Capítulo 16 | Culpa

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[Alaska]

Tentei dar um passo para trás. Se eu saísse correndo seria muito suspeito?

— Oi, Al.

Minha tentativa foi por água abaixo. Sem saída, entrei na cozinha.

— Oi, Alex.

Passei diretamente para a geladeira e abri, torcendo para estar mais recomposta. Se ele contasse na manhã seguinte para papai que apareci bêbada além da conta em casa seria meu fim. Peguei da geladeira uma jarra de água fria e outra de suco.

— Como foi a festa?

— Para minha primeira até que teve muitas emoções.

Aproveitei que estava perto da pia e segurei nela quando minha cabeça rodou. Pisquei com força e puxei um copo.

— Que tipos de emoções?

— Ah, essas coisas de festas. Eu... dancei muito com meus amigos. E cantei em cima de uma mesa. Foi emocionante. — Tirando Scott Steinfield, claro.

— Sua apresentação foi muito boa. Você mereceu ganhar.

— Valeu por ter ido me ver.

— Não me arrependi. Você foi absolutamente incrível. E canta muito bem... Disso nós dois já sabíamos.

Retribui o sorriso e bebi a água em grandes goles. Minha visão levemente turva identificou o líquido da jarra de suco como alaranjado... ou amarelado. Era de de pêssego... Ou de manga... Despejei no copo e experimentei. Laranja e mamão.

— O que fizeram depois que saíram da minha escola? — resolvi falar com ele para não levantar pistas que preferia evitá-lo. Mesmo assim, mantive distância.

— Nós fomos comer pizza junto de Molly e Stanley, viemos para cá, conversamos, assistimos TV e subimos para dormir. Seu pai não queria se deitar. O plano dele era ficar te esperando, mas Edith o convenceu... Ainda bem, né? Você parece ter bebido um pouco.

Mudei de assunto bruscamente.

— Ultimamente tem feito um calorzão aqui em Skarye Fall, né?

— Parece que sim. — Ele terminou a própria água e deixou o copo na pia. — Eu ia subir, mas acho que vou ficar mais um pouco. Não conversamos muito desde que cheguei.

Sobe logo!

— Ah, eu estava muito ocupada com a escola e esse negócio do Show...

Alex parou para me inspecionar em meio ao luar que vinha das janelas. Nenhum de nós teve coragem de acender a luz.

— Você mudou.

— Mudei?

— Sua aparência. — Ele apontou para meus cabelos.

Os puxei num coque desleixado qualquer.

— Deve estar todo bagunçado.

— Não. — Alex segurou meu braço. — Deixe soltos. Gosto deles assim.

Minhas bochechas queimaram. Soltei o cabelo e o usei de artimanha para escondê-las temporariamente.

— Que bom que gostou.

— Gostei muito. — Podia jurar ter ouvido a voz dele agravando alguns tons.

Engoli em seco e discretamente coloquei as pernas cruzadas uma na frente da outra. Alex estava muito perto ou só parecia estar? O olhar dele passou por mim. Me senti despida. O bom Deus não me afortunou com grandes seios ou nádegas exageradas, mas foi bondoso com membro proporcionais e coxas não-finas. O sussurrar de Alex voltou para minha mente. Segurei com força no mármore atrás de mim. Eu tinha que sair. Ir embora. Me afastar. Infelizmente bastou tentar dar um passo para tropeçar nos cadarços desamarrados. Eu teria me esborrachado se Alex não tivesse sido rápido o suficiente em me segurar pela cintura. Aconteceu muito rápido. Em um momento eu estava desabando e no outro mãos fortes me agarravam para perto. Tão perto que nossos peitos não se tocaram por três centímetros e me vi obrigada a apoiar as mãos nos bíceps firmes para recuperar o equilíbrio. Meu coração galopou. Fixei meu olhar em Alex, erguendo devagar o rosto pela clavícula, pescoço, queixo e lábios. Os olhos amendoados já me esperavam. Fiquei sem reação, batendo os cílios devagar. Meu instinto gritava para que eu fugisse o mais depressa, mas meu coração insistia em ficar

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora