[Narrador]
O Natal de Lauren Lodge foi um dos piores que já viveu, já que os pais a arrastaram para um evento beneficente em Jhun'Nipper Hills. Ao menos tiveram fundos de arrecadação para crianças carentes.
No dia do ano novo ela acordou animada pois seu aniversário de dezessete anos se aproximava, mas para a grande tristeza, lembrou-se que Nathaly Willson ia embora da cidade. Lauren não queria. Obviamente não era de se apegar fácil a alguém — romanticamente —, mas provocar Nathaly era tão divertido e a relação delas era tão gostosa de desenvolver que aconteceu naturalmente...
— Bem, acho que chegou a hora de eu ir. Não vai me dar um abraço, ruiva? — Nathaly mordiscava o lábio inferior, com as mãos dentro do casaco grosso rosa-claro.
— Parece que sim... — as duas se encararam por segundos eternos, ambas tristes pela partida, de orgulhos e sentimentos doloridos e a vontade de chorar instalada na garganta.
O abraço que se seguiu foi o mais triste que já deram na vida — principalmente porque chegou uma hora que teriam de rompê-lo. Quando se separaram, ambas se surpreenderam de ver que uma lágrima escorria do rosto da outra... Mesmo que não parecesse, significava uma grande demonstração de afeto.
— Adeus.
— Adeus.
Minutos depois, quatro pessoas entraram no carro, incluindo Nathaly e Nicholas. O carro avançou pela rua, virando a esquina em seguida. Lauren se uniu a Sammy, também abalado pela partida dos gêmeos que os conquistaram um dia.
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Era noite e o céu escuro estava pintado por diversas estrelas que cintilavam. A cobertura de telhas shingle sustentou fielmente os pequenos pesos dos adolescentes que descansavam em seu meio. Deitados, cansados, de orbes voltadas para o imenso pontilhado cintilante de estrelas iluminando o breu noturno acima de seus rostos abatidos.
— Você acha que no céu é bom? Que as coisas são... melhores...? — Sammy perguntou de repente, quebrando o silêncio instaurado a minutos. — Acha que lá tem... paz? Que não existe dor...?
Ele se sentia burro. Um estúpido idiota. Talvez se não tivesse se apaixonado pela pessoa mais babaca de toda a cidade não tivesse um coração partido latejando tanto dentro do peito. Talvez se tivesse se afastado na hora certa não passasse tal sofrimento. Talvez se tivesse usado um pouco mais de esperteza agora não se sentisse tão... vazio.
— Não sei... — Alaska engoliu em seco, ainda encarando as estrelas. Viu uma piscar. Um sinal? A luz que carecia. A luz no final do túnel escuro e deprimente que nunca tinha fim. Tudo era tão confuso, sombrio e doloroso depois dos últimos acontecimentos que o ar as vezes mal chegava aos pulmões — Queria passar um tempo lá para saber. — Sussurrou, recostando a testa no ombro do melhor amigo. Pressupunha que talvez, só talvez, se passasse pelo menos sessenta segundos no céu, esbarraria na paz que tanto necessitava. E vejamos a ironia; o motivo de sua tristeza tinha o mesmo nome de para onde tanto desejava ir. A partida de Sky ainda mexia com ela, provavelmente mexeria por muito mais tempo.
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As aulas retornaram com tudo e o assunto do momento ainda era o falecimento de Angeline Montgomery. O que se viu na escola foram murais e cartazes com a prevenção de suicídio, fotos de Angie e mensagens carinhosas pregadas no antigo armário dela por meio de cartinhas, post-its e ursinhos. Alaska odiava a hipocrisia daquelas pessoas — que não deviam sequer ter conhecido ou trocado uma palavra com a menina. Ela também descobriu que Angeline era, na verdade, a melhor amigo de Lionel-Ryan Jones quando apareceu no funeral dela por sinal de respeito. As semanas se passaram. No dia treze de janeiro aconteceu a festa de Lauren. Eles conseguiram aproveitá-la ao máximo, afinal, não tinha outra opção... Apesar das decepções amorosas, a vida continuava... Eles querendo ou não.
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Meses Depois...
— Alaska! Alaska! Alaska! — os gritos de Lauren Lodge chegaram antes mesmo que ela passasse pela porta do quarto da melhor amiga. Alaska Willson estava sentada na cama, pintando as unhas dos pés com um esmalte azul-royale. — Eu tenho uma super notícia! É bombástica!
— Super notícia, é? — Sammy Fray, vindo da pequena confeitaria de sua mãe. Finalmente, depois de meses vendendo sobremesas na porta de casa, Josett alugou um pequeno lugar para começar o negócio. As coisas estavam se ajeitando, afinal. Sammy se sentou no parapeito da janela. — Quero saber o que é. Notícia boa é do que precisamos. Quanto mais, melhor.
— Conte logo, Lauren. — Alaska girou a tampa no vidro de esmalte para tampá-lo e colocou dentro da primeira gaveta da cômoda.
Lauren gesticulou, balançando as dezenas de pulseiras coloridas no pulso fino.
— Escutem só: eu contatei um amigo do meu pai que é produtor e mostrei um vídeo seu cantando no show de talentos e... — Ela deu pulinhos animados.
— E...?
— Ele gostou muito e quer conversar com você! Não é incrível?!
— Sério? — Sammy arregalou os olhos, maravilhado. Se fosse verdade... — Alaska, é a sua grande chance!
— Minha grande chance de quê? — Al franziu o cenho.
— De ser uma estrela do pop! — Lauren saltou para a cama.
— Até parece, galera... — ela revirou os olhos e puxou o pé para assoprar a unha do dedo. — Não é como se eu fosse gravar um disco e virar uma cantora superfamosa. — Caçoou. Os amigos fizeram cara feia. Alaska não ligou. O que eles diziam era loucura, apenas fantasia. Aconteceria só na cabeça deles... E, como numa ironia do destino, ela não poderia estar mais enganada.
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Quase Clichês
Ficção Adolescente[Concluída]. Imagine que estamos quase no final dos anos dois mil, onde a moda ainda é brega e ao mesmo tempo maravilhosa. Garotas abusam de um estilo ousado e meninos passeiam com o moletom do time de futebol do colégio; as séries mais icônicas...