Capítulo O4 | Refeições

227 26 88
                                    

[Alaska]

Na primeira vez que vi Alex eu fiquei... deslumbrada. Fazia alguns meses que minha irmã se mudou para fazer faculdade e veio nos visitar duas vezes desde então. Uma semana a seguir do início verão Allison ligou para avisar que começou a namorar um colega de faculdade e viria apresentá-lo.

Eu não fiquei muito curiosa sobre o sujeito, mas quando Alex passou pela porta de casa usando uma bermuda cargo e camiseta do Guns N' Roses, perdi o ar. Ele era tipo... Uau! Pude ver os músculos de longe, o cabelo era a coisa mais linda que já vi em toda minha vida e o sorriso... Parecia um modelo saído de uma das revistas da Acrombie. De longe, fiquei o observando o tempo todo. Milagroso ninguém ter percebido. Naquela semana conseguimos conversar bastante e pegamos uma intimidade incrivelmente rápido. Achei que ele me considerasse uma irmã mais nova postiça, porém, eu, por outro lado, estava meio que apaixonada secretamente. As vezes trocávamos mensagem de texto, ele me recomendava livros pra ler e nós fizemos ligações. Quando entrei naquela cozinha, imaginei que teria um piripaque. Eu estava horrendamente terrível; descalça, descabelada e quase pelada. O que poderia ser pior? Nada. Dei alguns passos para trás silenciosamente. Se tivesse sorte, sairia sem que ninguém percebesse minha presença. Torci para me encolher do tamanho de um rato. Demorou dois segundos até minha mãe me notar. Infernos!

— Alaska! — Allison desceu do banco. Ela correu e apertou os braços ao redor de minhas costas. O perfume continuava floral com toque de baunilha.

— Oi, Alli. — Eu disse ao me afastar, checando se minhas costelas não foram esmagadas. — Eu estava com saudade. Como você tá?

— Estou ótima! E você? — Allison deu um passo para trás e me analisou de cima a baixo. — Parece que não muito bem. Acabou de acordar, não foi? — minha irmã devolveu meu sorriso, gentil como sempre. — Ah, ainda tá linda. Aliás, o Alex veio. Olhe só, Alex, venha cumprimentar a Alaska.

Eu quis morrer. Cogitei se dava tempo de correr para o segundo andar e me atirar de uma janela quando ela foi até o namorado e o puxou pela mão. Por que eu tinha que encontrá-los justamente quando parecia uma mendiga? Alex saiu do banco também. Não, Alaska! Ele é namorado da sua irmã. Não tem que ficar bonita pra ele, meu racional repreendeu. Alex parou a poucos centímetros de mim.

— Oi, Alaska. — Com um sorriso perfeito nos lábios perfeitos, partiu para um abraço.

Collins teve de se curvar perante minha altura. As mãos fortes envolveram-me na cintura e pensei em desfalecer. O perfume dele era divino; uma mistura de algo bem masculino com verão e frescor. Também o abracei, mas durou poucos segundos. Reprimi a vontade de fazer careta.

— Oi, Alex... — minha voz parecia a de uma criança abobada. — Tudo bem?

— Eu estou ótimo. E você, pequena?

— Também. Estou ótima. Nada de estranho acontecendo. Muito bem. Nem tô tremendo. — Calei. Droga, eu sabia que ia acontecer.

Allison segurou-me pelas mãos.

— Você pode me ajudar a desfazer as malas! Vem comigo, precisamos botar o papo em dia. Deve ter muito o que contar!

Ela era tão boa que mesmo sabendo da minha isolação social agia como se eu tivesse me metido em muitas aventuras em sua ausência. Na sala, duas malas estavam de pé perto da soleira. Allison pegou uma e eu a outra. Juntas, subimos pela escadaria ao antigo quarto dela. Mamãe sempre o mantinha limpo e impecável. A decoração era em tons de rosa-claro, papéis de parede floridos e móveis de carvalho.

— Quando vocês chegaram?

— Faz meia hora. Sorte que encontramos papai e mamãe antes de irem trabalhar. — Allison abriu o antigo armário. — Pode guardar as roupas do Alex?

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora