Capítulo OO | Céu estrelado

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[Narrador]

A cobertura de telhas shingle sustentou fielmente os pequenos pesos dos adolescentes que descansavam em seu meio. Deitados, cansados, de orbes voltadas para o imenso pontilhado cintilante de estrelas iluminando o breu noturno acima de seus rostos abatidos.

— Você acha que no céu é bom? Que as coisas são... melhores...? — Sammy perguntou de repente, quebrando o silêncio instaurado a minutos. — Acha que lá tem... paz? Que não existe dor...?

Ele se sentia burro. Um estúpido idiota. Talvez se não tivesse se apaixonado pela pessoa mais babaca de toda a cidade não tivesse um coração partido latejando tanto dentro do peito. Talvez se tivesse se afastado na hora certa não passasse tal sofrimento. Talvez se tivesse usado um pouco mais de esperteza agora não se sentisse tão... vazio.

— Não sei... — Alaska engoliu em seco, ainda encarando as estrelas. Viu uma piscar. Um sinal? A luz que carecia. A luz no final do túnel escuro e deprimente que nunca tinha fim. Tudo era tão confuso, sombrio e doloroso depois dos últimos acontecimentos que o ar as vezes mal chegava aos pulmões — Queria passar um tempo lá para saber. — Sussurrou, recostando a testa no ombro do melhor amigo. Pressupunha que talvez, só talvez, se passasse pelo menos sessenta segundos no céu, esbarraria na paz que tanto necessitava. E vejamos a ironia; o motivo de sua tristeza tinha o mesmo nome de para onde tanto desejava ir. 

Quase ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora