Capítulo O5 | Canções

170 15 14
                                    

[Sammy]

Na sexta decidi não ir à escola. Tomei um rápido banho, me troquei e vinte minutos depois estava batendo na porta da casa dos Willson. Allison me recebeu.

— Sammy? — ela tinha a mesma voz agradável e alegre de sempre. Os cabelos castanho-médio cresceram e carregavam pontas onduladas. Continuava bonita com aparência de Boa-Moça.

— Oi, Allison!

— Sammy! — ela saiu do batente e me abraçou. Deixei-me envolver em seu perfume floral com baunilha. — Tudo bem com você?

— Estou bem. E você, Allison? Que bom que veio!

— Estou ótima, muito feliz por estar de volta. Temporariamente, no caso. Venha, entre. — Entrei. — Alex, olha quem está aqui!

Espiei para o sofá e avistei o rosto e a cabeleira loira vindo no meu rumo. Da última vez que estiveram aqui — para passar uma semana no verão —, acabei tendo de ficar mais em casa por causa de um resfriado que mamãe pegou, cuidando dela. Quase não vim a casa dos Willson, então nos vimos nas únicas duas vezes que passei para dar um "oi" ou pegar matéria do colégio. Alaska não estava errada em achar Alex Collins bonito; ele era. Um padrão loiro de corte meio emo ao mesmo tempo desgrenhado e pele levemente bronzeada. Mesclava o tipo surfista-roqueiro. Ele exibiu os dentes.

— Oi, Sammy, não? Me lembro de você da outra vez que viemos aqui. É o melhor amigo da Alaska.

— Exatamente. Como vai, Alex?

— Perfeitamente bem e você?

— Ótimo. — Maneei o queixo. Allison fechou a porta. — Cadê a Al?

— No banho. — Allison disse. — Pode subir, se quiser.

— Tudo bem, obrigado. Foi bom te ver, Allison. É bom que esteja aqui, temporariamente.

— É bom estar temporariamente de volta.

Acenei uma última vez, subi e fui esperar Alaska dar as caras no quarto dela... (...) Quando soube que Allison passaria o fim de semana na casa dos pais junto com o namorado, previ que algo de ruim poderia acontecer. Eu só rezei que a baixinha se controlasse para não dar bandeira. O tempo que passamos cozinhando foi o bastante para mantê-la ocupada. O tio e companhia viriam ao almoço também segundo uma mensagem de texto enviada pela senhora Willson a filha. Isso queria dizer que os gêmeos comeriam algo preparado por mim. Que Deus me ajudasse. A refeição, no entanto, decorreu consideravelmente bem e agradável. Os gêmeos loiros e endiabrados não causaram problemas. Em determinado momento peguei Nicholas me encarando. Ergui uma sobrancelha e ele sorriu de jeito insinuativo.

— Essa comida está divina, Sammy. — O senhor Willson elogiou.

— Eu vou roubar ele e sair do país. Montaremos um restaurante em Paris — Edith prosseguiu. — Alaska, por que não aprende a cozinhar com Sammy? Seria bom pra variar.

— Obrigada por gostar tanto da minha comida, mãe. E nem tente roubar o meu amigo. — A advertiu, erguendo o garfo no ar.

— Foi ele quem fez o almoço? — questionou o primo de Alaska. Sua primeira fala desde que chegou. Fiquei desconcertado com aquele olhar de águia.

— Foi. — respondeu Alaska, orgulhosa. — Gostoso, né?

— Muito gostoso.

Terminei de comer sem olhá-lo. O que ele queria? Me provocar? Nunca trocamos palavras nem nas festas de Natal e agora Nicholas resolveu me encarar do nada? E ainda sorriu? Algo de errado não estava certo. Depois da refeição, quando a irmã e o cunhado de Alaska foram lavar as louças, minha amiga me puxou para o quarto. Assistimos seriados o dia todo até a senhora Willson informar da viagem a fazenda dos velhinhos. Eles não eram meus avós de verdade, claro, mas faziam questão de que eu os tratasse como se fossem. O fato de eu e Al sermos apegados desde pequenos a ponto de ela sempre fazer a mãe convencer minha mãe a me levar com a família para a fazenda ajudava para o apego familiar de anos. Alaska praticamente me obrigou a ir em casa pegar algumas roupas. Mamãe estava na sala assistindo e comendo sorvete.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora