Capítulo 5

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Lucca Vitale

Trânsito muito trânsito, Leonan deve estar achando que não vou mais ao hospital, mas é sempre assim quando você mais precisa correr tudo aparece estar em câmera lenta. Um bebê aquele idiota a engravidou, e agora preciso fazer alguma coisa meu Deus, não deixe que mais alguém se torne a próxima vítima, não deixe que a irmã de outro morrer pelas mãos de Erick Donati. Assim que dou entrada no hospital corro para ala da maternidade, e encontro meu velho e melhor amigo sua expressão está igual ou pior de quando soubemos sobre a morte de Eloise.

- Ei cara, como estão as coisas por aqui? Ele se ergueu com tanta rapidez a ponto de sua pressão oscilar.

- Calma Leonan, já cheguei.

- É quase agora que não precisamos mais de você. Verônica está em observação, existe um coágulo no cérebro foi forte demais, e talvez precise de ima intervenção cirúrgica.

- Fique aqui vou verificar como eles estão, e mais uma vez me desculpe a demora o trânsito estava uma loucura.

- Não, tudo bem espero que tenha acabado com a raça de Erick Donati, pois se acontecer algo com Verônica e o bebê eu mesmo irei caça-lo no inferno se preciso for.

- Não, não vai acontecer com eles, e você não vai caçar ninguém no inferno. E o Doutor Rubens, que está atendo a Verônica?

-Sim esse é o seu nome, ele quer que eu tenha fé, e eu falei com o todo poderoso depois de anos, e acho que a gente se entendeu desde que eu cumpra a promessa que fiz.

- É de fato, Rubens por mais que ame sua profissão e os benefícios que a ciência nos trouxe, ele nunca deixou de acreditar nos desígnios de Deus, mas eu posso saber qual foi a promessa que fizestes para o todo poderoso?

- Mas é claro, você vai me ajudar com essa promessa. Ah não, o que Leonan está aprontando dessa vez?

- Você é que faz promessas e é eu que pago as consequências?

- Vai me ouvir ou não? - Fala logo Leonan.

- Prometi que se a Verônica e o bebê saíssem daqui com vida, eu ficaria responsável por eles.

- Olha isso é ótimo meu amigo fico feliz e orgulhoso de você, mas ainda não compreendi aonde eu me encaixo nessa história. Confesso que estou até muito curioso para saber qual será meu papel nisso tudo.

- Você aceita ser o tio desse bebê? Nossa por essa eu não esperava ele nunca falou de família com tanta determinação.

- Vai aceitar ou não? Ser o tio Lucca o bobão.

- Ah tio bobão? Olha quem fala o bebê nem nasceu e o papai já está um verdadeiro babão, e é claro que eu aceito nunca te deixarei sozinho nessa.

- Eu sei mano, obrigado.

- Não precisa me agradecer estamos juntos, agora vou verificar o estado que a mãe de seu filho se encontra. Ao ouvir isso levo uma tampa, eu até já tinha me esquecido o quanto a mão de Leonan era pesada.

Circulando nos corredores da maternidade e encontro Camille, ela é uma excelente enfermeira e ralou muito para chegar onde chegou, mas ela deseja ir além da enfermagem, porém ainda está com dúvidas na área que pretende de fato atuar.

- Ah, Lucca que bom que chegaste Leonan vai ficar feliz em saber.... – Eu o vi estava inconsolável, como quando minha irmã morreu, mas conversamos e eles aos poucos foi se acalmando.

- É eu soube, mas não é disso que estou falando, estou com novos exames de Verônica e ela não irá precisar mais de uma intervenção cirúrgica isso foi um...

- Milagre! A voz de Rubens surge no corredor e com toda razão, isso quer dizer que de fato, eu vou ser tio e Leonan vai ser pai?

(Risadas internas)

- Vamos todos precisamos dar a notícia a ele. - É Lucca e você sabe o que isso significa, não é?

- Como assim Rubens? Não compreendo, o que quer que isso signifique.

- Isso se chama fé, meu caro. A fé de quem não acreditava salvou mãe e filho, é claro que ainda é cedo eles vão ter de ficar em observação só para garantir.

[...]

A medicina sempre teve seus altos e baixos, uns você dá alta para retornar a viver ao lado daqueles que se amam, outros você diz que está na hora de se despedir. O meu primeiro óbito que eu registrei foi a gota d'água, eu quase larguei tudo para me embrear-me com a melhor safra de vinho criada por alguém que me ensinou a ser um grande homem.

No início Fabrízio Vitale meu pai, não aceitou muito o fato de não querer os negócios da família, mas mesmo assim como sempre ele nunca me deixou na mão, nem mesmo quando uma bomba estoura no meu colo e mesmo sem saber do que se tratava Fabrízio e Gisela estavam ali. Meu segredo está muito bem guardado, porém o tempo passou e eu não me casei e nem tive filhos e isso com certeza preocupava meus pais e para meu irmão eu era e continuo sendo piada. Mas para mim a época do colegial foi a mais difícil, sempre fui o nerd um ninguém perto de Enzo Vitale e Paola Montanari, ela é filha única de Enrico e Nádia, eles se fizeram sócios em Vinícola espalhadas por toda Itália. Todos diziam que eu e Paola faziam um belo par, mas eles diziam muito e pouco sabiam que quem sempre foi apaixonado por ela era sim um Vitale, mas não era eu.

Paola Montanari, é uma mulher que chama a atenção a quilômetros de distância, porém por dentro era oca, ela se aproximava de mim dizendo que me amava coisa que Enzo gostaria de ouvir, sempre tentei me manter o mais longe possível, não estava disposto a arrebentar o laço já fragilizado que existia entre eu e meu irmão.

Com a ausência de Paola a gente quase não briga pois ambos quase não se veem mais como antes, eu no hospital e ele nas negociações para Fabrízio, consegui fazer meu pai acreditar na inocência de Enzo, mas quando pensamos que pegamos Benício ele dá um jeito de escapar, olha que achei que a justiça brasileira tinha brechas.

[...]

Nunca vi um par de olhos verdes, brilharem tanto quanto os de Leonan, mas quando ele se deu conta da promessa que tinha feito fez o mesmo se desesperar de verdade. Falar de família é uma coisa agora ter uma é outra história, Verônica parece não ter parentes e nem amigos, coisa que para mim não faz sentido algum imagine para Leonan que é um advogado.

*******

Estou aqui parado há horas, assistindo Leonan conversando com Verônica olhando assim eles até parecem uma família de verdade, queria tanto estar em seu lugar, queria eu poder dar a segurança e todo cuidado que uma merece. Dar a vida a um ser é inexplicável, mas para mim já não o suficiente quero ter alguém que me acorde de madrugada, alguém que bagunce minha casa que no momento para mim está arrumada demais, quero alguém para me chamar de papai uma mini versão de mim mesmo para  amar e proteger um alguém para poder chamar de meu.

Sair daqui é o que eu devo fazer nesse momento, estou cansado de saber como as coisas terminam quando meus sentimentos reaparecem queimando minha alma. Meu Deus, porque uns com tanto e outros com tão pouco juro que já tentei entender o porquê de tanta desigualdade.

Amo o que faço e disso nunca tive dúvidas, porém confesso que com o tempo as coisas foram ficando cada vez mais difíceis, ver as famílias saírem felizes daquelas portas pelas quais entram nervosas e com a ansiedade triplicada, pessoas que aqui entram com as mãos vazias e saem com as mãos preenchidas, e outras que chegam com dois corações batendo e voltam com apenas um. Até quando poderei suportar a falta de algo e alguém que não posso ter no coração e nem em meus braços, cuido de tudo e de todos me esquecendo de quem realmente necessita de cuidados sou eu. 

Em Você  Encontrei  A Cura  Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora