Onze.

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Bernardo

Abracei a Victória e procurei por algum machucado, mas não havia nada.

- Ele não te machucou? - perguntei e ela negou. - Estava preocupado. 

- Relaxa, Be. - ela sorriu e eu a encarei sem entender.

- Você não ficou com medo? - perguntei e ela pareceu pensar. 

- Acho que sim. - respondeu e eu fiquei sem entender. Como ela não havia ficado com medo de um traficante? 

- Vic. - Alícia me empurrou e abraçou a amiga. - Que bom que está bem. 

- Gente, calma. Tô inteira, vamos pra casa. - Victória murmurou e eu assenti indo com o pessoal pro carro. 

- A gente acabou ligando pros nossos pais. - Helena disse pra Victória. 

- Gente... Eles nem sabiam que estávamos aqui. - ela disse.

- Sua segurança era melhor. - falei.

- Eu estava segura. - respondeu e suspirou. 

- Estava? - perguntei debochado.

- Estava, Bernardo. - respondeu seca.

- Como você tá tão calma, sendo que você... - fui interrompido pela Alícia.

- Deixa ela. - murmurou tocando meu braço e eu a encarei suspirando. 

Fiquei quieto enquanto eles conversavam e parti pra minha casa, já imaginando que todos estariam lá...

•••


- Meu Deus, Victória. Você tá bem? - Tia Carol perguntou assim que passamos pela porta. 

- Tô bem mãe. - murmurou, enquanto meu pai me encarava com uma cara nada boa. 

- Vocês falaram que iam pra uma festa de amigos. - minha mãe disse. - E foram pra uma favela? Vocês não tem noção do perigo que correram? 

- E pelo que a Helena disse, um traficante havia pego a Victória. Já pensou o que poderia ter acontecido com ela? - Meu pai disse alto. 

- Calma, gente. - tia Carol disse tentando acalmar a situação. - Pra qual morro vocês foram?

- Complexo da Penha. - Victória disse e a tia Carol suspirou. 

- Pelo menos isso... - tia Carol murmurou me fazendo a olhar sem entender. 

- Sabe mãe... - Victória sussurrou. - Havia uns grafites espalhados por lá e um me chamou atenção... De um menino e uma menina, igual aquela foto que eu tenho do meu amigo de infância sabe?

- Deve ser coisa da sua cabeça. - tia Carol disse nervosa e a Victória deu de ombros. 

- Que merda você tava pensando, Bernardo. - meu pai disse chegando próximo a mim. - Já pensou que vocês podiam ter morrido? 

- Eu sei pai, mas agora tá tudo bem. Relaxa. - falei e ele me encarou puto da cara. 

- Perdeu toda confiança que eu tinha em ti. - ele disse e saiu.

A praia do amor IIOnde histórias criam vida. Descubra agora