Kássia e eu berramos King of sorrow no carro dela. Naquela noite eu estava super para baixo. Havia deixado uma situação mal resolvida com o Douglas ainda internado e logo depois passei uma noite com o Daniel. Eu já sabia o que ele sentia por mim na época e meu coração estava em pedaços por não correspondê-lo. Aquilo era o fim do mundo para mim sendo que eu não fazia ideia do que era sofrer de verdade. Fui conhecer a verdadeira dor há poucos meses. Porém, agora eu não sou mais aquela mulher que foi coroada à rainha da dor. Sou alguém que passou por uma prova para conhecer a verdadeira face das pessoas, e que agora é mais forte do que antes.

Não sei como eu teria recebido a notícia do sobrepeso da Bia sem desmoronar se não estivesse na companhia da minha irmã, minha mãe e da Paola. Foi um baque, mas que foi suavizado logo que eu vi o rostinho da minha filha naquela tela, e devo dizer que é inegável o fato dela ser filha do Douglas.

Minha atenção ao que vou comer vai ser redobrada daqui para frente. Chegar em casa com fome e lembrar que não posso abusar da comida me desanima um pouco, mas é por uma boa causa. Boa não, ótima. É pela saúde da minha pequena. Kássia e eu preparamos uma salada bem colorida e frango grelhado. É o que vou comer por enquanto, pelo menos até eu ir à consulta com a nutricionista.

— Como estão as coisas entre nossos pais? — pergunto à Kássia enquanto ainda comemos. Respiro fundo enquanto ela remexe a comida, não sei se é porque está mastigando ou porque quer ganhar tempo para responder.

— Mal vi os dois se falando — ela responde fazendo gestos negativos com cabeça.

Querer que meus pais fiquem bem chega a ser um pouco contraditório para mim, pois isso significaria que minha mãe aceita o que ele fez comigo, embora uma coisa não dependa da outra. A verdade é que eu gostaria que meu pai fosse punido pela mentira que inventou friamente e a separação dos dois o faria sofrer como eu sofri quando o Douglas morreu, mesmo que tenha sido uma morte de mentira.

— E o que você acha disso? — questiono apreensiva pela sua opinião. Dessa vez, ela é quem respira fundo.

— Acho que somos uma família e o quanto antes isso se resolver, melhor — ela responde fazendo minha indignação se manifestar com rigor.

— Ele inventou uma barbaridade, Kássia! Fez eu achar que estava à beira da loucura...

— Você perguntou o que eu acho, Karen — diz ela. — Tem que aceitar minha opinião. Eu vi o que você passou e sei que ele errou muito, numa escala absurda! Mas... ele é seu pai. Nosso pai.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora