Capítulo 25 | Libertação

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[Sammy]

Meu corpo se não moveu nem um centímetro quando os tímpanos captaram a voz de Sky. Nada além da minha pálpebra arregalada.

Nicholas também pareceu surpreso com o flagra tanto quanto eu. Pensei que minha morte viria por um infarto. Desejei que um raio me acertasse na testa e o mundo sumisse. Sky estava parado a alguns metros, chocado com a cena que presenciou a segundos atrás. Alaska o segurava pelo ombro, mas não sabia que o levava embora ou se punha entre nós.

— Sky... — minha voz saiu mais baixa que eu gostaria. — E-Eu posso... — conversei, depressa, sabendo que nada que formulasse seria convincente.

Como explicar que eu e o melhor amigo dele — que por acaso era primo da minha melhor amiga — estávamos a ponto de nos beijar? E do jeito que Nicholas me segurava, nenhuma desculpa no mundo colaria. Empurrei-o para que me soltasse. Felizmente ele obedeceu a minha ordem. No entanto, afundei as costas na madeira da estante.

— Vem comigo, Sky. — Alaska o puxou pelo braço para longe. Sky também não resistiu. Ela olhou por cima do ombro e sibilou um "Desculpe. Não consegui impedir" para mim, sem falar.

Minhas pernas falharam e as costas deslizaram até que eu estivesse sentado no chão. Isso não era pra ter acontecido. Sky nunca me pegou beijando alguém... Justamente na primeira vez tinha de ser com um garoto.

— Eu estou ferrado. — Afundei o rosto nas mãos, tapando-me da claridade na sala. — O que vou fazer agora...?

Embora o sussurro fosse para mim mesmo, Nicholas interveio. Ele tocou um dos meus joelhos.

— Ei, não fique assim. — e puxou delicadamente minhas mãos, segurando entre as suas. Sem escolha, tive de encará-lo. — Você vai dizer ao seu irmão que gosta de mim, que eu gosto de você e que estamos juntos.

Parecia tão fácil e simples na teoria...

— Eu não sei se consigo dizer isso. Não para Sky. Ainda é cedo demais. Não estou preparado. E-Eu... E se ele me odiar? E se ele disser para minha mãe e ela me odiar? E se...

Nick me beijou. Sem explicações, apenas me beijou, pegando a mim de surpresa. Todas as minhas preocupações dissiparam momentaneamente, relaxei o cenho e respirei.

— Você consegue. — Sussurrou, dotado de confiança. — Sky vai te aceitar do jeito que você é. Acredite, eu o conheço melhor que ele mesmo.

Balancei a cabeça em consentimento. Nicholas segurou minha mão e esperou que eu estivesse pronto para o embate. Suspirei, inspirei, expirei. Demorou muito tempo para eu conseguisse sair do chão. O louro me ajudou a levantar e conduziu-me, com a mão nas minhas costas, para a outra parte da sala. Sky estava sentado em uma das primeiras cadeiras, com Alaska em cima da mesa o afagando mas costas. Parei na metade do caminho. Nicholas esperou. Tomei o fôlego, a coragem... e prossegui.

— Acho que vou deixar vocês conversando. — Alaska saiu de onde estava.

Ela levou Lauren ao fundo da sala e Nicholas fez o mesmo com a irmã. Agora apenas os gêmeos Fray estavam em vista.

— Te devo uma explicação... — comecei. Sky levantou o queixo. Engoli em seco. Ele esperou. — E-Eu... hã... — Afastei as mãos para detrás do corpo e desviei o olhar para o lado. — Eu tenho que te dizer que... bem... eu... Eu sou... gay. — A palavra custou a sair da minha garganta. — Gosto de garotos.

Sky ficou parado, processando, absorvendo.

— E por que não me disse antes? — foi tudo que perguntou.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora