Vinte e três.

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Bernardo 

Encarei o teto enquanto a Lis dedilhava meu peitoral e suspirei, era tão errado estar ali com ela e estar pensando na diaba da Alícia, o que era mais errado ainda.

Fazia semanas que eu não a via, na verdade, nem eu e nem ninguém. 

Tia Yas disse que ela não estava muito bem, que só ficava no quarto e quase nunca conversava, e eu ficava puto por isso, já que eu sabia que a culpa era toda minha. 

E eu estava me odiando por deixar ela assim, a minha vontade era de ir lá ver ela, quebrar todas as barreiras que me impede de viver com ela e ter ela só pra mim. Nem que a gente tivesse que fugir. 

Mas eu sabia que eu podia magoar ela, deixar ela pior do que ela está agora, eu reconheço o quão babaca eu fui e sou, então eu iria apenas me afastar. 

A Alícia merece qualquer coisa melhor do que eu. 

Mas porra, era tão errado estar com a Lis e só pensar nela, e eu pensava várias vezes em deixar as duas, assim quem iria se magoar era eu. E eu pouco me importava comigo. 

Suspirei me soltando da Lis e levantei indo até o banheiro, eu só queria respirar e sei lá, viajar. Mas não quero fugir, quero enfrentar meus problemas. 

Joguei uma água no rosto e voltei pro quarto,vendo a Lis toda jogada lá. 

- Tô com fome. - ela murmurou e eu a encarei. 

- Vamos descer, minha mãe deve estar fazendo a janta. - respondi e ela começou a se vestir. 

Assim que descemos pude ouvir a risada escandalosa da minha mãe e a do meu pai. 

- Boa noite. - falei vendo a minha mãe com o rosto todo sujo de farinha e o meu pai chorando de rir da cara dela. 

- Tá pior que um fantasma. - ele riu alto e a minha mãe o encarou bolada. 

- Me respeita se não quiser dormir no sofá, Guilherme. - ela disse e ele ficou quieto. - Oi filho, oi Lis. 

- Oi gata. - Lis disse pra minha mãe que riu bobinha. 

- O que tem pra comer? - perguntei. 

- Lasanha. - minha mãe disse orgulhosa. 

- Na verdade, a sua mãe tá tentando fazer uma lasanha, se ficou bom não sabemos. - meu pai disse rindo. 

- Guilherme... - ela murmurou. - Eu sou uma ótima cozinheira, ok. 

- Ótima cozinheira também não né, vida. - meu pai disse. - Mas você é boa em muitas coisas...

- Nunca mais cozinho. - ela fez cara feia e eu gargalhei. 

Continuamos a conversar, enquanto a lasanha estava no forno. A Lis fazia simpatia fácil com os outros, o que era bom, mas só quem realmente a conhecia sabia o quão enjoadinha ela era. 

Depois de alguns minutos a lasanha ficou pronta, e até que estava gostosinha. 

- Deu pra comer. - meu pai falou brincando pra minha mãe que riu. 

- Quietinho, Guilherme. - ela disse piscando pra ele que deu um tapinha na coxa dela. 

- Lavínia, Lavínia... - ele respondeu. 

Meus pais subiram e eu e a Lis ficamos responsáveis por limpar a sujeira, limpamos rapidinho e voltamos pro quarto. 

- Vamos ver a terceira temporada de La casa de papel. - falei. - Saiu hoje. 

- Pode ser, mo. - ela disse se jogando na cama e eu coloquei a série pra eu ver. 

Assistir alguns capítulos até ficar de saco cheio e fui mexer no celular, a Lis dormia do meu lado, então uma paz tinha reinado. 

Comecei a ver alguns status até chegar no da Alícia, que tinha me desbloqueado por algum motivo. 

 Whatsapp (status) 

Minha gatinha

Mudanças são sempre bem vindas <3

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Mudanças são sempre bem vindas <3

•••

Acredito que fiquei uns trinta minutos só olhando essa foto, observando cada detalhe, cada parte dessa pessoa que me fez feliz e que eu consegui destruir tudo. 

Porra, eu achava que a Alícia não podia ficar mais bonita.

Mas a diaba vai lá, pinta o cabelo e fica um espetáculo, onde eu era a plateia. 

Bloqueei o celular o deixando de lado e fitei o teto, dei um sorriso fraco lembrando de quando ela dormiu comigo. 

Foi um simples momento, mas que me fez dar os melhores sorrisos...

•••

Vou tentar não sumir mais <3

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