[AVISO: este capítulo pode conter gatilho. Caso não se sinta bem, interrompa a leitura ou pule para o seguinte].
[Sammy]
Aos pouquinhos, a catástrofe da minha vida voltou ao normal e as coisas ficaram mais fáceis. Diferente de outras cidades pequenas, Skarye Fall era um lugar muito receptivo. Nem na escola me zoaram tanto assim por ser gay — se bem que parte desse benefício vinha pelo meu namorado e irmão.
Por falar nisso, eu não me acostumei direito com a ideia de ter um namorado... E menos ainda com ele sendo Nicholas Willson. Ele se aproximou de mim quanto eu menos esperava e construiu morada em parte do meu coração aos pouquinhos, de um jeito silencioso. Seu pedido de namoro me deixou feliz, porque sim, eu já o amava. De volta na festa, depois daquela coisa — maravilhosa por sinal — que ele fez no labirinto, eu não consegui parar de sorrir. Foi a melhor noite da minha vida. Nicholas dançou comigo, bebeu — refrigerante —, me abraçou e beijou na frente de todos os seus amigos. Ainda me senti estranho, e feliz. Como Sky não voltou, ele pediu carona a um amigo na hora de irmos para nossas respectivas casas. Nos despedimos com um selinho, e antes de eu me deitar, troquei mensagens de texto com ele.
Só não poderia ser mais perfeito porque, enquanto eu me trancava na bolhinha de felicidade amorosa, minha amiga passava por mal bocados. Nem acreditei ao ouvir os relatos dela da noite anterior, na manhã seguinte. Eu deveria ter estado lá para ajudar, não Sky. Fiquei grato por ele ter feito o que fez. Mais tarde, descendo do carro no estacionamento do colégio, me despedi dele e ressaltei a importância de seus atos. A seguir foi a vez de eu ir até Nicholas. Cumprimentei a família dele gentilmente e, pasme, Nathaly retribuiu.
— Papai, mamãe e irmã chata, será que podem me deixar um minutinho a sós com meu namorado? — Nicholas adiantou. Os três confirmaram e chegaram mais para longe. Sozinhos, o olhei. — Desculpe não ter te avisado da viagem. É que foi tudo tão de repente que eu quase não consegui arrumar minhas coisas a tempo.
Movi o rosto.
— Eu entendo. Fiquei sabendo por Sky.
— Você está chateado comigo? — Nick me puxou pela cintura para perto. Não estava tentando me seduzir, apenas ficar próximo.
Neguei. Era impossível ficar com raiva dele por muito tempo, principalmente por um motivo tão bobo.
— Não estaria nem se quisesse.
Nick me beijou na boca. Foi rápido, mas o bastante para me deixar corado e querendo olhar para saber se alguém viu. Travis segurou meu queixo.
— Sabia que você é o melhor namorado que existe?
Fiz uma careta.
— Não seja exagerado.
Ele me roubou outro beijo.
— Vou sentir taaanto sua falta. Por Deus...
— É só uma semana, Nick. — Seria de família o drama? — Maaas eu também vou sentir saudade.
— Eu sei que vai.
— Não seja convencido. — Nick mostrou os dentes bonitos. O treinador apitou para que os jogadores subissem no ônibus. — Parece que você já tem que ir...
— É, parece que sim... — ele suspirou.
Quando tentou me beijar, desviei.
— Quem sabe quando você ganhar o jogo eu te dê um beijo de prêmio. — Provoquei-o.
Ele levantou as duas sobrancelhas.
— Não tá falando sério, tá? Você não vai me dar nem um beijinho de despedida?
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Quase Clichês
Ficção Adolescente[Concluída]. Imagine que estamos quase no final dos anos dois mil, onde a moda ainda é brega e ao mesmo tempo maravilhosa. Garotas abusam de um estilo ousado e meninos passeiam com o moletom do time de futebol do colégio; as séries mais icônicas...