[Nicholas]
Desde pequeno minha personalidade extrovertida ofertou facilidade em criar amizades. Meu primeiro e melhor amigo era Sky Fray. Nos conhecíamos desde tempos da creche.
Dali em diante Sky começou a frequentar os aniversários infantis dos Willson — nesse caso os meus com Nathaly, Alaska e às vezes Allison — e também começamos a frequentar os dele e de Sammy. Posteriormente passamos a ir à casa um do outro para brincar. Nunca mais nos desgrudamos. Minha gêmea, Nathaly, podia ser considerada uma das pessoas que — mesmo não parecendo — eu mais amava no mundo. Inclusive quase acertei Sky no rosto quando ele me contou que estavam saindo e o fiz prometer que não a machucaria — apesar de Nathaly não se apegar facilmente às pessoas. Ela nem sempre foi superficial e maldosa. Quando pequenos, sempre foi legal e apegada a Alaska — por mais louco que pudesse parecer. Muitas vezes brincávamos os cinco — eu, Sky, Sammy, Alaska e Nathaly — por horas e horas na fazenda de nossos avós. Com o tempo, a inocência se foi e com ela novos interesses vieram, trazendo o inevitável: caminhos diferentes. Eu, Nathaly e Sky nos tornamos populares e adorados; Sammy e Alaska recuaram para as sombras da impopularidade.
Em minha opinião, Sky se tornar um dos melhores jogadores do time logo no primeiro ano do ensino médio contribuiu e muito para consagrá-lo como o número um entre os alunos. E não achei ruim estar um segundo, sempre fui muito tranquilo com essa coisa toda. E havia algo que me diferenciava dos rapazes do topo do colégio: a sexualidade. Percebi que os garotos podiam ser atraentes ao ver alguns colegas sem roupa no vestiário aos quatorze anos e achar uma ou outra nádega bem... atraente. Poderia não ser nada, e justamente por isso esperei alguns meses para ter certeza. Beijei Terry Lenninson... e estranhamente foi quase tão bom quanto beijar uma garota. No verão daquele ano me sentei de frente para meus na sala de casa e, sem rodeios, fui ao ponto por meio das exatas palavras:
— Papai, mamãe. Eu gosto de meninas... e de meninos também. E sim, tenho certeza. Não é uma fase nem nada assim.
Eles demoraram um tempo para assimilarem as coisas — mais que pensei. Papai pigarreou primeiro.
— Isso quer dizer que você gosta de meninos? Você é gay?
— Isso quer dizer que ele gosta de meninos e de meninas, Stanley. Dos dois. Acho que se chama bissexualidade ou alguma coisa assim. Vi uma matéria naquele programa de fofocas. — Mamãe o corrigiu. — Hã... Nicholas, pode nos dar um momento? — solicitou ela. Ela puxou meu pai pela mão para a cozinha e eles cochicharam por mais de dez minutos antes de retornarem para a sala. Não estavam bravos. — Filho, nós conversamos e... se você tem certeza do que gosta, vamos te apoiar.
— Isso mesmo. Isso mesmo. — Meu pai coçou a testa, desconcertado. — É o melhor que podemos fazer segundo o que a doutora Sadwick recomendou. — A doutora Sadwick essa era psicóloga que auxiliava meus pais quando eles não sabiam o que fazer comigo ou Nathaly. — Caso mude de ideia, ainda estaremos aqui por você.
E eles me abraçaram. Inicialmente foi estranho, depois de uns dias se acostumaram com a ideia. Confortável o bastante, foi a vez de contar para Sky. Ele recebeu a notícia bem. Me deu tapinhas nas costas e disse que era maneiro, porque nunca me faltaria opção de quem beijar nas festas. Falei para uns amigos, que contaram para outros e outros. Ouvi cochichos vez ou outra nos corredores, mas o que poderiam fazer? Eu e Sky já éramos os maiorais mesmo no ensino fundamental. Meus colegas foram obrigados a engolirem — ainda mais que meu melhor amigo incentivou outros caras a fazerem o mesmo. Um mês a seguir e o assunto morreu. Entretanto, não fiquei com muitos garotos. Raramente algum me chamava atenção. Devo ter saído com três durante o ensino médio inteiro e provável que não durou mais de uma vez... até um certo menino de nariz arrebitado aparecer no meu caminho — e o mais estranho? Ele sempre esteve por perto.

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Quase Clichês
Teen Fiction[Concluída]. Imagine que estamos quase no final dos anos dois mil, onde a moda ainda é brega e ao mesmo tempo maravilhosa. Garotas abusam de um estilo ousado e meninos passeiam com o moletom do time de futebol do colégio; as séries mais icônicas...