Doze.

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Victória 🌴

Castigo. Coisa de quem parece ter quinze anos e não dezenove.

- Ah, mãe. - falei manhosa. - Eu tô bem, não tô? 

- Você podia ter morrido. - ela murmurou lavando a louça enquanto eu secava. 

- Mas eu tô aqui e nunca mais vou pisar lá. - falei. - Ele não ia me matar. 

- Como você tem tanta certeza? - me encarou e eu mordi o lábio. 

- Eu não sei, mãe... - murmurei. - Eu só senti isso. 

- Sentiu? - riu. - Tudo bem, Vic. Só não quero que minta pra mim, eu sou sua mãe e nunca vou te abandonar. 

- Eu sei. - falei. - Mas achei que se contasse você não me deixaria ir. 

- E não ia. - disse e eu gargalhei. - Pra você ir num lugar daqueles precisa ter cabeça, pra não se envolver com nada errado. 

Tarde demais. Eu já tinha me envolvido com o erro, já tinha beijado o erro e o erro quase me matou. 

- Hum, você parece saber demais. - estreitei os olhos.- Já foi num baile né, safada? 

- Me respeita. - disse rindo. - Já fui sim. 

- E como foi? - perguntei. 

- Gostei. - disse. 

- Eu teria gostado mais, se nenhuma arma tivesse sido apontada na minha cabeça. - falei rindo.- Eu achava que iria ser pior, mas enquanto eu subia o morro podia ver algumas pessoas conversando na frente de casa e elas eram felizes. 

- Mas eles são felizes. - minha mãe disse. - A pessoa que comanda lá é boa. 

- Pera, mãe. - falei.- Você conhece? 

- Ah, não, que isso. - disse nervosa. - Vai se arrumar que vamos pra casa da sua tia Lavínia. 

- Tá bom. - murmurei subindo as escadas e indo me arrumar...

•••

- Minha mãe não para de encher meu saco. - Bernardo disse e eu gargalhei dando um gole na minha bebida.

Sempre tinha esses almoços, onde todo mundo se reunia e quem não fosse tinha que pagar cem reais por pessoa, então todo mundo ia. 

Mas os adultos sempre se divertiam mais que os jovens, como podem ver, meu tio Gui e a tia Lavínia sumiram faz uma hora e eu juro ter ouvido um gemido.

- Ai, eu dormi com a Alícia. - Bernardo sussurrou no meu ouvido e eu me engasguei. 

- Que? - perguntei alto. 

- Fala baixo, porra. - disse. - A gente só dormiu. 

- Ela só tem dezesseis anos. - falei. 

- A gente só dormiu, Victória. - bufou irritado. - Eu não ia fazer nada que ela não quisesse. 

- Você sabe que quando a tia Yasmin descobrir, ela vai te matar.  - falei e ele assentiu. 

A praia do amor IIOnde histórias criam vida. Descubra agora