Quarenta e dois.

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Igor

Encarei mais uma vez a Mariela que batia o pé impaciente, ela respirava fundo e me olhava como se fosse me matar.

- Desembucha logo, Igor. - disse então. - Não aguento mais olhar pra sua cara. 

- Uau. - respondi colocando a mão no peito. 

- Você me chama pra conversar e já está a trinta minutos me enrolando. - bufou. - Eu vou ter um infarto daqui a pouco. 

- Relaxa, po. - disse coçando a cabeça. - Quero falar um bagulho sério, só to com medo. 

- Você vai ser pai? - perguntou e eu neguei. - Então fala logo. 

- É complicado, garota. - falei. 

- Eu vou te bater. - ela disse segurando a minha mão. - Pode falar logo, eu prometo que não vou ficar brava.

- Mas promete que eu vou ficar bem? - perguntei e ela assentiu me olhando. 

- Eu já to ficando com medo, diz logo. - beijou a minha mão e eu sorri vendo ela sorrir também. 

- Porra, Mari. - suspirei. - Depois que a gente ficou eu não consigo tirar aquele beijo da cabeça sabe? Tu deve ser feiticeira não é possível, mas me prendeu de um jeito. Eu nem sei porque eu vou falar isso, até porque eu acredito que não vai dar em nada e eu também nem sei o que eu to sentindo, mas eu sei que eu to gostando de tu pra caralho e sei lá, pensei que a gente podia ver no que dá. 

- Uau, isso foi mais direto do que eu pensei. - ela riu fraco e olhou pro lado. - Eu não sei, Igor. 

- Só tentar, po. Ficar quando der vontade, se encontrar quando sentirmos saudade e essas coisas que as pessoas fazem. - falei. - A gente pode ficar com outras pessoas também, ou ficar só nós mesmo, porra, eu quero muito ficar contigo. 

- Igor, é difícil isso! Tem outros motivos, não é que eu não goste de você, porque eu gosto! E eu também gostei do nosso beijo, na verdade, eu gosto de tudo quando eu to contigo. - suspirou. - Mas você sempre foi de todo mundo, nunca parou em um relacionamento por mais de um mês, vive saindo e enchendo a cara, na verdade você vive intensamente demais. E eu acho isso ótimo, mas eu sou o oposto.

- A gente pode se acostumar um com o outro, eu tô disposto e eu posso ser todo errado, mas eu quero fazer isso dar certo! Não deve ser tão difícil quando os dois se gostam e os dois estão dispostos.

- Eu sei! Mas tem outros empecilhos, eu não te contei porque não faz muito tempo e também porque não nos vimos muito nesses últimos dias. - desviou o olhar do meu e respirou fundo. - Mas eu tô ficando com o Samuca, na verdade, a gente fica de vez em quando e eu tô curtindo, ele é legal, me faz bem e eu tô feliz sabe? Eu sei que eu posso ser tudo isso do seu lado, na verdade, pode ser que seja até melhor... Mas eu não quero me entregar pra você, pra no final eu acabar me magoando.

Eu olhei pra ela que me encarou triste e neguei com a cabeça soltando minha mão da sua. 

- Tá de boa. - falei. - Eu te entendo e acho certo, você não quer se arriscar e acabar quebrando a cara, igual eu fiz! Eu espero mesmo que vocês sejam felizes e isso que sei lá o que vocês tem, dê certo. 

- Igor, por favor, não fica bravo comigo. - disse segurando meu braço. - Eu gosto muito de você e da sua amizade, mas eu realmente não to pronta pra embarcar num relacionamento com você.

- Tá de boa, Mariela. - respirei fundo. - Eu acho melhor eu ir, na verdade, seria melhor se eu não tivesse vindo. 

Levantei e saí rápido da casa dela, ouvindo ela me chamar. 

Eu poderia estar sendo muito filho da puta por ter tratado ela mal, mas eu fiquei tão puto pela forma como ela falou! Mas ela tinha suas opções e já decidiu o que queria, não era eu que ia mudar a ideia dela.

Senti meu olho arder e acabei rindo fraco, porra, eu tava chorando! Chorando, eu nunca chorava. Eu chorava no máximo quando alguém falava do meu pai ou quando eu sentia falta dele, porque ele era tudo pra mim. 

Decidi ir beber pra afogar as mágoas e tentar deixar isso de lado, ela já tinha feito a escolha dela e eu precisava me conformar que eu não fazia parte dessa escolha. E se um dia for pra rolar algo, eu sei que vai. 

Talvez não seja o momento certo.

Ou talvez nunca tenha um momento certo pra gente...

•••

Votem e comentem.

Never say never!

Eu me culpo até hoje por ter matado o Lucas, eu tava de tpm...

A praia do amor IIOnde histórias criam vida. Descubra agora