Capítulo 19 | Conversas e recordações

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[Sky]

"Sky Richard Fray: atleta e capitão dos Lobos de Skarye Fall, festeiro, popular, bonito, pegador..." Basicamente, me resumiam a isso. Em parte, era verdade.

Em minha humilde defesa eu nunca me considerei alguém ruim. Poderia ser machista como outros caras e humilhar qualquer um no colégio — minha posição permitia — contudo, nunca me pareceu atrativo ser mais um típico macho alfa. Não vi necessidade de ser babaca para provar minha masculinidade e tampouco quis. Tinha algo dentro de mim — além dos órgãos — chamado: sentimentos; esses bem escondidos e raramente compartilhados — o que levava boa parte dos meus conhecidos a me resumirem aos adjetivos acima. Nunca namorei sério e, sinceramente, gostaria. Embora fosse divertido e excitante experimentar diferentes gostos, me aquietar com alguém não soava terrível. A única vez que me apaixonei foi quando eu era menor, por uma garota aí que... Enfim. O treinador Mayne disse que eu tinha grandes chances de ganhar uma bolsa de estudos numa ótima faculdade por causa do futebol, isso sim me interessava. Em meus maiores sonhos eu me tornaria um famoso jogador, seria reconhecido nacionalmente e, com sorte, mundialmente, por meu talento em campo. Enquanto não chegava, me empenhei em ser o melhor de Skarye Fall.

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Depois de voltar da casa dos avós de Nicholas, me senti bem melhor. Passar o tempo lá ajudava a descansar e estar mais pronto que nunca para a vida na cidade. Na quarta, marquei meu encontro com Lauren por SMS durante os intervalos da aula. Tudo tinha que sair perfeito para que ela se impressionasse e me desse uma chance — outra, no caso.

— Sky? Onde você vai todo bonito assim? — mamãe me interceptou no pé da escada para ajeitar a gola da minha camiseta. — E está muito cheiroso também.

— Vou sair com uma garota. Acho que mencionei para a senhora outro dia. — A beijei na bochecha. — Não me espere acordada.

— Eu não te espero acordada a muito tempo, menino. Você não tem jeito mesmo. — Ouvi ela reclamar, indo de volta para a cozinha. Joguei mais um beijo e saí.

O carro dos irmãos Willson — um Toyota Prius prata que ganharam pouco depois de completarem dezessete anos e já terem carteira de motorista — estava estacionado do outro lado da rua. Esfreguei as mãos, entrei e liguei o som diretamente no CD do último disco do Maroon 5. Pedi primeiramente para a Santa Maria me abençoar, então esfreguei as mãos e me encarei pelo reflexo do retrovisor, ajeitando os cabelos como um galã do cinema. Meu reflexo sorriu.

— Vai que é sua. — Nada sairia dos meus planos.

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Minutos depois parei em frente ao portão dos Lodge. Lauren apareceu — lindíssima, como sempre, no vestido de uma alça só amarelo e cabelos arrumados num coque bem-feito. Fiz questão de sair e abrir a porta para ela entrar.

— Que cavalheiro, senhoras e senhores. — Ela disse.

Dei a volta.

— Está tão linda quanto uma rosa. — Elogiei, a beijando na bochecha.

Lauren riu.

— Seu sotaque francês falso é a melhor coisa que ouvi hoje.

— Ah, achei que eu tinha mandado bem. Não tirei nem uma nota cinco? — arrisquei.

— Hm, talvez um três e meio. Por aí.

— Isso é melhor que nada. — Eu liguei o carro de novo. Lauren relaxou no banco. — Espero que esteja com fome.

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora