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Dedicado à SlaydeSilva

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Dedicado à SlaydeSilva

Consultas do pré-natal e exames de rotina. É por isso que eu preciso ir à clínica duas vezes por mês. Eu estava detestando pensar na possibilidade de ver o Daniel nessas duas ocasiões, porque a ideia de olhar para ele me causava asco. Agora é diferente. A partir deste momento, ele não trabalha mais na clínica da minha mãe e não nos veremos mais. Enquanto isso estava sob o meu domínio, era mais fácil de lidar. Tenho a sensação de que sempre que eu quero afastar alguém da minha vida, ela se afasta por conta própria e isso me sabota.

Voltar ao escritório da minha mãe e dizer à ela que eu não consegui convencer o Daniel a continuar na clínica teve seu peso. De fato, eu não estava conseguindo manter a mesma expressão de antes, de quem não estava se importando. Com poucas palavras, dei a notícia ruim e dei um jeito de sumir dali. Porém, dois minutos depois eu voltei, pois lembrei que se eu fosse para Ipanema, teria que encarar o meu pai sozinha. Achando essa situação insustentável, daquele momento até o fechamento da clínica, não só pesquisei muito, mas encontrei uma boa corretora de imóveis e coloquei minha casa à venda nas mãos de quem sabe vender uma casa. Só vou precisar ir lá nos próximos dias para fazer a avaliação monetária e deixar que eles comecem a trabalhar nisso.

Mamãe e eu agora estamos indo embora e espero que meu pai não esteja lá. Quero muito que minha casa seja vendida logo, pois preciso desse dinheiro o mais breve possível para encontrar uma nova casa. A casa onde recomeçarei minha vida com a Bia. Só que antes desse recomeço, ainda preciso superar muitos finais. Estou rompendo ligações com meu pai, com o Douglas e com o Daniel. Minha sogra está doente e tem pouco tempo de vida. São muitos laços que estou escolhendo ou me vendo obrigada a cortar em tão pouco tempo. Nunca me vi tão encurralada. Nunca fiquei tão sem opção senão ser forte. Eu tenho me esforçado muito para isso e ouso dizer que estou conseguindo. Contudo ser forte não significa que eu não posso me sentir cansada. E é assim que me sinto.

A todo tempo um novo ponto na linha do tempo vira o momento em que eu queria voltar. Já quis voltar ao instante que atendi a ligação da armadilha que me levou até minha casa, até o Alejandro. Já quis voltar ao momento em que me entupi de sedativos e desfazer esse maldito ocorrido. Agora eu quero voltar no minuto em que meu pai quis me sedar. Eu teria lutado com todas as minhas forças para ver com meus próprios olhos o estado do Douglas. Teria descoberto que o tiro não foi grave e que ele ficaria bem. Teria ficado ciente da proposta do delegado. Mas pensando bem, isso não seria tão bom. Com certeza eu iria dizer que não era uma boa ideia e o Douglas não me ouviria. Ele partiria sem meu consentimento e eu estaria sozinha agora da mesma maneira.

É só mamãe abrir a porta do apartamento para eu me dar conta de que os acontecimentos ruins de hoje ainda não acabaram. Meu pai está sentado com um copo de whisky na mão, mas pelo seu olhar, esse não é o primeiro que ele bebe. Nem me atrevo a olhar por mais de um milésimo de segundos em sua direção e me apresso para cruzar a sala e sumir pelo corredor.

O que restou de um coração Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora