Cinco.

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Bernardo

De relance eu olhava a Alícia dançando, e puta que pariu... Tinha algo nela que me hipnotizava, poderia ter várias garotas aqui dançando até melhor que ela, mas algo como se fosse uma linha me prendia na moreninha dos olhos verdes.

Eu tentava não olhar, mas algo me atraía, não sei explicar. Ela com esse jeito todo ingênuo, quietinha, na dela... 

- Tá babando aí. - Igor disse me chamando atenção e eu gargalhei.

- É da sua cabeça, mano. - falei e ele me encarou. 

- Beleza, Bernardo. - disse rindo e negando com a cabeça. 

Voltei a olhar pra Alícia que agora já não estava mais junto da Victória e sim, sentada numa mesinha ali perto.

- E aí. - falei sentando do seu lado. 

- Ah, oi. - disse sem olhar pra mim.

- Gostando? - perguntei. 

- Do que? - perguntou me olhando e eu ri. 

- Da festa. - respondi e ela assentiu rindo. - Que bom. 

- Nunca tinha vindo em algo assim, mas gostei bastante, tirando alguns meninos que ficaram passando a mão em mim. - disse fitando o teto e eu suspirei. 

- Sim, mas não deixa eles te tocarem, é falta de respeito. - falei e ela me encarou. 

- Se eu quiser também é falta de respeito? - perguntou e eu sorri negando com a cabeça. - Tô brincando...

- Achei estranho mesmo. - falei e ela riu.

- Você vem sempre? - perguntou. - Nesses lugares...

- As vezes, gosto de aproveitar a vida. - respondi. 

- As vezes eu acho que não aproveito a vida, na maioria das vezes fico em casa dormindo ou assistindo série. - Disse. - Por mais que eu ame ver série, acho que tem outras coisas pra se fazer.

- Tem sim, quando quiser vir é só colar com nós. - falei e ela assentiu dando um gole da sua bebida.

- Você gostou? - perguntou me fazendo a olhar sem entender.

- Do que? 

- Do beijo, com aquela garota... - disse e eu sorri de lado.

- Anda me observando, Alícia? - perguntei e ela me encarou envergonhada. 

- Deixa pra lá. - disse olhando pra frente. 

- Gostei, mas preferia que fosse outra pessoa... - falei e ela me olhou.

- Quem? - perguntou curiosa. 

- Vamos embora, que eu tô passando mal. - Victória disse. - Acho que bebi demais,

- Acha? - perguntei debochado e ela revirou os olhos.

- Helena, Mariela e Jonas já foram com o Igor pra sua casa. - ela disse e eu assenti me levantando.

- Povo folgado, minha casa deve ser a casa da mãe Joana. - respondi e ela gargalhou.

Fomos até o meu carro e de lá eu parti pra minha casa...

•••

Assim que chegamos cada um foi pra um lado e eu subi pro quarto, tomei meu banho e em seguida me joguei na cama e fiquei mexendo nas redes sociais.

Vi que já eram quase cinco da manhã e resolvi dormir, o que estava sendo difícil já que eu estava sem sono. Decidi ir beber uma água ou comer algo, caminhei até a cozinha e parei assim que eu vi a Alícia ali, com um baby doll preto tentando alcançar o copo que ficava no armário alto.

Me aproximei da mesma que até então não havia percebido a minha presença e colei nossos corpos, pegando um copo pra ela e um pra mim. 

- Caralho que susto. - disse baixo e suspirou saindo de perto de mim. - O que você tá fazendo aqui? 

- O que você tá fazendo aqui? - rebati. 

- Vim tomar água. - disse e eu dei de ombros. - Tá sem sono?

- Sim e você? - perguntei e ela assentiu. 

Caminhei até a geladeira pegando algumas coisas pra fazer um sanduíche enquanto Alícia observava tudo calada, sentei na mesa e fiz um sanduíche pra mim e acabei fazendo um pra ela. 

- Pega. - falei olhando ela.

- Sério? - olhou pro sanduíche animada.

- Pode pegar. 

- Obrigada. - sorriu dando um mordida. - Nossa, tá muito bom. 

- Sou bom em tudo que eu faço. - falei e ela deu de ombros comendo o sanduíche. 

Aquele silêncio constrangedor se instalou e eu até queria puxar assunto, só não sabia o que falar. 

- Tava muito bom, mas acho melhor eu ir dormir. - disse colocando o copo na pia e eu assenti.

Assim que ela ia passar algo mais forte me fez levantar esbarrando nossos corpos. 

- Você. - eu disse. 

- Eu o que? - perguntou sem entender.

- Você é a pessoa que eu preferia que estivesse no lugar daquela garota. - falei e ela tossiu. 

- Eu acho melhor eu subir mesmo. - disse e eu segurei na sua nuca. - Bernardo...

- Oi? 

- Preciso subir. - falou e eu assenti dando um beijo no canto da sua boca.

- Tenha uma boa noite, Alícia. - sussurrei em seu ouvido vendo ela se arrepiar e dei passagem pra ela ir embora. 

- Abusado. - ouvi ela murmurar enquanto subia as escadas e gargalhei comigo mesmo.

O que essa garota tem que me deixa assim...

•••

A praia do amor IIOnde histórias criam vida. Descubra agora