Capítulo 24 | Sexualidades

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[Narrador]

Rajadas leves de vento circundavam o ar, por pouco não deixando o dia com aspecto supergelado — apesar de que em breve a temperatura abaixaria, afinal, o inverno viria na próxima estação.

Apesar do sol fraco, muitos habitantes da pacata Sarye Fall se sentiam nebulosos, aéreos e imersos em acontecimentos recentes. Um belo exemplo era Alaska Marie Willson, indecisa sobre Lionel-Ryan Jones. Desde o dia que eles foram ao parque ela se perguntava se poderia gostar dele de verdade. Os dois saíram de novo. Foram assistir um filme de terror no shopping. Lionel segurou a mão de Alaska nas partes mais assustadoras — mesmo ela não estando com tanto medo quanto ele. Não deixou de ser um gesto adorável.

A caçula dos Willson ainda pensava em Alex Collins, entretanto, menos que habitualmente. Ela tinha plena consciência do quão errado era. Talvez conseguisse gostar de Lionel do mesmo jeito que gostava de Alex. Lion era um cara legal, inteligente, divertido, engraçado e muito lindo. Ela poderia gostar dele sem qualquer receio e, se quebrasse a cara algum dia, tudo bem. Pelo menos ele não seria Alex. Continuariam saindo, teriam seu primeiro beijo em um encontro meio romanticamente brega e fogos de artifícios explodiriam no estômago... Esperava que sim.

— Quando vai ser seu próximo encontro com ele? — Lauren Josephine Lodge perguntou ao fechar a porta de metal do armário num baque. — Ele é bem gato.

Alaska olhou vagamente pelo corredor.

— Não sei quando. Talvez no sábado.

— Sábado? Uma semana? Amiga, trate de fisgá-lo logo, se não alguém vai tomar a vaga.

— Estou bastante preocupada. — Ironizou Marie. Percebendo que estava fazendo muito pouco caso, Alaska saiu do mundo da lua. — O que acha que eu deveria fazer?

— Marque de sair com ele lá pela quarta.

— E pra onde?

— Jantar na sua casa. Vai ser ótimo.

— Também vai ser ótimo ver meu pai cravando um garfo na coxa do menino antes da sobremesa. — Al apoiou as costas no armário. — Fala sério, Lauren.

— E eu estou. — Rebateu. — Vai ser uma boa oportunidade para apresentá-lo a família. Se ele é realmente como diz, seus pais vão adorá-lo.

— Não sei...

— Pense nisso. Mas se eu fosse você, Alaska, escutava meus conselhos. Eles são os melhores.

Alaska riu.

— Imagine se não fossem...

❤︎ ❤︎ ❤︎


Sammy Donald Fray faltou à aula para ficar no quarto, pensando no que faria no dia seguinte. Era certo que se passaram mais de uma semana desde sua conversa com Alaska — quando ele assumiu os acontecimentos com o primo dela. Uma semana enrolando Lauren para revelar sua sexualidade. Teve receio e medo. Aquilo mudaria a amizade deles... Ou talvez não mudasse. Lauren o aceitaria numa boa? Talvez. Mas Sammy tinha certeza de que quando contasse para sua mãe e irmão o gosto por rapazes, sua vida desmontaria. Por hora, uma pessoa de cada vez. Ele contou para Alaska e Lauren seria a próxima. Quem sabe conseguisse se abrir para um dos familiares na próxima semana... — se o receio colaborasse em ceder. E se ele fosse a maior decepção da vida da mãe dele? Sammy aguentaria ver o desgosto estampado nela? Da mulher que o criou com tamanha dificuldade em meio à tantos obstáculos? A garganta fechou. Sammy pediu para Nicholas um tempo, para que pensasse melhor nas coisas. Já não se falavam a uma semana... e isso o corroía. Sentia falta da companhia, de suas ações imprevisíveis e como o irritava. Queria poder beijá-lo de novo... Só mais uma vez...

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora