Capítulo 45 | Arrependimento amargo

71 5 24
                                    

[Nicholas]

Era surreal para mim a ideia de perdê-lo. Não apenas por ser meu namorado, mas sim porque era Sammy, o garoto mais maravilhoso de todo o planeta. E eu agi um completo idiota.

No começo, foi sim para ganhar a aposta; depois, o menino de nariz arrebitado me conquistou em tão pouco tempo e tudo foi tão real que eu simplesmente esqueci dela na maioria das vezes. Eu devia ter contado mesmo assim. Até tentei falar para Sky, só... não consegui. No fundo eu soube que muita gente sairia machucada se a verdade viesse à tona. Mason não espalhou e nem tocou no assunto por muitas vezes, o que me fez acreditar que ele também tinha esquecido. Pensei que tudo ficaria bem, que nada fosse mudar... Fui um tolo ao insistir em varrer para debaixo do tapete.

Se pudesse voltar no passado, se eu pudesse consertar todo o caos, eu o faria para não ver a ficha caindo para Sammy e posteriormente a decepção estampada. Partiu meu coração saber que ele estava magoado por minha causa. Nenhuma tentativa de minha parte valeu a pena. Minhas chances se foram. Como eu pude machucar tanto a única pessoa que me apaixonei na vida...? "Você me machucou... A única pessoa que já fez isso comigo foi Todd... A diferença é que eu não o amava", disse ele. A pior frase que ouvi na vida, a que mais teve impacto em mim — mais que qualquer soco, qualquer agressão física. E o olhar de Sammy ao partir, recheado de desilusão e dor, lágrimas e sofrimento, me quebrou. "Não fui eu quem fiz.", sua última frase.

Se teve uma coisa que descobri quando Sammy cruzou aquela porta era que perdi a coisa mais preciosa que já me pertenceu e que fui o culpado de acabar com um amor que poderia ter durado anos; talvez a vida inteira. Quando saiu, eu senti que ele levou meu mundo consigo. O sentimento em meu peito era tão doloroso que eu não saberia descrever. As palavras de Sammy ecoaram. Cada uma delas. A culpa e dor me corroeram desde os ossos, queimando as veias, minhas vísceras e alma. Mesmo fraco e acabado, me levantei. Eu não queria estar na sala de aula quando o sinal batesse. Queria estar bem longe. Longe o suficiente para poder gritar e extravasar tudo que se prendeu na minha garganta.

Ao passar pela porta, um peso acertou minha bochecha e eu cai. O impacto no piso gerou-me dor na coluna. Levei a mão a face dolorida depois de bater com as costas no chão.

— Seu desgraçado! — Sky, irado, vociferou, pronto para pular em mim. Teria me arrebentado se Mason e Scott não aparecessem para segurá-lo. — Eu te avisei que se machucasse ele eu ia acabar com você! Como pôde fazer isso com ele? Logo com o meu irmão?! — Sky se debateu, tão forte que Scott e Mason custaram contê-lo. — Você é um canalha, Nicholas! Um maldito canalha!

Mais choro escorreu dos meus olhos. Ele não mentiu. Eu não o culpava de estar furioso, de querer me quebrar inteiro pelo que fiz. Eu o merecia.

— Saíam da frente, seus abutres! — mais alguém se intrometeu no círculo do furacão. Nathaly abriu caminho as cotoveladas e pontapés. Minha irmã se abaixou ao meu lado e segurou no alto braço. — Levanta, Nick. Vou te tirar daqui.

Aceitei de bom grado a tentativa dela me erguer e a ajudei. Nathaly segurou na minha cintura e costurou por nossos colegas. Quando passamos pelas portas duplas, ouvi o diretor Hadsworth gritar, querendo saber o motivo do alvoroço. Nathaly se apressou para descermos as escadas. Ela abriu a porta e me empurrou para o banco do passageiro do nosso carro. Durante todo o trajeto para casa, não perguntou nada. Nem mesmo quando comecei a chorar contra o vidro da janela do carro, acompanhando as gotículas d'água que caíram no pequeno chuvisco matutino.

Nathaly me ajudou a descer e subiu comigo para casa, guiando-me pelos cômodos diretamente a meu quarto. Ela se sentou na cama comigo. O chuvisco se tornou em uma chuva forte lá fora. O barulho da água caindo contra o telhado serviu minimamente para amenizar o chiado do meu peito dilacerado.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora