Quarenta.

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Alícia

Senti a claridade bater contra meu rosto e sorri fraco abrindo os olhos, lá estava eu, mais um dia em São Paulo. Eu tava me sentindo bem melhor aqui, já estava mais leve e me adaptando facilmente, é óbvio que aqui não se comparava ao meu Rio e nem aos meus amigos de lá, mas eu sentia que esse lugar estava me ajudando a crescer, tanto fisicamente quanto emocionalmente.

Levantei da cama indo me arrumar pra escola, já que a vida não é fácil pra mim. Eu estava tentando procurar um emprego, algo que ocupasse o meu tempo, mesmo com meus pais me ajudando a me manter aqui, eu sentia que precisava me sentir um pouquinho mais independente. 

E eu acho que já achei algo do qual eu gostaria, só falta alguém me ligar avisando que eu consegui um lugar pra uma clínica de bichos, aqui perto mesmo. Eu não ganharia muito, na verdade, eu não ganharia nada! Trabalharia como voluntária, não iria fazer nada demais, apenas cuidar da limpeza básica de alguns animais. Eu não me incomodava por não receber nada em troca, porque eu estaria fazendo algo que eu gosto, que são os bichinhos e além disso, seria uma experiência totalmente nova.

Me assustei quando vi que já estava quase na hora que o meu ônibus passava e corri pro ponto, esperando o mesmo. Assim que ele chegou, choraminguei ao ver o quão lotado ele estava e já comecei a me agoniar, sabendo que tem uns babacas que acabam aproveitando da situação pra passar a mão.

Meti a mão na janela abrindo a mesma, eu não sei qual o problema das pessoas, ficar esmagado no ônibus e com a janela fechada não é nem um pouco agradável. Coloquei meus fones colocando em uma playlist aleatória e fechei os olhos enquanto era esmagada por ali.

Me assustei quando alguém quase caiu me levando junto e abri o olho assustada. 

- Que porra! - Olhei pro lado vendo o menino bonitinho que tinha caído sobre mim, ele encarou o chão e pude ver pequenos cartões caído ali. 

Do jeito que eu consegui me aguachei tentando não ser encoxada por alguém e peguei os cartões, voltando a olhar o menino que os pegou da minha mão e agradeceu sorrindo. 

Sorri de volta e decidi olhar um pouco o meu celular, tentando não cair, senti o mesmo garoto me observar e fiquei incomodada com tal ato. 

- Qual seu nome? - ele perguntou e eu o olhei, tirando o fone de um lado.

- Alícia, e você? - perguntei sendo educada. 

- Sou o Miguel, satisfação. - sorriu. - É daqui não né?

- Sou do Rio. - respondi. 

- Percebi, sotaque forte. - disse e eu gargalhei fraco. - Quantos anos?

- Dezesseis e você? 

- Dezoito. - disse e eu dei um sorriso fraco. 

Ele ia falar algo mas eu percebi que estava perto do meu ponto e precisava puxar a cordinha, qual eu não alcançava. 

- Miguel. - falei. - Será que você pode puxar pra mim?

- Posso sim. - riu fraco puxando a cordinha e eu agradeci. - Tchau, Alícia. 

- Tchau. - falei indo em direção a porta de saída. 

•••

A praia do amor IIOnde histórias criam vida. Descubra agora