Alícia
Encarei a mala pela última vez antes de fecha-lá. Eu nem acreditava que esse dia havia chegado e só de saber que eu estava perto de ir pra São Paulo, me dava um friozinho na barriga.
Já estava tudo certo, eu ia morar com a minha tia e com a minha prima, da qual eu estava morrendo de saudade.
A ansiedade que eu sentia era tão grande e eu não via a hora de chegar, mas lá no fundo eu já sentia saudade de tudo aqui, meus amigos, família, os lugares, as pessoas e ele...
Mas eu falo ele, no sentido de antes de tudo isso acontecer, antes do primeiro beijo, de tudo... ele sempre foi alguém especial pra mim e eu não podia deixar o Bernardo pra trás.
Respirei fundo e levei a mala até um canto do meu quarto, em seguida me joguei na cama e comecei a imaginar a minha mais nova vida, e como ela seria. Eu estava criando tanta expectativa e eu tinha tanto medo de me decepcionar, mas eu percebi que a vida é feita de altos e baixos, e não importa, uma hora você pode estar lá no alto e do nada cair, o importante é acreditar que você pode subir de novo.
E agora que essa nova fase vai começar, eu quero aproveitar cada coisa dela, eu quero crescer e descobrir coisas novas sobre mim...
•••
- Eu já to morrendo de saudades. - Victória me abraçou enquanto meu pai estava resolvendo as coisas da passagens.
- Também to. - abracei ela com força.
- Quando chegar lá, aproveita muito tá? Beija vários gatinhos. - ela disse no meu ouvido e eu gargalhei.
- Pode deixar, vou te contar tudo. - beijei a bochecha dela e encarei a minha mãe que me encarava também.
- Me liga quando chegar lá ta? Me liga sempre que precisar conversar, ou quando querer ajuda. - minha mãe disse e eu abracei ela assentindo. - Eu amo muito você.
- Também te amo, mãe. - senti meu rosto esquentar e a vontade de chorar bateu.
- Não chora, meu amor. Vai dar tudo certo e lá vai ser incrível. - ela disse limpando meu rosto e eu assenti abraçando ela com força.
- Tá tudo certo, seu voou parte daqui vinte minutos. - meu pai chegou e eu fui abraçar ele, que me abraçou de volta.
- Eu amo você, não se esquece. - ele sussurrou no meu ouvido. - Você é incrível e vai ser muito boa essa fase, tá? Não tenha medo de tentar.
- Te amo, pai. - respondi abraçando ele.
Eu comecei a me despedir do resto do pessoal, como a Mariela, tia Lavínia e o tio Gui, Helena, Igor... todos estavam ali, só ele e eu não estava surpresa, nem decepcionada. Talvez eu já acreditasse que ele não viria mesmo.
Aqueles vinte minutos passou tão rápido e agora eu já estava caminhando pro local onde o avião se encontrava.
Observei as pessoas passarem super felizes por mim e algumas até me cumprimentavam, me fazendo sorrir de volta.
Foi tão rápido quando eu senti alguém puxar meu braço e o meu corpo se arrepiar todinho, como se já soubesse quem era.
- Bernardo? - perguntei vendo ele me encarar com os olhos vermelhos.
- Como você tá linda... - ele sussurrou me encarando profundamente e eu senti meu coração acelerar.
- O que você ta fazendo aqui? - perguntei rápido, vendo que faltavam quatro minutos pro meu avião decolar.
- Eu vim aqui me despedir... - chegou mais perto e segurou minha nuca com uma mão.
Fechei os olhos com força e tentei procurar ar, que me faltava.
- Me despedir de alguém tão incrível e eu ferrei contigo... - passou a mão na cabeça. - Desculpa por ter sido idiota, por ter feito você sofrer, era a última coisa que eu queria. Eu quero dizer que, acima disso tudo, eu tô aqui pra te ajudar sempre e também to aqui, pra dizer que eu amo muito você...
- Para. - pedi sentindo minha cabeça doer. - Para de ser assim, de sumir e aparecer do nada, de me levar no céu e me trazer pro inferno em menos de dois segundos, para de me fazer criar expectativas, porque eu só sofro e você não tem noção da dor que eu sinto aqui. - coloquei a mão dele sobre o meu coração. - Para de dizer que você me ama, porque você não ama, você tá dizendo isso porque eu vou embora e você talvez, não quer que isso aconteça.
- Eu sei que eu fui o maior babaca contigo e até mesmo mentiroso. - suspirou. - Você pode duvidar de tudo, tudo mesmo, mas não duvida que eu te amo, porque você não tem noção do que acontece quando eu te vejo, quando eu te toco, quanto eu te beijo, ou apenas, quando eu penso em você. E eu não quero que você fique, porque eu sei o quanto você deseja ir, só por isso eu quero que você vá, porque se você estiver feliz lá, eu vou estar feliz e torcendo por você aqui.
- Tá... - sussurrei sem saber o que falar. - Eu preciso ir.
- Eu sei. - ele me encarou e segurou novamente a minha nuca. - Seja incrivelmente fantástica lá, assim como você é aqui. E eu amo você.
Senti seus lábios quentes tocando a minha testa e respirei fundo, sentindo uma enorme vontade de chorar.
O encarei pela última vez e comecei a caminhar, sentindo minha mão tremer, sentindo meu coração palpitar e pequenas lágrimas descerem pelo meu rosto.
- Tenha uma boa viagem. - a mulher disse assim que entreguei a passagem e eu acabei sorrindo forçado.
- Eu também amo você... - sussurrei baixinho sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto...
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A praia do amor II
RomanceCaminhos diferentes e amores proibidos. Segunda temporada de A praia do amor.